Sonia Guajajara: Nova ministra é uma das pessoas mais influentes do mundo
Sonia Guajajara será a ministra do novo Ministério Indígena - ou Ministério dos Povos Originários - criado pelo presidente eleito Lula (PT).
Mas quem é ela? Qual a importância dessa pasta para o Brasil?
Quem é Sonia Guajajara?
Sonia Guajajara é do povo Guajajara/Tenetehara, habitantes da Terra Indígena Araribóia, no Maranhão. Nascida em 1974, formou-se em enfermagem e letras pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e fez pós-graduação em educação especial.
Nas eleições de 2018, foi candidata a vice-presidente de Guilherme Boulos (PSOL), deputado federal eleito em 2022 e líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).
Nas eleições de 2022, foi eleita deputada federal por São Paulo com 156 mil votos. É a primeira indígena eleita pelo estado para a Câmara dos Deputados.
Tornou-se liderança indígena. Filha de pais analfabetos, Sonia saiu de casa aos 15 anos para estudar em Minas Gerais. Em 2013, tornou-se a liderança da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), uma das instituições indígenas mais importantes do país. Pelo trabalho, foi eleita uma das pessoas mais influentes do mundo pela renomada revista norte-americana Time, em 2022.
Como Sonia Guajajara foi escolhida?
Durante o governo de transição, lideranças indígenas sugeriram três indicados ao presidente. É chamada de lista tríplice. Foram elas:
- Sonia Guajajara (deputada federal eleita por São Paulo)
- Joênia Wapichana (deputada federal por Roraima)
- Weibe Tapeba (vereador em Caucaia, Ceará)
Nos bastidores, acreditava-se que Sonia era a favorita devido ao reconhecimento internacional em conferências como a COP, conferência climática promovida pela ONU.
Qual a importância do Ministério dos Povos Indígenas?
O Ministério dos Povos Indígenas, ou Ministério dos Povos Originários, deve abrigar a Funai.
A Fundação Nacional do Índio é uma instituição do estado criada em 1967 para dar auxílio médico, proteção, fiscalização e estudo de uma das maiores populações indígenas do planeta.
E o que os povos indígenas têm a ver com o futuro do planeta?
As Terras Indígenas (TIs) foram um cinturão contra o desmatamento em todo o país, e em especial na Amazônia.
Estudos norte-americanos e brasileiros apontam que as terras reconhecidas reduziram em 75% o desmatamento em suas regiões entre as décadas de 1980 e 2010.
Além disso, mantêm os rios vivos e produzem alimento de forma sustentável.
Como foi a Funai com Bolsonaro?
Sob Bolsonaro, conselhos ligados à fundação foram fechados, o presidente do órgão, Marcelo Xavier, foi investigado pela Polícia Federal por proteger servidores corruptos que invadiam terras indígenas e servidores experientes passaram a ter medo de dar entrevistas.
Em 2019, a indígena Ysani Kalapalo, da Terra Indígena do Xingu, foi levada à ONU por Bolsonaro, onde fez críticas a lideranças históricas indígenas do Brasil, como o cacique Raoni.
A Terra Indígena Yanomami, em Roraima, sofreu uma das maiores crises de sua história com a invasão de 10 mil garimpeiros ilegais, de acordo com as lideranças locais.
A duas semanas do fim do mandato, Bolsonaro também autorizou o corte de árvores em terras indígenas.
Sucateamento gerou mortes. O sucateamento da instituição culminou nos assassinatos do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, em junho de 2022, no Vale do Javari, no Amazonas.
Também foi processada pelo Ministério Público pela demora de 74 e o desrespeito com os ritos de morte do Índio do Buraco, o último de seu povo, encontrado morto em agosto, no estado de Rondônia.
O novo ministério deve unificar cuidados com populações indígenas.
Hoje, a Funai responde ao Ministério da Justiça. A Sesai, Secretaria de Saúde Indígena, presta contas ao Ministério da Saúde. Já a educação, ao Ministério da Educação.
Embora ainda falte esclarecimentos de Lula sobre o futuro, é possível que os serviços sejam unificados. Lula afirmou, nesta quinta (29), que a direção da Sesai e da Funai serão dirigidos por indígenas, mas ainda vai decidir os nomes.
Também é incerto se o ministério demarcará novas terras indígenas no país.
Como o novo Ministério dos Povos Originários pode ajudar?
Espera-se o chamado "etnodesenvolvimento", como incentivos para a agricultura familiar promovido por povos indígenas, exemplifica Kleber Karipuna, coordenador executivo da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil).
Outra ajuda seria centralizar o diálogo em uma só frente com o governo federal, em vez de uma articulação feita separadamente por cada povo.
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