Conhece o mercado que gira US$ 30 trilhões deixando negócios mais 'limpos'?
Frase famosa do poeta inglês John Donne, a máxima "nenhum homem é uma ilha" vale também para empresas, especialmente aquelas que querem colocar em prática estratégias de ESG (do inglês Environmental, Social and Governance). Isso porque implementar uma agenda de governança bem estruturada, alinhada a aspectos ambientais e sociais, é uma empreitada que, dificilmente, uma instituição faz sozinha.
"O ideal é existir uma combinação entre a participação da empresa e de parceiros que já têm uma visão de mercado, sabem o que dá certo. Quem está dentro do negócio, por sua vez, vai dimensionar os riscos de forma concreta", alerta Bernardo Vianna, professor convidado da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Rio).
Vianna observa que é preciso existir um equilíbrio nessa relação, para que não se tenha a contratação de serviços de "gaveta" junto a consultorias, startups ou organizações não-governamentais (ONGs) especializadas na área. Na hora de escolher, orienta o especialista, vale conferir se o prestador de serviço fez a lição de casa, ou seja, adota também ações para melhoria da governança na própria instituição.
Ao mesmo tempo, é recomendável não terceirizar toda a pauta de ESG, a fim de reduzir uma possível dependência em relação à organização contratada. "É importante que esses parceiros tenham a casa arrumada, que já tenham uma estrutura de governança, e que a empresa contratante tenha um nível de controle sobre as ações", destaca.
Responsável pela movimentação global de US$ 30 trilhões, o mercado de ESG oferece possibilidades de parceria e soluções dos mais diversos tipos. Veja, a seguir, exemplos de consultorias, startups e ONGs que atuam para que organizações brasileiras adotem práticas sustentáveis em sua agenda empresarial.
Educação corporativa
A Witseed foi fundada em 2017 com foco nas empresas que querem desenvolver e conectar seus colaboradores a habilidades e tendências do futuro por meio de uma educação inovadora. Para isso, a startup oferece uma plataforma de streaming com cursos com importantes executivos do mercado.
Os lançamentos são mensais e a produção e roteirização dos vídeos, segundo a empresa, atende à qualidade de cinema. São oferecidos cursos e treinamentos para implantação dos pilares ESG, passando por temas que vão desde a conceituação desse termo à segurança de dados e cultura organizacional.
O acesso aos cursos é garantido a partir de assinatura anual, como um streaming corporativo. Além dessas capacitações na plataforma, a Witseed oferece consultorias e aulas ao vivo, palestras e workshops de acordo com as necessidades do contratante. Uma equipe de sucesso do cliente também acompanha as demandas de desenvolvimento das empresas ao longo do período de contrato.
Tecnologia para tomada de decisão
Há 30 anos no mercado, a Codex atua no desenvolvimento de soluções de tecnologia e governança de dados para apoiar empresas de todos os setores na tomada de decisões. Um dos serviços ofertados é a plataforma Legaro, que oferece um diagnóstico sobre o grau de maturidade das empresas em relação às práticas ambientais, sociais e de governança corporativa.
A iniciativa traz informações e questionários sobre os pilares ESG a partir de três módulos de avaliação. "Nossa solução tem o intuito de entregar um conjunto de indicadores de sustentabilidade nacionais e internacionais, desenvolvido em parceria com a Confederação das Indústrias do Estado de Mato Grosso e a Fundação Dom Cabral", diz Venicios Santos, diretor de negócios da Codex.
Segundo ele, hoje profissionais que atuam em nível gerencial têm sido os maiores usuários da plataforma. A maioria das empresas atendidas vem dos setores da indústria, automóveis, serviços financeiros, comércio e serviços educacionais.
Rastreamento de resíduos
Acelerada pela Ambev, a startup Green Mining nasceu da parceria de três sócios desenvolvedores — Adriano Ferreira, Leandro Metropolo e Rodrigo Oliveira. Juntos, eles criaram um software de georreferenciamento para rastrear resíduos da construção civil em 2013. Cinco anos depois, eles transformaram o sistema em uma ferramenta capaz de rastrear a logística reversa de embalagens. Nascia, então, a Green Mining.
Para atender empresas interessadas em implementar ações de ESG, a startup desenvolveu um sistema inteligente de logística reversa, que utiliza tecnologia blockchain e identifica em tempo real cada etapa do processo, com data e local de coleta, volume e destinação de recicláveis.
"Nossa proposta é ofertar uma solução simples que cumpre um propósito e responsabilidade social, ambiental e econômica, colaborando com o meio ambiente e reduzindo a exploração de recursos naturais e emissões de gases de efeito estufa", comenta o presidente da startup, Rodrigo Oliveira.
Hoje, a maior parte dos clientes da Green Mining está envolvida em projetos contínuos, com renovações anuais.
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