Não deixarei de cobrar Lula, diz ativista com deficiência que passou faixa
A frase "acolher quem é desacreditado e ressignificar o destino que já foi traçado" era uma das mensagens estampadas na roupa do influenciador digital e ativista Ivan Baron, 24, na cerimônia de posse do presidente Lula (PT) no domingo (1º).
Seu traje, criado pelo coletivo brasiliense Tela Ambulante, trazia também as palavras "parem de nos excluir" e "anticapacitismo", que sintetizam a luta do jovem potiguar por respeito a pessoas com deficiência como ele.
Ivan subiu a rampa do Palácio do Planalto ao lado do novo presidente e de outros sete representantes da diversidade da sociedade brasileira, entre eles o cacique Raoni, do povo kayapó, uma das lideranças indígenas mais emblemáticas do país. O grupo realizou a passagem da faixa a Lula na ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que viajou para os Estados Unidos às vésperas da posse.
"Foi completamente incrível participar da primeira vez que um presidente foi empossado pelas mãos do povo", disse Baron a Ecoa. Para ele, a maior emoção foi quando o carro em que Lula desfilava se aproximou ao som de "Anunciação", de Alceu Valença: "Naquele momento eu desabei de chorar".
O convite para integrar o grupo partiu da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja. Ivan "aceitou sem pensar duas vezes".
Em 2022, ele havia participado de eventos da campanha de Lula e discursou sobre o legado dos governos petistas para a inclusão e acessibilidade de pessoas com deficiência. Segundo Baron, os investimentos desse período na saúde possibilitaram que sua reabilitação fosse feita no Sistema Único de Saúde. Seu depoimento emocionou Lula.
Influenciador da inclusão
Nascido em Natal (RN), Baron é formado em pedagogia e produz conteúdo sobre inclusão para as redes sociais. Aos três anos, teve uma meningite viral que lhe causou paralisia cerebral.
Hoje, tem mais de um milhão de seguidores (são mais de 400 mil no Instagram e de 600 mil no TikTok) com quem compartilha seu dia a dia para ensinar sobre capacitismo e direitos de pessoas com deficiência. Ele se tornou mais conhecido após fazer um post "corrigindo" uma fala de Juliette durante o BBB 21.
Mesmo com todo esse alcance nas redes, Baron considera a participação na cerimônia de posse um marco. "Eu vejo como uma visibilidade que até então não nos era dada", disse a Ecoa. "Pude representar as mais de 17 milhões de pessoas com deficiência no Brasil e isso é um passo inicial para uma maior abertura na discussão de pautas sobre inclusão e acessibilidade no país".
Segundo a Folha de S.Paulo, Baron foi um dos consultores de acessibilidade do Festival do Futuro, que celebrou a posse do presidente. Ele apoiou a equipe na comunicação sobre acessibilidade, no treinamento de equipe e na vistoria do espaço.
Sua expectativa é que o novo governo se comprometa com a pauta PCD (sigla para Pessoa com Deficiência) e cumpra o que está propondo.
No dia da posse, Lula editou um decreto para promover a educação inclusiva, revogando medidas do governo Bolsonaro que segregavam o ensino de pessoas com deficiência. "Não é porque gosto do Lula que deixarei de cobrá-lo. Muito pelo contrário, agora é hora de trabalhar e fazer acontecer", afirmou.
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