Fofura! Nasce 1° filhotinho de Mel, a peixe-boi que deixou cativeiro na PB
Uma fêmea de peixe-boi marinho reintroduzida ao habitat natural, chamada Mel, deu à luz o primeiro filhote da espécie no estado da Paraíba.
Mel foi avistada com um comportamento de acasalamento no fim de 2021 e surpreendeu os pesquisadores que a monitoram ao ostentar seu filhote recentemente.
O nascimento, segundo os pesquisadores, é a comprovação de que o trabalho de reintrodução dos animais à natureza está tendo êxito.
Durante monitoramento de campo, os técnicos do projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho e APA (Área de Proteção Ambiental) da Barra do Rio Mamanguape/ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) avistaram Mel com o seu filhote na praia do Poço, litoral de Cabedelo (PB).
Numa primeira avaliação dos animais, os técnicos observaram que o filhote está bem e sendo amamentado pela mãe.
A boa notícia vem ratificar a importância de anos de pesquisa e trabalho pela conservação da espécie no país. O litoral da Paraíba é um dos poucos lugares no Brasil onde é possível avistar peixes-bois marinhos em ambiente natural, tanto nativos quanto aqueles que foram reabilitados e posteriormente soltos.
Espécie em perigo de extinção
Atualmente, o peixe-boi marinho está em perigo de extinção, com uma população atual de cerca de 1.100 espécimes contabilizados entre Alagoas e Amapá.
Embora não haja um número pesquisado dessa população anteriormente, para que seja feita a comparação populacional, os especialistas apontam vários fatores que contribuem para a redução desses animais.
A localização histórica da espécie, anteriormente, se dava de Alagoas ao Espírito Santo. Os avistamentos eram sempre em grupos com mais de dez animais. Atualmente, essas populações, quando avistadas, não ultrapassam quatro exemplares. Por serem mamíferos extremamente dóceis, eles não temem a aproximação com os humanos, o que aumenta o risco de serem capturados.
A poluição deixa os animais doentes, intoxicados e ainda tem o risco grande de serem capturados acidentalmente em redes de pesca ou de serem atropelados por embarcações. Para resumir, a ação do homem sobre o mar é o maior perigo.
Já os encalhes ocorrem porque as fêmeas procuram águas mais calmas, como estuários e mangues, para terem seus filhotes, mas com a degradação desses locais, os filhotes terminam nascendo em alto-mar. Como ainda não sabem nadar corretamente, muitas vezes encalham. O trabalho de preservação age justamente para que cada espécime consiga escapar desses perigos.
Mel foi resgatada após encalhar
João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho, conta que Mel foi um filhote que encalhou no Ceará, em 2004. Ela foi resgatada e levada para um centro de reabilitação em Itamaracá, no litoral norte de Pernambuco.
Em 2008, segundo o pesquisador, a fêmea foi transferida para o cativeiro de adaptação para reaprender a conviver com o meio ambiente.
"Em 2009, ela foi solta. Ao longo da adaptação, ela passou a conviver com outros peixes-bois-marinhos e veio esse filhote. Cada animal, quando solto, recebe transmissores de monitoramento por satélite. Assim, é possível acompanhá-lo diariamente. Isso é importante porque alguns têm problemas nesse processo de adaptação", explicou a Ecoa. "A gestação da espécie dura 13 meses. Para nossa surpresa, em 24 de dezembro constatamos o filhote", acrescentou.
O nascimento desse filhote é um forte indicador de sucesso da soltura, representa um grande marco para conservação do peixe-boi marinho
João Carlos Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho
50 animais recuperados
De acordo com João Carlos, o processo de reintrodução na natureza ocorre desde 1994 e já devolveu cerca de 50 animais ao meio ambiente.
Atualmente, 25 filhotes peixes-bois marinhos estão em processo de reabilitação, após terem sido resgatados, e cerca de dez estão se readaptando ao habitat natural para, em breve, voltarem ao mar.
O especialista explica que quando são resgatados os animais seguem para centros de reabilitação, onde são cuidados e alimentados por uma equipe.
Assim que retomam a forma física ideal, eles são transferidos para ambientes naturais, como o mangue, mas que são cercados, impedindo que sigam para mar aberto.
Nesses ambientes, os espécimes permanecem para reaprender a viver no seu habitat natural. Assim que isso ocorre, são liberados na natureza.
O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental - é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção da espécie no Nordeste do Brasil.
Ele atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas.
E ainda conta com o apoio da APA da Barra do Rio Mamanguape/ICMBio, Arie Manguezais da Foz do Rio Mamanguape/ICMBio e do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba (PPGEMA - UFPB).
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