'Já não queremos representatividade, mas proporcionalidade', diz Mana Bella

"Em um país onde 56% da população é preto e 54% é formada de mulheres, onde está a proporcionalidade dos festivais, das casas de cultura, da educação?", indaga a artista baiana Mana Bella. "Eu não quero ocupar os espaços que a branquitude e que a sociedade racista já têm e ser ferramenta de engrenagem para eles falarem 'no meu espaço existe representatividade'. Já passou esse tempo, eu quero proporcionalidade."

Neste episódio de Papo Preto, a cantora e compositora conversa com a apresentadora Stela Diogo sobre o lançamento de seu primeiro álbum, 'Denegrindo saberes', e fala sobre como os obstáculos para os artistas independentes no Brasil aumentam quando se trata de mulheres negras e periféricas.

Bella diz que por ser uma mulher preta, periférica e nordestina e cantar letras fortes que falam sobre militâncias e coisas que muita gente não quer ouvir, as portas dos festivais estão fechadas para ela. "Por isso me fiz produtora para para poder criar um ambiente onde eu pudesse cantar e outras mulheres pretas também" (a partir de 07:51 do arquivo acima).

Além disso, a cantora - que também se formou em pedagogia - dá aulas para adolescentes porque acredita que quanto mais cedo os jovens tiverem um entendimento da sociedade em que vivemos, mais chances terão de prosperar e fazer a diferença. "Espero que, na base, as crianças tenham a consciência que eu tenho hoje, com 31 anos, que já tenham com 15 ou 16, quanto mais cedo melhor" (a partir de 09:16 do arquivo acima).

Papo Preto é um podcast produzido pelo Alma Preta, uma agência de jornalismo com temáticas sociais, em parceria com o UOL Plural, um projeto colaborativo entre o UOL, coletivos e veículos independentes. Novos episódios vão ao ar todas as quartas-feiras.

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