Eu, tu, elu: Quer usar linguaguem neutra? Estas dicas vão te ajudar
O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o projeto de lei de Rondônia que tentava proibir o uso da linguagem neutra em escolas públicas ou privadas é inconstitucional.
A estrutura da língua portuguesa, sempre que necessário, obriga uma definição de gênero a sujeitos e substantivos. Mas existem mecanismos para tornar a nossa comunicação inclusiva para todo mundo.
Falar de linguagem inclusiva é entender que podemos ajustar a nossa comunicação para compreender e atingir todas as pessoas que fazem parte da nossa sociedade, independente de gênero ou identidade de gênero.
Hackeando o português
Podemos usar todo o repertório linguístico que o idioma oferece para fugirmos do binarismo de gênero na comunicação. Pode parecer que estamos infringindo regras da própria língua portuguesa, não é mesmo? Mas todas as línguas são vivas e em constante transformação.
Quantas vezes o português já não foi modificado em sua história? O "você" que usamos cotidianamente, por exemplo, há não muito tempo era "vossa mercê".
A linguagem inclusiva é uma forma de utilizar a língua portuguesa para abranger todas as pessoas, sem especificar gênero.
Usar "pessoa" é uma maneira simples de ampliar para quem estamos comunicando algo.
Há ainda outros caminhos eficazes: busque palavras neutras que ajudem a transmitir sua ideia:
"A demanda dos alunos" pode virar "A demanda de estudantes". "Colegas", "gente", "pessoal" são boas maneiras de nos referirmos a grupos sem deixar pessoas de fora.
Evite usar o "x" ou "@"
Vocês já devem ter reparado no uso de X e @ como uma tentativa de neutralizar as palavras. Apesar de a ideia partir de pessoas que não se viam representadas no português, esse modelo não é verdadeiramente acessível.
Como você pronunciaria "amigxs" ou "querid@S"? Agora imagine a dificuldade que é para pessoas com deficiência visual ou neurodiversas para compreender um texto cheio de palavras terminadas em X ou @.
Eu, tu, elu, nós, vós, elus!
Dessa forma, nasceram sistemas propostos para a linguagem neutra. Um dos sistemas mais utilizados é o ELU. Aqui, o "a" ou "e" no final dos pronomes é substituído por um "u".
Exemplo: em vez de "ele" ou "ela", utiliza-se "elu"; "dele" ou "dela" fica "delu". Para palavras terminadas em "a" ou "o", utiliza-se o "e". Exemplo: "linde". Para palavras em que o "e" sinaliza o masculino, utiliza-se "ie". Exemplo: "professories".
Além de elu/delu, pode-se utilizar os pronomes ile/dile, também neutros e na mesma lógica. As duas combinações seriam a versão equivalente ao uso dos pronomes da língua inglesa they e them, comumente utilizados por pessoas não-binárias, como Demi Lovato, Sam Smith e Brigette Lundy-Paine.
Como aplicar a forma em adjetivos e substantivos:
Quando a palavra termina em -a e -o, substituir por -e. ex: filho/a: filhe
Quando a palavra termina em -go e -ga, substituir por -gue: amigo/a: amigue
- Quando a palavra termina em -ão e -ã, substituir por -ane. Irmão/ã: irmane e o plural irmanes
E como ficam os artigos definidos?
A forma mais comum é usar o "ê" no lugar de "a" ou "o" e a forma plural "es" em vez de "as" e "os".
Aqui vão algumas dicas para você incluir a linguagem inclusiva e neutra no seu cotidiano:
- Experimente usar nomes coletivos sem demarcação de gênero (Ex.: pessoal).
- Crie o hábito de preferir adjetivos sem demarcação de gênero (Ex.: incrível).
- Substitua nomes marcadores de gênero por nomes neutros (Ex.: estudantes).
- Treine a linguagem neutra, pois ela é uma prática.
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