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Corrida bilionária sem uso de gasolina terá 1º disputa no Brasil; entenda

O brasileiro Lucas di Grassi comemora vitória na 14ª etapa da Fórmula E em 2020, no circuito de Berlim  - Carl Bingham/LAT Images
O brasileiro Lucas di Grassi comemora vitória na 14ª etapa da Fórmula E em 2020, no circuito de Berlim Imagem: Carl Bingham/LAT Images

De Ecoa, em São Paulo (SP)

25/03/2023 06h00

As corridas de Fórmula E são parecidas com as de Fórmula 1, mas têm uma diferença essencial: todos os veículos têm motores 100% elétricos. O Brasil vai receber a modalidade pela primeira vez neste sábado, 25, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo.

A categoria é como um teste para novas invenções automobilísticas elétricas e ações sustentáveis.

Curiosidades sobre os carros elétricos de alta velocidade

Em breve, os motores da FE estarão nas ruas das cidades todos os dias, afirmou o piloto brasileiro Lucas Di Grassi em entrevista a Ecoa.

Largada da Fórmula E na etapa da Cidade do Cabo, na África do Sul, em fevereiro - Carl Bingham/Fórmula E - Carl Bingham/Fórmula E
Largada da Fórmula E na etapa da Cidade do Cabo, na África do Sul, em fevereiro
Imagem: Carl Bingham/Fórmula E

"Os motores da Fórmula 1 custam 1 milhão de dólares e não vão chegar em carro de rua. O da Fórmula E custa sete mil dólares", afirmou Di Grassi, o vencedor da primeira corrida da categoria, em 2014.

A Fórmula E é um negócio de bilhões: segundo a Forbes, em 2019 já movimentava 1 bilhão de dólares anualmente, com montadoras e marcas de olho para saírem na frente dos competidores fora da pista.

Ainda há limitações. Ainda há uso de materiais como ferro, alumínio, cobre, níquel e cobalto que gastam muita energia e com altos impactos ambientais para se tornarem peças, pontuam especialistas.

Os organizadores dizem seguir uma série de exigências.

  • Os autódromos não tem estacionamento para incentivar uso do transporte coletivo
  • Garrafas plásticas descartáveis são recolhidas a há bebedouros para evitar mais plástico
  • Segundo a organização, a bebida e comida servida no evento são locais para evitar poluição gerada com o transporte de mercadorias

Os veículos também miram características sustentáveis. A geração atual de carros - chamada de Gen3 - tem 26% dos pneus compostos por material reciclado. A fibra de carbono de peças quebradas também é enviada direto para a reciclagem, afirma a organização.

O modelo alcança até 322 km/h de velocidade. Os freios também ajudam o motor a ser energizado, o que aumenta em 40% o ganho de energia gerada pelo próprio piloto durante a corrida.

Lucas di Grassi em ação neste sábado no e-Prix de Mônaco, sexta etapa da temporada da Fórmula E - Sam Bagnall/LAT Images - Sam Bagnall/LAT Images
Lucas di Grassi no e-Prix de Mônaco, sexta etapa da temporada da Fórmula E
Imagem: Sam Bagnall/LAT Images

Impactos do evento

A organização calcula os impactos ambientais de cada corrida e produz um relatório geral do campeonato. O último balanço aponta uma diminuição de 20 mil toneladas de CO2 em 2019 e 2020 para 19,6 mil toneladas de CO2 emitidos entre 2021 e 2022.

Na Fórmula 1, o transporte aéreo e marítimo costuma ser um dos maiores emissores de poluição. Não é diferente na FE. A categoria evita o transporte de avião e prioriza meios ferroviários e marítimos - que representam mais de 70% das emissões da categoria.

Há uma categoria chamada de "emissões inevitáveis" pelos organizadores que, dizem, é revertido em dinheiro para instituições ambientais que combatem as mudanças climáticas, como a Unicef.

Corrida de ônibus elétrico? Mais ou menos.

A prefeitura de São Paulo também usará o evento como vitrine para a mudança dos ônibus da maior cidade do Brasil.

A meta do governo é incluir 2600 ônibus nas ruas - até o momento 2.152 modelos tem previsão de entre 2023 e 2024, dizem. Atualmente, apenas 19 ônibus são elétricos a bateria e 201 são trólebus (ligados a uma rede elétrica) na capital.

Largada da Fórmula E na etapa da Cidade do Cabo, na África do Sul, em fevereiro - Fórmula E - Fórmula E
A pista do Sambódromo, reta de largada para a 1ª corrida da Fórmula E no Brasil
Imagem: Fórmula E

Não à toa, o prefeito paulistano Ricardo Nunes foi ao Sambódromo durante o anúncio do evento.

Brasil à frente. O Brasil é o único com dois pilotos campeões do mundo na Fórmula E. Primeiro, com Piquet Jr. e, duas temporadas depois, com Lucas di Grassi.

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