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Quer estudar de graça em uma escola particular? Instituto te mostra como

Alunos em destaque na escola pública ganham oportunidade no ensino privado - Divulgação
Alunos em destaque na escola pública ganham oportunidade no ensino privado Imagem: Divulgação

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, do Recife (PE)

09/10/2022 06h00

Quando tinha 13 anos, a estudante Larah Dias recebeu uma carta. O ano era 2016 e ela tinha acabado de ganhar uma Olimpíada Brasileira de Matemática.

O texto a parabenizava pelo feito, reconhecendo o talento e esforço da adolescente, mas não "só": também oferecia uma oportunidade única à garota.

Era uma oferta para estudar em uma das melhores escolas particulares de Vitória, no Espírito Santo, e com tudo pago. Hoje, com 19 anos, ela conta que foi isso que mudou sua vida.

Larah vem de uma família de baixa renda, a mãe é auxiliar administrativo e o pai, trabalhador rural. Nenhum dos pais pôde fazer faculdade, e a jovem viu na oferta de bolsa integral uma escada para alcançar um sonho que sempre teve: o de ser médica.

"Também recebi bolsa em cursinhos de química e de biologia, durante meu ano de vestibular. Graças a esse incentivo, hoje estou cursando o segundo ano da graduação de medicina na Unicamp [Universidade Estadual de Campinas]. Serei a primeira médica da minha família", conta a Ecoa.

"Espero poder retribuir todo o apoio que eu tive, não só cuidando das pessoas através da minha profissão, mas apoiando financeiramente e voluntariamente projetos que ajudem outros jovens como eu a transformarem suas realidades também".

Larah Dias, estudante de medicina

Assim como a estudante Larah Dias, mais 226 jovens integram o projeto do Instituto Ponte - Divulgação - Divulgação
Assim como a estudante Larah Dias, mais 226 jovens integram o projeto do Instituto Ponte
Imagem: Divulgação

Oferecer essas oportunidades a jovens de baixa renda é o objetivo de um projeto do Espírito Santo, que está buscando alunos que se destacam na escola pública e presenteando com acesso ao ensino particular, curso de inglês e planejamento de melhoria de vida.

O trabalho do Instituto Ponte oferece ao jovem mecanismos para que ele consiga ter uma boa formação e para ter, posteriormente, estabilidade financeira.

Segundo a direção da entidade, atualmente 226 jovens integram o projeto, oriundos dos estados do Espírito Santo, São Paulo e Bahia.

A ideia surgiu quando a idealizadora e fundadora do Instituto Ponte, Bartira Almeida, buscou no setor social iniciativas que tivessem como foco a melhoria de vida de pessoas em situação de vulnerabilidade social.

A intenção era aprender com essas iniciativas e replicar os módulos no Espírito Santo. Para isso, ela visitou 42 organizações não governamentais pelo Brasil.

Alunos e alunas de escola pública são convidados a estudarem em escolas particulares com tudo pago - Divulgação - Divulgação
Alunos e alunas de escola pública são convidados a estudarem em escolas particulares com tudo pago
Imagem: Divulgação

A Ecoa, Bartira conta que visitava os projetos e via quais os resultados deles sobre os jovens que haviam passado por lá e como estavam outros jovens daquela mesma comunidade que não passaram pelos projetos.

"Conhecei duas ações de que gostei muito e que trabalham com educação, uma em Curitiba e outra em Fortaleza. Peguei essas duas metodologias e juntei o que achei de melhor em cada uma e resolvi abrir meu próprio projeto", diz.

O objetivo do Instituto Ponte é fazer a ascensão social em uma geração. O que isso significa? Pegar uma família de baixa renda e dar ao filho ou filha daquele núcleo a oportunidade de ter estudo, formação e emprego melhores e, consequentemente, uma vida mais bem estruturada financeiramente.

Os jovens escolhidos são aqueles que se destacam entre os demais alunos. É o estudante que tem boas notas, frequência escolar acima da média, que demonstra esforço e vontade de ter sua realidade de vida modificada.

Alunos e alunas do Instituto Ponte - Divulgação - Divulgação
Alunos e alunas do Instituto Ponte
Imagem: Divulgação

"Quando encontramos o jovem, ele ou ela passa a ter aula ou ser bolsista na escola particular. A gente também trabalha no contraturno da escola, em que fazemos a construção de seu projeto de vida. Falamos sobre profissão, todos eles passam a estudar inglês, a gente fala de projetos e outras realidades para eles. Também conversamos sobre autoestima, porque a realidade muitas vezes fala para eles que há coisas que não são para eles", lembra.

"Eu já tive aluno que falou que, para ele fazer uma universidade, tinha que se justificar na comunidade dele porque 'pobre tem que trabalhar. Estudar é para rico'
Bartira Almeida, idealizadora e fundadora do Instituto Ponte

O perfil do jovem do projeto, aponta a presidente do Instituto, é o aluno que está na escola pública, entre o 7º ano do ensino fundamental e o 2º ano do ensino médio.
Essas são as portas de entrada no projeto, que busca estudante cuja família tem no mínimo um salário-mínimo e meio de renda per capita.

"A gente gasta muito tempo procurando aquele jovem que tem a inteligência acima da média. Ele não é superdotado, só precisa ter uma boa inteligência. É aquele aluno que o professor diz: 'Esse é bom'. Aquele aluno que tem muita vontade de mudar a vida dele, que só está atrás de uma boa oportunidade", ressalta Bartira.

O Instituto Ponte também abre processos seletivos para alunos de escolas públicas que queiram as oportunidades de bolsas no ensino privado. Para saber mais, acesse o site da organização.