3 vezes mais potente: combustível 'verde' vira promessa de presidenciáveis
Hidrogênio verde. O termo soa a uma aula de ciências, mas é simples entendê-lo. Imagine um combustível convencional, como a gasolina, mas três vezes mais potente e menos poluente. Em vez de gás carbônico, o hidrogênio verde lança vapor d'água na atmosfera. Especialistas o chamam de "o combustível do futuro" e o Brasil tem tudo para se tornar líder mundial na produção.
Os políticos já estão de olho. Entre os quatros candidatos à presidência melhor colocados nas pesquisas, três propõem investimento em hidrogênio verde: Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). A geração com hidrogênio verde, porém, ainda é cara e complexa.
O que é o hidrogênio?
O hidrogênio é um dos gases mais abundantes do universo. O gás é usado em muitas coisas: A indústria petrolífera usa hidrogênio para refinar petróleo; o agronegócio o utiliza para produzir fertilizantes; a indústria alimentícia usa para hidrogenar óleos vegetais, como a margarina; a Nasa usa hidrogênio em foguetes.
Apesar disso, ainda é complicado usá-lo em nosso dia a dia.
Por que a gente não usa hidrogênio para abastecer o carro?
O hidrogênio como combustível é mais caro do que a gasolina comum por ser difícil extraí-lo e separá-lo de outras moléculas. Por isso, é mais comum vê-lo em programas espaciais e militares com orçamento maior.
O que é o hidrogênio verde?
O hidrogênio convencional precisa de energia elétrica para se tornar um combustível. Para criá-lo, são usados carvão mineral, gás natural, combustíveis fósseis e biocombustíveis. Ou seja: fontes não sustentáveis.
O termo "hidrogênio verde" significa que o combustível usa energia limpa para ser feito. Ou seja: energia solar (fotovoltaica), eólica (dos ventos) e hidrelétricas (águas).
Com o clima e investimentos já feitos, o Brasil tem potencial para ser o maior produtor do mundo, defendem especialistas.
Como o combustível de hidrogênio é feito?
É feito por um equipamento chamado eletrolisador de água. Uma corrente de energia elétrica constante (chamada contínua) é acionada em um recipiente com água e dois eletrodos (negativo e positivo).
A corrente separa o hidrogênio (H2) e oxigênio (O2) da água (H2O). É uma reação química artificial, que também pode utilizar sais para ser feita. Para ser "verde", portanto, é preciso de uma fonte também "verde" que diminua o impacto ambiental e torne mais barato a produção em larga escala.
Assim, pode se tornar uma fonte de energia com emissão zero.
Quem pode se beneficiar?
Os grandes emissores, como a indústria e veículos de grande porte, como aviões e navios, poderão ser os primeiros beneficiados pelo hidrogênio verde. Mas também pode beneficiar casas e prédios.
O hidrogênio pode ajudar a criar eletricidade limpa?
Mais potente, o hidrogênio verde também resolveria um problema das energias limpas: as intermitências. É o caso da fotovoltaica, eólica e hidrelétrica.
Em determinada época, pode chover menos, ventar menos ou nuvens encobrirem o sol. Por isso, enquanto essas fontes ajudam a criar hidrogênio verde, o combustível armazenado supre a demanda quando eles faltarem. Assim, é feita a criação de um ciclo completo de energia limpa.
Quais outras dificuldades sobre o hidrogênio verde?
O hidrogênio se mistura rapidamente, mas é extremamente inflamável e é preciso ser manuseado com cuidado. Há uma dificuldade em transportá-lo. A reatividade do hidrogênio é capaz de fragilizar o aço, por exemplo, e causar rachaduras em uma tubulação. Se queimado, também libera óxido nitroso, um gás poluente que piora o efeito estufa. É preciso de um tanque reforçado para armazená-lo, uma tecnologia ainda pouco desenvolvida. Nestes casos, seria liberado água e ar quente na atmosfera em vez de poluição.
Como anda o hidrogênio verde no Brasil?
A Agência Internacional de Energia afirma que 99% do combustível de hidrogênio é produzido por fontes não renováveis no planeta. Só 0,1% é feito por meio de eletrólise. Mas o jogo pode virar.
Em julho, uma das maiores indústrias químicas da América Latina, à frente da produção de fertilizantes e amônia, investiu R$ 650 milhões para construir a primeira fábrica de hidrogênio verde no país, em Camaçari. O objetivo é ser a maior usina de hidrogênio verde no mundo.
Montadoras, como a Volvo, também anunciaram investimento no combustível, que tem caído nas graças de empresários e políticos temerosos com a urgência climática e possíveis restrições econômicas para grandes emissores.
Fontes: Francyne Elias-Piera, mestre em oceanografia biológica (USP) e doutora em ciência ambiental (Universitat Autònoma de Barcelona) e Ennio Peres da Silva, doutor em engenharia mecânica pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e coordenador e pesquisador do Laboratório de Hidrogênio da mesma instituição
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