Óleo velho é trocado por cesta básica no RJ; 57 mil pessoas foram ajudadas
Recolher o óleo de cozinha, realizar o descarte correto, zelar pelo meio ambiente e ainda ganhar alimentação por isso. É assim que um projeto de conscientização ambiental está educando e ajudando moradores da Rocinha, no Rio de Janeiro.
O Família na Mesa está trocando óleo de cozinha usado por cestas básicas. A intenção é evitar o descarte irregular nas pias, que culmina em poluição e morte de peixes. Mas graças ao projeto Família na Mesa, quase mil litros de óleo foram impedidos de chegar à natureza nos últimos três meses.
Marcelo Santos, idealizador da iniciativa, explica a Ecoa que a ideia surgiu quando ele percebeu que o descarte nas pias estava prejudicando a praia de São Conrado e a fauna marinha, com mortes de peixes e tartarugas.
Ele decidiu montar um trabalho que envolvesse muitas famílias e que estimulasse essas pessoas para ajudar na engrenagem. Desde o início do projeto, são mais de 30 mil cestas básicas doadas, o que impactou mais de 57 mil pessoas.
"Começou em 2021, e já recolhemos oito mil litros de óleo até agora. Para se ter ideia, um litro de óleo pode contaminar 25 mil litros de água, que nós mesmo bebemos, além de poluir nosso meio ambiente. O trabalho mostra que o descarte de forma correta nos beneficia, evitando poluir nosso meio ambiente e nossa comunidade", diz.
O recolhimento do óleo acontece em duas etapas. E o projeto faz trabalho de conscientização com palestras durante as entregas das cestas básicas.
"Primeiro, deixamos galões de 50 litros nos pontos de apoio, como academias, comércios e casas de moradores. São todos parceiros do Família na Mesa. Depois, passamos recolhendo o apurado. Também recolhermos na casa das famílias", explica.
"No início não foi fácil, mas depois com as palestras com as famílias, nas redes sociais, deu certo e a adesão foi incrível. Nossa praia ficou mais limpa. Então, hoje viramos referência na questão ambiental em nossa comunidade. Além da Rocinha, já tem no Vidigal, Canoas, Chácara do Céu, na zona sul, e em vários pontos da zona oeste", completa.
Após recolhido, o óleo é levado a uma empresa parceira. Segundo Marcelo, a cada 20 litros, o projeto recebe uma cesta básica. Essas cestas vão para um grupo de mães que o projeto ajuda com 100 a 150 cesta básica todo mês.
Essas famílias são formadas por pessoas em vulnerabilidade social, e são cadastradas no projeto.
"Eu como morador e cria da comunidade, me sinto muito feliz porque eu consigo ajudar saciar a fome dentro da minha comunidade, movimento a economia e ainda ajudo o meio ambiente, trazendo transformação na vida das famílias", diz Marcelo.
Bianca Martins de Souza é empregada doméstica e administradora de um projeto de judô que atua na Rocinha. Ela ficou sabendo do recolhimento do óleo e correu atrás de buscar informações sobre como proceder para participar.
"Fui atrás, conversei com Marcelinho e ficamos parceiros. Vi que tem uma sala com toda estrutura para receber o óleo e trocar por cesta básica. Comecei a deixar um galão de 20 litros aqui no nosso espaço. E vamos conscientizando os pais e falando para trazer, não jogar na pia", conta.
No projeto de judô, Bianca recebe alunos de 3 até 34 anos. São três turmas separadas por idade. Antes de recolher óleo cozinha, os lutadores faziam coleta de tampinhas. Bianca acredita que com disciplina e consciência, é possível mudar hábitos nocivos à natureza.
"Às vezes por falta de instruções, descartamos as coisas de forma inadequada. Acredito que passando as informações, principalmente para nossas crianças, muitas coisas podem mudar para nossos netos e bisnetos."
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