1ª deputada negra vira Heroína da Pátria após lei sancionada por Lula
O presidente Lula e as ministras da Cultura e da Igualdade Racial, Margareth Menezes e Anielle Franco, sancionaram uma lei que incluiu o nome da primeira mulher negra a se eleger no país, Antonieta de Barros, no livro Heróis e Heroínas da Pátria.
No livro - que fica no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília - constam também os nomes de Zumbi dos Palmares, Dom Pedro I, Ana Néri e Luís Gama, além de ex-presidentes, como Getúlio Vargas.
O projeto para colocar o nome de Antonieta partiu do deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) e foi aprovado em junho do ano passado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados e no início de dezembro na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado.
Se elegeu deputada 47 anos após a abolição
Antonieta de Barros conquistou posições quase impensáveis para uma mulher negra nas primeiras décadas do século 20. Nascida em 11 de julho de 1901 em Desterro, antigo nome de Florianópolis (SC), ela foi professora, deputada e escreveu para os principais jornais da ilha, chegando a fundar e dirigir algumas publicações.
Antonieta assumiu como deputada estadual em 1935. Foi uma das mulheres pioneiras na política brasileira e a primeira mulher negra a se eleger no país. Mulheres tinham conquistado o direito de votar e ser votadas pela primeira vez no Brasil através do Código Eleitoral de 1932, após décadas de luta do movimento sufragista.
Sua plataforma política era centrada na defesa da educação para todos, associada também à emancipação feminina e dos mais pobres.
Sua plataforma política era centrada na defesa da educação para todos, da emancipação feminina e dos mais pobres.
Fundou curso e criou dia do professor
Em um período em que os índices de analfabetismo eram muito altos no país, principalmente entre a população negra, Antonieta aprendeu a ler e a escrever ainda criança e ingressou no curso primário. Sua mãe, Catarina Waltrich, era lavadeira e ex-escravizada e trabalhava como doméstica para um importante clã político da cidade, a família Ramos.
Aos 17 anos, ela se tornou aluna da Escola Normal Catarinense, formando-se professora. Fundou em 1922 o Curso Antonieta de Barros, que dirigiu por 30 anos, até sua morte, e lecionou Português e Literatura em importantes colégios de Florianópolis. Foi autora do projeto de lei que instituiu o feriado escolar do Dia do Professor em Santa Catarina, mais tarde oficializado como nacional.
"Educar é ensinar os outros a viver; é iluminar caminhos alheios; é amparar debilitados, transformando-os em fortes; é mostrar as veredas, apontar as escaladas, possibilitando avançar, sem muletas e sem tropeços; é transportar às almas que o Senhor nos confiar, à força insuperável da Fé", disse a política.
Barros também foi cronista e usou esse espaço para defender seus ideais. Os artigos publicados por ela no jornal República, sob o pseudônimo de Maria da Ilha, foram reunidos no livro "Farrapos de Ideias", de 1937. Ela também criou os periódicos A Semana (1922-1927) e Vida Ilhoa (1930).
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