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Amigos reformam bikes abandonadas em prédios e doam a projetos sociais

Somente em 2021, o projeto Bike Parada Não Rola coletou quase 500 bicicletas em condomínios residenciais nas cidades de São Paulo, Macaé e Rio de Janeiro. - Divulgação
Somente em 2021, o projeto Bike Parada Não Rola coletou quase 500 bicicletas em condomínios residenciais nas cidades de São Paulo, Macaé e Rio de Janeiro. Imagem: Divulgação

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, do Recife (PE)

26/09/2022 06h00

O alto número de bicicletas abandonadas em grandes cidades brasileiras levou um grupo de amigos de São Paulo a se mobilizar em prol de crianças e jovens. Em meio a diversas ações promovidas pelo Instituto Aromeiazero, uma tem ganhado destaque: o projeto Bike Parada Não Rola, que promove uma articulação entre síndicos e síndicas de condomínios residenciais para identificar e recolher bicicletas abandonadas nos prédios de São Paulo, Rio de Janeiro e Macaé.

Com o objetivo de reformar esses equipamentos para uso em seus projetos sociais, somente no ano passado, a campanha coletou quase 500 bicicletas em condomínios residenciais nas três cidades brasileiras e pretende dobrar essa meta até o fim deste ano.

A Ecoa, Murilo Casagrande, diretor e um dos idealizadores do Instituto Aromeiazero, contou que o projeto surgiu em 2011 por meio de quatro amigos. À época, o grupo pensava em montar um trabalho que gerasse impacto social. Todos, separadamente, já tinham experiência com bicicletas e com o terceiro setor.

"A possibilidade de a bicicleta resolver um monte de problemas de diferentes maneiras com diferentes públicos foi algo que nos chamou a atenção. E a gente percebeu isso na primeira ação. Eu havia voltado a morar em um condomínio e estava rolando um aviso no elevador para que as bicicletas fossem identificadas para serem descartadas. Eu consegui conversar com o zelador para que essas bicicletas fossem doadas para a Casa do Zezinho e a gente fez o Pedala Zezinho, que foi nossa primeira ação", lembra.

O Instituto Aromeizero pensa nos projetos para trabalhar com uma grande gama de idades. Além do Bike Parada não Rola, ainda realiza o Viver de Bike, Avança na Mecânica e Rodinha Zero. - Divulgação - Divulgação
O Instituto Aromeizero pensa nos projetos para trabalhar com uma grande gama de idades. Além do Bike Parada não Rola, ainda realiza o Viver de Bike, Avança na Mecânica e Rodinha Zero.
Imagem: Divulgação

Murilo explica que a arrecadação funciona em forma de mobilização. No site do Bike Parada Não Rola, há um material explicativo sobre a campanha, mas os condomínios utilizam as cartas do síndico nos elevadores e, além disso, há a produção de cards que são enviados por WhatsApp. Nessas comunicações, o grupo avisa aos moradores que há bikes abandonadas nos condomínios e que as não identificadas serão levadas para doação. Após a retirada, o projeto envia um recibo de doação.

Uma bike parada, uma oportunidade a menos

"A gente realiza a adoção das bicicletas, há cursos em que as pessoas aprendem mecânica e ganham a bicicleta no fim, e tem também as bikes doadas a escolas e ONGs para serem usadas de forma coletiva. Uma bicicleta que está parada hoje pode ajudar uma criança a pedalar ou uma pessoa a trabalhar amanhã", ressalta.

O Instituto Aromeiazero pensa nos projetos para trabalhar com uma grande gama de idades. Além do Bike Parada Não Rola, ainda promove o Viver de Bike, Avança na Mecânica e Rodinha Zero.

"Ajudamos a trazer para o Brasil o Pedalando Sem Idade (iniciativa global que promove a mobilidade). Atualmente, nosso projeto tem foco nas crianças, jovens e o público em geral. A bicicleta tem esse poder de fazer o bem em cada etapa na nossa vida", destaca Murilo.

Aliança entre a ONG e os condomínios

Um dos condomínios parceiros é o edifício Residencial Estoril, em São Paulo. Simone Bifulco Martinez, síndica profissional, conta que estava à procura de uma ONG que aceitasse bikes destruídas e abandonadas por antigos moradores. A intenção é que aqueles equipamentos não fossem desperdiçados, uma vez que poderiam ser usados para outros fins.

"Acredito que seja triste deixar abandonado algo que seja útil às outras pessoas. Lendo sobre a ligação entre o Instituto Aromeiazero e a Síndiconet, fiquei muito feliz, gostei muito do que li. Reformar bikes dando vidas a elas e fazer vidas felizes dando chance às crianças ou mesmo a outras pessoas, ter a chance de aprender a andar de bike ou mesmo uma profissão é gratificante", disse.

"Ajudamos a trazer para o Brasil o pedalando sem idade. Atualmente, nosso projeto tem foco nas crianças, jovens e o público em geral", diz o diretor Murilo Casagrande. - Divulgação - Divulgação
"Ajudamos a trazer para o Brasil o 'Pedalando Sem Idade'. Atualmente, nosso projeto tem foco nas crianças, jovens e o público em geral", diz o diretor Murilo Casagrande.
Imagem: Divulgação

Simone lembra que o encontro com o projeto aconteceu em 2021, quando realizou uma assembleia junto aos moradores, buscando implantar a coleta no condomínio — o que acabou virando realidade com as futuras doações.

"Eu como síndica e os condôminos entendemos a necessidade dessa parceria e espero de coração que as nove bikes que cedemos tenham ajudado", continuou.

A síndica ressalta que todos no edifício ficaram felizes com o destino das bicicletas. Houve gente querendo saber mais sobre o projeto, buscando contato e, também, repassando para familiares e amigos — todo um empenho para que mais doações sejam possíveis.

"Todos que fazem parte estão de parabéns. Ficamos felizes em saber que muitos que infelizmente não têm o privilégio de ter uma bike ou um patinete terão essa oportunidade", finaliza Simone.