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Joaninhas brasileiras vão sumir? Uma versão 'agressiva' do inseto é culpada

Invasão de espécie asiática diminuiu o número de joaninhas nativas do Brasil - Gety Images
Invasão de espécie asiática diminuiu o número de joaninhas nativas do Brasil Imagem: Gety Images

Colaboração para o UOL

12/05/2023 04h00

As joaninhas típicas do Brasil parecem estar cada vez mais raras em regiões como o Sul do país e São Paulo. O sumiço não é apenas uma impressão: há mais de 15 anos, pesquisadores já identificaram a diminuição na população de espécies nativas de joaninha nessas áreas do país.

Débora Pires Paula, bióloga e pesquisadora da Embrapa, disse em entrevista à EBC que o uso excessivo de agrotóxicos pode estar afetando a população de joaninhas. Mas, segundo ela, a principal causadora do desaparecimento é uma outra espécie, a Harmonia Axyridis, conhecida como joaninha asiática.

A invasora é mais agressiva: além de comer mais pulgões, presas naturais desses insetos, a espécie asiática também come frutas, pólen e outros alimentos, assim como outras joaninhas.

Como a joaninha asiática chegou ao Brasil

O primeiro registro da presença dessa espécie no país ocorreu em 2002, pela bióloga Lúcia Massutti de Almeida, da Universidade Federal do Paraná.

A joaninha asiática foi introduzida na América do Sul pela primeira vez na Argentina, no início da década de 1990. A ideia era fazer o controle de pragas em plantações de pêssego.

Primeiro registro de joaninhas asiáticas no país ocorreu em 2002 - Gety Images - Gety Images
Primeiro registro de joaninhas asiáticas no país ocorreu em 2002
Imagem: Gety Images

O inseto chegou ao Brasil de forma acidental. Em entrevista à BBC Brasil, Almeida afirmou que a joaninha veio ao país "provavelmente com alguma muda de planta".

Um estudo feito pela bióloga em 2007 demonstrou que a espécie asiática já representava mais de 90% dos indivíduos entre oito espécies de joaninhas pesquisadas no Paraná. Depois da primeira identificação, os insetos já foram vistos em outros estados do país e até mesmo em Brasília.

Presença em outros países

Além da América do Sul, a joaninha asiática também está presente nos EUA, no Canadá, na Europa, na África do Sul e no Quênia.

Por aqui, a nova joaninha não tem causado problemas econômicos — na questão biológica, ela prejudica ao desequilibrar o sistema para a joaninha nativa. Nas lavouras, ela também faz a função de combater pragas que prejudicam o cultivo.

Joaninha se equilibra sobre folha de plantação de frutas cítricas na cidade costeira de Netanya, em Israel   - Jack Guez/AFP - Jack Guez/AFP
Joaninha se equilibra sobre folha de plantação de frutas cítricas na cidade costeira de Netanya, em Israel
Imagem: Jack Guez/AFP

Mas, nos EUA e no Canadá, a joaninha asiática já prejudicou a produção de vinho. No início dos anos 2000, produtores tiveram de descartar um milhão de litros de vinho porque a bebida tinha um sabor diferente, que lembrava o gosto de pimentão e aspargos.

A causa era a metoxipirazina, um composto produzido por essas joaninhas. Depois disso, os produtores tiveram de implantar medidas de controle dos insetos nas plantações.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado na versão inicial, o primeiro registro foi em 2002, e não 2022. O conteúdo foi corrigido.