Escola transforma restos de comida em gás e reaproveita 2 mil Kg de lixo
A Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Alfredo Scherer, localizada no município de Venâncio Aires, a 160 km de Porto Alegre (RS) se tornou modelo para outras instituições de ensino no Brasil quando o assunto é sustentabilidade.
Isso porque que há mais de um ano, funcionários do colégio coletam as sobras da merenda dos alunos e colocam em um biodigestor, um equipamento utilizado para o tratamento de efluentes residenciais. O dispositivo acelera o processo de decomposição da matéria orgânica por meio da ausência de oxigênio e tem a função de transformar os restos de alimentos em gás de cozinha e biofertilizante. A estrutura do equipamento pode ser usada, ainda, para tratar o esgoto em escolas que não possuem saneamento básico.
O gás é usado nas dependências do colégio para esquentar as refeições dos alunos e funcionários, diminuindo, assim, os gastos com a compra de outros botijões GLP. Já o chorume, também conhecido por líquido percolado, oriundo da decomposição do lixo orgânico, permite a fabricação de um excelente adubo natural que serve como fertilizante para plantas e hortas.
2 mil kg de lixo
Segundo a diretora da escola, que tem 240 alunos, Ionara Bencke, todos os resíduos orgânicos que sobram não vão mais para o aterro sanitário da cidade. "Deixamos de depositar cerca de 2 mil kg de resíduos orgânicos em um ano e meio e reaproveitamos aqui mesmo'', disse orgulhosa.
Ionara ressaltou ainda que a sustentabilidade, antes trabalhada somente na teoria durante as aulas, agora é praticada na escola com os alunos vivenciando a experiência. "O chorume é distribuído para a comunidade local, que vem diretamente à escola com um recipiente para buscar o produto e derramar em sua horta para adubar a terra", contou.
Mais 11 escolas do município aderiram ao projeto e a previsão, conforme Ionara, é que mais 10 instituições de ensino, até o final do ano, sejam contempladas pelo Governo Federal com recursos para comprar os equipamentos.
A proposta da escola Alfredo Scherer despertou a atenção do Ministério do Meio Ambiente, que lançou recentemente, em 14 de setembro, o programa Escolas+Verdes. A iniciativa tem como objetivo promover a sustentabilidade nas escolas brasileiras e promover ações de cidadania e educação ambiental. O investimento inicial previsto é de R$ 300 milhões. A compra e implantação dos biodigestores nas escolas públicas será financiada pelo Ministério do Meio Ambiente.
Como surgiu a ideia
Ionara Bencke explica que a proposta de sustentabilidade começou há três anos quando a prefeitura recebeu recursos do Governo Federal por meio de um edital de gestão de resíduos sólidos urbanos, do Ministério do Meio Ambiente.
Já em 2021, o executivo municipal participou de uma convocatória para apresentar propostas e objetivos que propunham a melhoria da gestão dos resíduos sólidos na cidade de Venâncio Aires. O documento foi avaliado em um processo onde participaram 1,1 mil municípios ou consórcios de todo o país. No total, 21 projetos foram classificados e contemplados com os benefícios financeiros, entre eles o 'Biodigestores nas Escolas'.
Selo Escola +Verde
Até o final do ano, a Escola Escola Alfredo Scherer deve receber o selo Escola +Verde. A certificação é um reconhecimento do Ministério do Meio Ambiente e um diferencial para incentivar a educação ambiental dentro e fora de sala de aula.
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