Lula terá bilhões na Amazônia, mas desafio 'negativo' em promessa ambiental
Durante a campanha, o plano do presidente Lula (PT) prometeu desmatamento "líquido" zero, investimento em agricultura familiar e combate ao garimpo ilegal.
Por outro lado, foi vago sobre um futuro com energia mais limpa em relação aos adversários, como o então presidente e candidato Jair Bolsonaro (PL). Eleito, fez mais promessas que devem enfrentar dificuldades para serem realizadas
Saiba por quê.
Quais foram algumas promessas de Lula em seu plano de governo?
- Cumprir o Acordo de Paris, feito em 2009, e "ir além"
- Desmatamento líquido zero
- Conservar o oceano Atlântico, a "Amazônia azul"
- Fazer transição energética
- Combater o garimpo ilegal, especialmente na Amazônia
- Investir no agronegócio sustentável, agroecológico e a agricultura familiar
- Fortalecer a Funai
Quem vai assumir o Ministério do Meio Ambiente?
Marina Silva, ambientalista e ex-senadora pelo Acre, vai retornar para o cargo como ministra do meio ambiente. Ela já ocupou a cadeira entre 2003 e 2008, no primeiro mandato do presidente Lula.
O anúncio foi feito na última quinta (29). Marina anunciou que o ministério será chamado Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas.
Quais os pontos fracos do plano de Lula?
Para o Greenpeace Brasil, o plano de Lula deveria propor o fim das termelétricas, como feito por países europeus em busca de energia mais limpa.
O desmatamento "líquido zero'' também é insuficiente ante os recordes ambientais negativos do ex-presidente Bolsonaro. O termo explica o ato de reflorestar áreas degradadas e, assim, compensar a vegetação que já foi perdida.
Para a ONG, o ideal é zerar o desmatamento em qualquer área do país.
O que mais Lula prometeu durante a campanha?
Na COP 27, a conferência do clima da ONU, realizada no Egito em 2022, Lula afirmou que cobraria os países mais ricos a financiar os mais pobres contra a crise climática.
Também reafirmou a transição para uma energia mais limpa, combate ao garimpo e conservação, a exploração sustentável da Amazônia e incluiu o agronegócio sustentável em seus planos.
"Não existem dois planetas Terra. Somos uma única espécie, chamada Humanidade, e não haverá futuro enquanto continuarmos cavando um poço sem fundo de desigualdades entre ricos e pobres", Lula durante a COP 27, em 2022
Quais as dificuldades de colocar os planos em prática?
Reverter os recordes negativos de desmatamento do ex-presidente Jair Bolsonaro será um desafio da nova gestão. De janeiro a novembro de 2022, foram desmatados o equivalente a 3 mil campos de futebol por dia na Amazônia, segundo o Imazon. É o pior registro desde o início do monitoramento da instituição, em 2008.
Um Pernambuco a menos. De 2017 a 2021, o Brasil perdeu uma área maior do que o estado de Pernambuco em todos os biomas, como a Mata Atlântica, o Cerrado e o Pantanal, de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
A grilagem de terra, a retirada de investimentos do ICMBio, o perdão de 16 bilhões em multas ambientais do Ibama e o apoio e a vista grossa ao garimpo ilegal fizeram o país bater os saldos negativos. A duas semanas do fim do mandato, Bolsonaro também autorizou o desmatamento em terras indígenas.
O que estará a favor de Lula?
A aprovação no Congresso Nacional de mais dinheiro para o orçamento do ano que vem poderá gerar mais investimentos para a área ambiental. Somente com a exploração de petróleo, a pasta do meio ambiente receberá R$ 638,2 milhões a mais.
A volta do Fundo Amazônia. O novo texto também tirou o teto de doações feitas para projetos ambientais, o que poderá aumentar e destravar os bilhões doados pela Noruega e Alemanha para o Fundo Amazônia, que possui R$ 3 bilhões congelados. O ex-presidente, Bolsonaro, havia proposto R$ 2,96 bilhões para o ministério do ambiente neste ano, o que seria 6,4% a menos do que em 2022.
O ministério dos povos originários. Lula prometeu a criação do Ministério dos Povos Indígenas, onde a Funai (Fundação Nacional do Índio) deverá ser abrigada. A demarcação de terras indígenas é uma ferramenta para impedir o desmatamento. Nesta sexta (30), Lula convidou a ex-deputada federal e indígena Joênia Wapichana para presidir a Funai. Segundo estudo norte-americano de 2020, o desmatamento diminuiu 75% em territórios indígenas demarcados, entre 1982 e 2016.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.