Empresa doa a 300 mil famílias alimentos 'feios' que seriam desperdiçados
Ao longo da pandemia de covid-19 as doações de alimentos e itens de primeira necessidade a projetos sociais que ajudam pessoas em situação de vulnerabilidade caíram e deixaram ainda mais difícil um cenário em que a fome já atinge 33 milhões de pessoas no Brasil.
Do outro lado da cadeia, alimentos fora dos padrões ou próximos da data de vencimento e produtos que poderiam ser aproveitados, mas que nem sempre são vendidos, acabam sendo descartados e desperdiçados em redes de supermercados.
Foi pensando em uma solução para essa equação que a rede Assaí Atacadista criou, em 2021, o 'Programa Destino Certo', que separa alimentos sem valor comercial, mas em bom estado, e, com a ajuda da empresa Connecting Food, rastreia organizações que precisam de doações e que atendem comunidades em vulnerabilidade social no Brasil.
"Este ano o programa está sendo ampliado e tem o objetivo de superar 2 mil toneladas em doações de frutas, legumes e verduras, o que será suficiente para beneficiar cerca de 200 organizações que atendem 300 mil famílias brasileiras", diz Sandra Vicari, diretora de gestão de gente e sustentabilidade do Assaí Atacadista.
A expectativa de aumento das doações é de 65% em relação ao ano passado, em que o grupo doou 1,2 mil toneladas e contribuirá com mais de 4 milhões de pratos de comida, de acordo com estimativas da rede.
Atualmente, 221 lojas que estão espalhadas em 23 estados do Brasil e no Distrito Federal participam do programa. "A participação é de acordo com a quantidade disponível em relação à operação de cada unidade", explica Sandra.
Vegetais feios, mas nutritivos
Legumes com pequenos machucados, com formatos fora dos padrões, mas que estão próprios para o consumo não são comprados pelos consumidores, empacam nas gôndolas dos mercados e acabam desperdiçados.
Para Sandra Vicari, trata-se apenas de uma questão 'estética', e olhar para isso é uma forma de ajudar no combate à fome e ao mesmo tempo evitar o desperdício de alimentos na sua rede de lojas.
"São direcionados para doação as frutas, legumes e verduras que foram rejeitados esteticamente na hora da venda, mas que permanecem completamente aptos para o consumo", explica a diretora.
Ela diz que a parceria com a Connecting Food, uma foodtech de impacto social voltada para a gestão de doação de alimentos excedentes, consegue rastrear organizações que precisam de ajuda, mas que nem sempre têm a visibilidade necessária para angariar essas doações.
"Por meio desta parceria fazemos com que estas doações cheguem em comunidades em situação de vulnerabilidade social. Desse modo, atendemos organizações muito pequenas que costumam ter dificuldade para captar doações recorrentes", explica.
Parceria identifica quem precisa
Além disso, o cuidado para que o desperdício não ocorra é tomado em todas as pontas do processo, e a Connecting Food analisa a capacidade de atendimento e atividades das organizações beneficiadas.
"Nosso processo inclui a identificação de organizações da sociedade civil que ofereçam refeições ou distribuição de alimentos. Conectamos os excedentes de alimentos de acordo com a capacidade de recepção das organizações e seu potencial impacto", explica Alcione Silva, CEO e fundadora da Connecting Food.
Ela diz que as doações da rede Assaí são majoritariamente frutas, legumes e verduras e ajudam a compor um quadro nutricional importante na mesa das famílias beneficiadas, que muitas vezes só os tem na mesa quando os recebem por meio de doações.
"Com os preços dos alimentos em alta, muitas famílias acabam priorizando outros tipos de alimentos, o que compromete a complementação nutricional de suas dietas", diz.
A rede Assaí Atacadista tem meta de incluir até 300 lojas no programa até o fim de 2023 e aumentar o volume de doações anualmente e gradativamente.
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