'Xingado de petista', CEO da Petz quer que os ricos paguem mais impostos
No Brasil, é mais fácil ver a amizade entre um cachorro e um gato do que um empresário a favor da distribuição de renda. Mas há exceções: uma delas é Sergio Zimerman, CEO da Petz, uma das maiores redes de animais de estimação do mercado brasileiro.
Quem o vê cercado de cães e gatos, estampados nas paredes, além de peixes e outros animais que os funcionários do escritório levam ao trabalho, não imagina que nem tudo é fofura para o empresário.
Nas redes sociais, detratores frequentemente o chamam de comunista ou petista. "Vai para Cuba" e "Companheiro Petz, quando vão começar a vender foice e martelo de pelúcia?" são alguns exemplos de ataques contra Sergio, que defende o fim das distorções tributárias no Brasil, onde o alto imposto sobre o consumo acaba prejudicando os mais pobres.
'Pago menos imposto que um caixa de supermercado'
Sergio Zimerman cresceu na região comercial do Brás, em São Paulo. Incentivado pela família a empreender, aos 18 anos ele criou sua empresa de animação e eventos. Após alguns empreendimentos bem-sucedidos, mas também com falências no caminho, decidiu rumar para o mercado pet.
Em 2002, abriu a primeira unidade da Pet Center Marginal, que se tornou a Petz, a maior rede de pet shop do Brasil. Com mais de 220 lojas espalhadas pelo país, a empresa oferece serviços e produtos para cães, gatos, pássaros, répteis e animais exóticos. Também possui centros veterinários e um programa de adoção, que até abril deste ano resultou em 2 mil animais adotados.
À frente de uma empresa com mais de 100 mil investidores, entre as 50 que mais movimentam na bolsa de valores brasileira e com mais de 7 mil colaboradores, Sérgio admite que paga menos imposto que as pessoas mais pobres, o que considera um entrave ao desenvolvimento do país.
"Conforme você vai enriquecendo, vai pagando menos impostos, proporcionalmente, do que quando você ganhava menos. Isso cria os paradoxos de que eu já cheguei a colocar, [que é] o presidente da companhia pagar menos impostos do que o operador de caixa", diz.
Segundo o relatório Estatísticas Tributárias na América Latina e Caribe 2021, da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a carga tributária brasileira (33,1%) só perde para a de Cuba (42%) na América Latina, resultado de um modelo que tributa excessivamente o consumo e poupa as rendas elevadas. O resultado disso é mais desigualdade social.
Defender direitos também é dever do empresário
Defensor dos direitos trabalhistas, Sergio acredita que seus pares deveriam dar mais valor a causas pautadas pelos sindicatos. "Temos centenas de milhares de trabalhadores. Defendê-los não é uma questão só para os sindicatos, mas do empresário também", diz.
Em eventos e palestras, o CEO da Petz diz não perder a oportunidade de provocar os empresários, que muitas vezes se calam diante da correção da tabela de Imposto de Renda para seus funcionários, por exemplo.
"Tenho procurado da forma mais ativa possível reclamar sobre esse tratamento equivocado que só aprofunda a desigualdade de renda que a gente tem no país", diz.
'Distribuir renda faz bem'
Embora não sejam radicais, mas simplesmente a defesa de mais justiça social, as ideias de Sergio encontram pouco eco entre a maior parte dos que comandam empresas no país. Segundo o empresário, isso reflete uma visão de curto prazo desses homens de negócio, que querem acumular renda a qualquer custo.
"Isso é um grande equívoco [...] quando você tem uma sociedade com mais poder de compra, o volume de negócios gerados aumenta, e a sociedade fica mais forte", afirma.
Como consequência desse fosso social, os mais ricos acabam vivendo em bolhas, repletas de carros blindados e condomínios fechados com seguranças armados na porta.
Para Sergio, superar essa realidade passa por seguir o exemplo de outros países, que investiram em educação. "Seja por idealismo, ou por visão empresarial, a distribuição de renda faz bem".
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