'Vivemos epidemia de câncer': No RS, iniciativa popular 'vigia' agrotóxicos
No Delta do Jacuí, mais precisamente em Nova Santa Rita (RS), um time de educadores e ambientalistas está ajudando cooperativas de arroz orgânico a preservarem o seu ecossistema, vítima da exploração econômica e do uso de agrotóxicos.
A partir de oficinas, apresentações e debates com a participação da comunidade e de pesquisadores, a Vigilância Popular da Saúde, Ambiente e Trabalho (VPSAT) está apoiando assentados ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em sua luta contra a pulverização do solo.
'Vivemos uma epidemia de câncer'
O assentado e produtor agroecológico José Carlos de Almeida, 42, afirma que muitos profissionais de saúde ainda confundem os sintomas da intoxicação por agrotóxicos com os típicos de uma gripe, como dores de cabeça, problemas de pele, ânsia de vômito e diarreia.
"Quando vamos ao posto de saúde devido a uma intoxicação, precisamos de laudo específico e imediato. Sentimos que médicos e enfermeiros ainda se atrapalham na hora de nos atenderem.", diz ele, que é conhecido na comunidade como Zé do Cabelo.
Em Nova Santa Rita, a comunidade de assentados conseguiu construir, com dinheiro próprio, três micro-estações que medem a temperatura ambiente, a velocidade do vento e a umidade do ar.
"Precisamos criar nossos próprios mecanismos de defesa", afirma Zé do Cabelo.
A comunidade também aprendeu a registrar, em fotos e vídeos, a passagem de aviões com a chamada "deriva dos agrotóxicos". Deriva é a quantidade de agrotóxico lançado, mas que não atinge o alvo desejado, podendo contaminar áreas vizinhas.
"Queremos que todos vejam as condições que ficam as nossas plantas depois da deriva. Estamos vivendo uma epidemia de câncer e, como sociedade, temos de reagir".
Uma batalha pelo arroz orgânico
Para Emiliano Maldonado, advogado que integra a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos, o caso de sucesso de Nova Santa Rita prova que existe uma verdadeira alternativa à produção de alimentos com uso de produtos químicos, mas o desafio é convencer a população desse caminho. "A Vigilância Popular não é somente ambiental, é uma questão de saúde pública e alimentação saudável", diz.
Coordenados pela Abrasco, em parceria com a Fiocruz Ceará e a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, os "guardiões da biodiversidade", como são conhecidos, estão presentes de norte a sul do Brasil, atuando pela preservação ambiental em áreas sensíveis às ações humanas.
"No total, são dez experiências em cinco estados brasileiros que estão sendo visitadas e acompanhadas pela caravana em todo o país", diz o coordenador do projeto, o pesquisador Fernando Carneiro, da Fiocruz Ceará e Abrasco.
Com as informações, é possível ainda formular estratégias de comunicação popular. Desenvolvida pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, uma destas ferramentas já está no ar, com um site voltado a ajudar as comunidades na fiscalização e na conscientização do consumidor.
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