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Nascimento da filha fez Deborah Secco investir em novo fim para suas roupas

Deborah Secco - Reprodução/Instagram
Deborah Secco Imagem: Reprodução/Instagram

Giacomo Vicenzo

De Ecoa, em São Paulo (SP)

03/05/2023 06h00

Guarda-roupas cheios de peças infantis, mas nenhuma delas serviam mais na filha. Essa foi a cena encarada por Deborah Secco depois do nascimento de Maria Flor Secco em 2015.

"Quando eu tive a Maria eu vi a velocidade que a gente perdia armários inteiros. Ganhei muitos presentes. Então, quando ela nasceu eu tinha um armário de roupas, que nem que se eu vestisse sete ou oito looks nela por dia daria para usar tudo o que tinha", conta a atriz a Ecoa.

Ver as roupas sem utilidade fez com que Secco começasse a refletir sobre a importância de um destino para os guarda-roupas cheios.

Assim, começou uma pesquisa por empresas que têm olhar voltado à sustentabilidade no mundo da moda, e por amigos em comum conheceu a Peça Rara, marca de franquias que trabalha com roupas e itens de decoração de segunda mão.

"Entrei no Peça Rara como sócia há um ano depois de pesquisar muito sobre esse mercado e entender a importância dessa empresa. Me afeiçoei muito ao modelo de negócio familiar, tudo feito com muito amor. Isso me atraiu muito", comenta Deborah Secco.

A franquia foi criada por Bruna Vasconi em parceria com o marido. Os dois começaram a trabalhar com a venda de roupas usadas em 2007 com uma loja, e tiveram R$ 86 milhões de faturamento em 2022. Hoje, contam com 85 lojas espalhadas por 19 capitais do país.

Vestir brechó para inspirar

Uma das unidades da franquia de brechós Peça Rara. - Arquivo/ Peça Rara - Arquivo/ Peça Rara
Uma das unidades da franquia de brechós Peça Rara.
Imagem: Arquivo/ Peça Rara

Dar uma nova chance às roupas que você não gosta mais ou que deixaram de servir é importante para contrapor o cenário de impacto ambiental negativo do setor têxtil, que representa 6% das emissões globais de gases do efeito estufa, até 20% do uso de pesticidas e 35% dos microplásticos presentes no oceano, de acordo com uma pesquisa feita pela consultoria McKinsey.

Para Deborah Secco, ter a sua imagem vinculada à marca é uma forma de vencer preconceitos que ainda existem sobre peças usadas e colaborar para que esse ciclo tenha menos impacto negativo.

"Ainda há pessoas resistentes ao uso dessas peças, mas acho que demos um pulo muito grande quando começamos a vender a ideia da roupa de segunda mão como algo aspiracional. Ver artistas usando essas peças faz com que você se sinta mais à vontade e tenha desejo de fazer parte desse movimento", diz a atriz.

Ela diz que viveu em um tempo muito mais "voraz à moda", em que repetir looks era uma gafe, mas sente que isso caiu por terra atualmente.

"O preconceito existe porque foi uma vida inteira entendendo que roupa usada era velha e algo para se jogar fora, que não servia mais. Hoje, entendemos que fora não existe, e que o planeta não tem fora", diz Deborah Secco a Ecoa.

Nas lojas, é possível encontrar roupas e itens de decoração que partem de R$ 50, e, assim como todo brechó, há a possibilidade de garimpar e encontrar itens mais voltados ao mercado de luxo, com a assinatura de grifes — mas o preço aumenta nesses casos.

Deborah Secco investiu em franquia de brechós de Bruna Vasconi (foto) e defende uso de peças usadas. - Arquivo/ Peça Rara - Arquivo/ Peça Rara
Deborah Secco investiu em franquia de brechós de Bruna Vasconi (foto) e defende uso de peças usadas.
Imagem: Arquivo/ Peça Rara

"Peças de alto luxo fazem mais barulho na segunda mão e são pouquíssimo usadas, mas fazem muito sentido para outra pessoa. É preciso fazer isso de forma ampla e não só para essas peças luxuosas, e assim falar com mais e mais pessoas", comenta a atriz.

No site do brechó também é possível se cadastrar para se tornar um fornecedor, isto é: vender as roupas e itens de decoração para casa, que serão revendidos nas lojas físicas.

Roupa usada vira creche e ajuda instituições

Para as peças que ficam "encalhadas" nos brechós, o destino é transformar a vida de outras pessoas.

Em 2019, a marca criou o Instituto Eu Sou Peça Rara, que faz bazares beneficentes com as roupas e outros itens que não foram vendidos no prazo de 12 meses, ou que não atenderam os requisitos para serem comercializados. Os valores são revertidos para projetos sociais selecionados pela empresa.

Só no período de junho 2022 a março de 2023 o instituto vendeu 33 mil peças nessas condições e arrecadou R$ 276.900, auxiliando mais de 15 mil pessoas e 30 instituições.

Entre os projetos filantrópicos está a construção de uma creche com capacidade para atender 250 crianças na Região Administrativa da Estrutural, uma área de vulnerabilidade social no Distrito Federal, próximo à sede do instituto.

Capa usada por Deborah Secco no filme Bruna Surfistinha foi leiloada com outros itens e arrecadou R$ 17 mil a instituto social. - Arquivo/ Peça Rara - Arquivo/ Peça Rara
Capa usada por Deborah Secco no filme Bruna Surfistinha foi leiloada com outros itens e arrecadou R$ 17 mil a instituto social.
Imagem: Arquivo/ Peça Rara

Nesse sentido, peças usadas por Deborah Secco também têm um forte papel na captação de recursos em leilões feitos em eventos da marca — entre as mais icônicas está a capa que usou quando ganhou o Prêmio Contigo de melhor atriz pelo filme Bruna Surfistinha. O arremate da peça junto com outros itens contabilizou R$ 17 mil, e o valor foi revertido ao instituto.

"Não é apenas um brechó, mas um modelo de negócio que conecta fornecedores e novos consumidores em um ciclo virtuoso no qual recursos não são desperdiçados. Utilizar seus produtos ao máximo é fundamental para reduzirmos o impacto ambiental", aponta a criadora da franquia.

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