Quem é a brasileira considerada uma das 100 mulheres inspiradoras do ano?
Com o celular nas mãos a jornalista e ativista Alice Pataxó transformou as redes sociais em uma das suas principais ferramentas de luta e conscientização sobre seu povo. Com 174 mil seguidores só no Instagram, foi pelas redes que ela denunciou uma reintegração de posse durante a pandemia na aldeia Novos Guerreiros, localizada entre os municípios de Porto Seguro e Santa Cruz (BA). As reintegrações estavam suspensas no período.
A luta nas redes trouxe resultados: outro tribunal federal suspendeu a reintegração de posse. "Acho que sensibilizamos as pessoas e seria pior se gente tivesse ficado calado, aqui no extremo sul da Bahia", disse em reportagem para Ecoa.
Além do direito dos povos indígenas, sua luta envolve a justiça climática e a equidade de gênero - a dedicação com as causas lhe rendeu espaço na lista BBC 100 Women 2022, que reúne os nomes das 100 mulheres mais inspiradoras do ano. Alice divide espaço com nomes como a cantora Billie Eilish, e outras duas brasileiras: a senadora Simone Tebet (MDB) e a deputada federal Erika Hilton (PSOL), primeira mulher trans negra eleita para o Congresso nacional.
Este ano, pela primeira vez a organização pediu indicação de nomes a mulheres selecionadas em edições anteriores, e Alice foi indicada pela ativista paquistanesa Malala Yousafzai.
"Tenho tanto orgulho em indicar a Alice Pataxó para o BBC 100 Women deste ano. O compromisso inabalável da Alice na luta que envolve mudanças climáticas, equidade de gênero e direitos indígenas me dá esperança de que um mundo mais igualitário e sustentável está ao nosso alcance.", escreveu Malala Yousafzai em mensagem publicada na lista.
Preservando tradições com a tecnologia
Se hoje Alice Pataxó é um nome importante para denunciar assassinato de ativistas ambientas e luta contra ameaças ao território do povo Pataxó - antes, teve de vencer um certo preconceito com a chegada da tecnologia, mas que foi superado pelos resultados de sua atuação na internet.
"Cresci ouvindo de minha mãe que meus antepassados usavam borduna [arma indígena] para serem ouvidos e mostrarem que estavam lutando. Com o tempo, usamos a caneta. Hoje estamos descolonizando as telas do computador e falando com o mundo inteiro do celular. A gente mostra que nos adaptamos e não esquecemos de quem somos, não importa se usamos um celular, computador ou se moramos na cidade. Isso não nos torna menos indígenas", disse em reportagem em Ecoa.
Alice Pataxó também esteve na 26º edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), que aconteceu em 2021 na Escócia.
"Quero agradecer por essa oportunidade única e pelo carinho de vocês com nossa luta, nossas conquistas que estão nos pequenos passos de ser quem somos, de levar nosso território através do nosso corpo para o mundo", agradeceu Alice Pataxó em publicação no Twitter.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.