Os feitos de cientistas brasileiras que impactam sua vida e você nem sabia
Só 28% dos pesquisadores no mundo são mulheres, estima a Unesco. Desde 1903, ano em que Marie Curie foi a primeira mulher laureada, apenas 17 delas ganharam o Prêmio Nobel em física, química ou medicina. No Brasil hoje, mesmo sendo maioria, mulheres quase nunca chegam às posições mais altas do mundo acadêmico.
Foi com o objetivo de combater barreiras que impedem mulheres de se desenvolver em áreas científicas - como a discriminação e expectativas sociais que afetam a qualidade da educação que recebem - que a ONU instituiu em 2016 o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado neste 11 de fevereiro.
Apesar das dificuldades, pesquisadoras mulheres estão por trás de contribuições transformadoras em áreas como climatologia, genética, química, história, educação e psiquiatria, e são sempre lembradas na cobertura de Ecoa:
Ela criou produto para tirar óleo das praias do Nordeste
A cientista pernambucana, Leonie Sarubbo está em um grupo seleto: está entre os 2% dos pesquisadores mais influentes do mundo. A façanha foi medida pelo Índice World Scientist and University Rankings 2023, que avalia o desempenho e o valor agregado à produção científica.
O motivo? Há mais de 20 anos trabalhando na área química, Leonie criou um detergente que retirou óleo de praias do Nordeste em 2019. Um dos atributos da invenção é a capacidade de remover o óleo sem afetar os animais que vivem no entorno.
Ela sequenciou o genoma da SARS-COV-2
A cientista Jaqueline Goes de Jesus foi uma das primeiras biomédicas a sequenciar o genoma do SARS-COV-2, que teve um papel fundamental para a ciência e no desenvolvimento das vacinas para a covid-19. E isso em tempo recorde: foram 48 horas para conseguir o sequenciamento do vírus.
Nascida em Salvador, Jaqueline é biomédica, doutora em patologia humana e pesquisadora. Pelo feito, o reconhecimento veio em forma de homenagens na Assembleia Legislativa da Bahia, virou personagem da Turma da Mônica e até boneca Barbie.
Ela inventou programa de computador que consegue diagnosticar esquizofrenia
Natural de Fortaleza e radicada em Natal há mais de 20 anos, a neurocientista Natália Mota foi a única cientista sul-americana indicada ao prêmio Nature Research Award de 2019.
Membro do laboratório Sono, Sonhos e Memória do Instituto do Cérebro da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), o reconhecimento veio por causa do projeto que desenvolve desde 2016, em que, a partir de um programa de computador, consegue reduzir o tempo do diagnóstico de esquizofrenia, que geralmente leva dois anos — o trabalho contribui para antecipar tratamentos e controlar o distúrbio.
Ela fez estudo pioneiro sobre efeitos psíquicos do racismo
Muito antes da reforma psiquiátrica dos anos 2000, a médica e ativista baiana Neusa Santos Souza já adotava práticas humanizadas de tratamento, como a arte terapia.
Sua pesquisa sobre os impactos psíquicos do racismo também foi pioneira: a dissertação "Tornar-se negro: As vicissitudes do negro brasileiro em ascensão social" foi publicada em livro em 1983, mas ainda é pouco discutida nas graduações.
Referência obrigatória no estudo das consequências psicológicas do racismo na saúde mental de pessoas negras, o estudo ficou anos fora de circulação e só foi reeditado em 2021, apagamento que também tem relação com o racismo e o machismo.
Ela revolucionou o estudo dos Quilombos no Brasil
Quando chegou na universidade, Beatriz se incomodou com o "eterno estudo sobre o escravo" no curso de história. Para ela, essas pesquisas faziam parecer que a população negra só tinha existido como mão de obra escravizada no país.
Como pesquisadora, ela defendeu a necessidade de uma história centrada na visão afro-brasileira e deixou um importante legado de pensamento sobre quilombos - tema que estudou por 20 anos, indo até a África para investigar suas raízes -, mulheres negras e resistência negra. Também escreveu e narrou o documentário "Ôrí", sobre a trajetória dos movimentos negros no Brasil nos anos 1970 e 1980, que a tornou mais conhecida.
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