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Pelé nunca mais estará em campo, mas deixa ciência para as criancinhas

Pelé em 1969 - Pictorial Parade
Pelé em 1969 Imagem: Pictorial Parade

Giacomo Vicenzo

De Ecoa, em São Paulo (SP)

29/12/2022 16h04

Foi em 1969 que Pelé (Edson Arantes do Nascimento) carimbava o fundo da rede marcando o milésimo gol de sua carreira em uma cobrança de pênalti no Maracanã lotado.

Encarando o aglomerado de repórteres que buscavam uma declaração emocionada do feito, dedicou o gol para as criancinhas - "Vamos proteger as criancinhas necessitadas", disse na ocasião.

Taxado de demagogo, mais tarde, explicou em sua autobiografia "Pelé: Minha Vida em Imagens" (2009), que reivindicou atenção à educação de crianças, pois há alguns dias havia presenciado crianças tentando furtar um carro no Rio de Janeiro, e os repreendeu, mas refletiu sobre o acontecimento.

"Hoje, quando você anda pelo Brasil e vê os problemas que temos, com gente morando nas ruas e gangues em ação, elas também já foram crianças", declarou Pelé sua autobiografia.

Pesquisa científica em prol das criancinhas

Mas o seu envolvimento com crianças não parou na mera dedicação do milésimo gol, em 2005, o rei do futebol, apadrinhou e emprestou seu nome e imagem para apadrinhar o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe - que tem como foco a pesquisa de doenças complexas da infância para prevenção, diagnóstico precoce e tratamentos mais assertivos.

Pelé, em 1967, ao lado de sua esposa Rosemeri dos Reis Cholbi, segura sua filha recém nascida Kelly Cristina, em Santos (SP) - Folhapress - Folhapress
Pelé, em 1967, ao lado de sua esposa Rosemeri dos Reis Cholbi, segura sua filha recém nascida Kelly Cristina, em Santos (SP)
Imagem: Folhapress

O instituto pesquisa mais de sete áreas, entre elas a neurociências, e doenças complexas e oncogenéticas (que investiga síndromes de predisposição ao câncer).

Na medicina, a instituição também marcou golaços, e driblou a 'dificultosa zaga' que é fazer ciência no Brasil, contando com mais de uma centena de publicações - como na renomada revista científica Science.

Em 2013, a instituição foi uma das vencedoras da 8. edição do Prêmio Abril de Saúde na Categoria Saúde da Criança - por ter conduzido uma pesquisa inédita que ajuda a rastrear e detectar o tumor de córtex adrenal, uma doença rara, que mostrou poder ser detectada usando uma gota de sangue do já conhecido teste do pezinho, que é capaz de apontar uma mutação genética que está ligada ao possível desenvolvimento do câncer em crianças.

O instituto faz parte do Complexo Pequeno Príncipe, uma instituição privada sem fins lucrativos, que conta também com o Hospital Pequeno Príncipe (maior hospital pediátrico do Brasil) e as Faculdades Pequeno Príncipe - especializada em saúde.

Pelé nunca mais estará em campo balançando redes que fizeram adultos e crianças vibrarem, mas o seu legado e desejo de 'proteção às criancinhas' seguirá firme com seu nome e marcando pontos na ciência.

Como ajudar?

O instituto aceita doações de pessoas físicas e jurídicas, que podem ser feitas por meio do seu site oficial.