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Greta Thunberg presa: por que ativista protestava contra mina de carvão?

Greta Thunberg foi detida nesta terça-feira (17) - Reprodução/Twitter
Greta Thunberg foi detida nesta terça-feira (17) Imagem: Reprodução/Twitter

Giacomo Vicenzo*

De Ecoa, Em São Paulo (SP)

17/01/2023 16h55

Greta Thunberg foi detida pela polícia hoje (17), ao protestar contra a expansão de uma mina de carvão na província de Renânia do Norte-Westfália, onde a ativista ambiental se sentou com um grupo de manifestantes próximo à borda da mina.

Há cerca de dois anos surgiram rumores de que a vila seria destruída para permitir a expansão da exploração de um mineral fóssil chamado de 'carvão marrom' em alemão.

Em outubro de 2022, o governo anunciou a venda do entorno para empresa do ramo energético RWE - sobre a afirmação de que era necessário para compensar a crise de falta de gás que vinha de Rússia, que está em crise desde a declaração de guerra contra a Ucrânia.

Outros ambientalistas que participaram da manifestação se penduraram em árvores, postes e levantaram cartazes de protesto contra a desocupação da cidade, que após vazia será demolida para expansão da mina de carvão.

Por que Greta Thunberg é contra a mineração de carvão?

Nascida em 2003, a jovem ativista Greta Thunberg se engajou em causas contra as mudanças climáticas ainda na adolescência.

Em 2018, ela criou o movimento Fridays for Future, que estimula que jovens de diversas cidades do mundo faltem aulas para pressionar governantes a tomarem medidas concretas contra o aquecimento global.

A ativista climática Greta Thunberg dentro de um ônibus após prisão durante um protesto na Alemanha - 17.jan.2023 - Wolfgang Rattay/Reuters - 17.jan.2023 - Wolfgang Rattay/Reuters
A ativista climática Greta Thunberg dentro de um ônibus após prisão durante um protesto na Alemanha
Imagem: 17.jan.2023 - Wolfgang Rattay/Reuters

O movimento está presente em mais de 7 mil cidades do mundo e Greta tem destaque internacional participando de eventos e discursando na ONU.

Nesse sentido, além da expansão da atividade na província de Renânia colocar em risco a existência da vila, em subsequência colabora para o aumento do uso do carvão mineral, que está entre os principais combustíveis fósseis.

Quais os problemas em usar carvão mineral?

Altamente poluente, a queima do carvão mineral libera gases como enxofre e ocasiona chuvas ácidas. Além disso, assim como as outras matrizes energéticas de origem fósseis, está diretamente ligado às mudanças climáticas.

O meteorologista Fabio Luiz Teixeira Gonçalves, professor do Departamento de Ciências Atmosféricas do IAG (instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas), alerta que a única maneira de mitigar o aquecimento global é parar a queima desenfreada dos combustíveis fósseis.

"Se não houvesse essa queima, poderíamos estar dando os primeiros passos rumo a mais uma era glacial. Vinte eras glaciais já ocorreram nos últimos 2 milhões de anos", afirma o meteorologista em entrevista para matéria em Ecoa.

Grande parte dos países da Europa usa energias importadas de origem fósseis, entre as quais o gás e o carvão mineral, que agora, após a crise ocasionada pela guerra na Ucrânia, ganhou novamente um local de destaque nas matrizes energéticas.

Diferentemente do Brasil, que usa usinas hidrelétricas para produzir grande parte da energia elétrica, em muitos países europeus essa matriz vem das chamadas termelétricas, que funcionam queimando carvão para girar espécies de motores, que produzem a energia elétrica consumida.

Como ficou a vila e os manifestantes?

De acordo com o porta-voz da polícia local, o grupo está detido. Para a televisão pública regional WDR, a polícia alegou que a permanência na área seria perigosa.

A população de Lützerath ficou isolada depois que suas casas, fazendas e construções de madeira foram demolidas, nas quais centenas de ativistas resistiram ao despejo por vários dias, em meio a um forte destacamento policial.

No sábado (14), uma ampla aliança de organizações contra a mineração de linhito (carvão marrom) e a demolição de Lützerath realizou uma marcha da qual participou Greta Thunberg.

A operação havia sido encerrada na segunda (16), depois que os dois últimos ativistas que se entrincheiraram em um reduto da cidade deixaram voluntariamente um túnel.

No entanto, nesta terça-feira (17) houve novas ações em outras partes da região, enquanto um grupo de até 70 ativistas protagonizou outro protesto, incluindo Greta Thunberg.

Além do protesto pacífico, grupos de manifestantes tentaram transpor as barreiras policiais para acessar a cidade isolada e a borda da mina a céu aberto. A polícia usou jatos de água, spray de pimenta e cassetetes, e realizou 12 prisões.

*Com informações de: Estadão Conteúdo, REUTERS e agências internacionais.