Como ajudar crianças e adolescentes com insegurança alimentar no Brasil
Segundo o Unicef, ao menos 32 milhões de meninas e meninos vivem na pobreza no país. De acordo com a organização Ação da Cidadania, essa estatística afeta, principalmente, a segurança alimentar. Muitas vezes, essas crianças e adolescentes não têm o que comer.
Para ajudar a combater esse mal, a ONG lança nesta quarta-feira (17), pelo terceiro ano consecutivo, a campanha Brasil Sem Fome, que tem o objetivo de arrecadar e distribuir alimentos para famílias em todo o país.
Betinho já dizia que a democracia é incompatível com a miséria. Enquanto houver o desafio de superar a fome no país, não há como garantir que outros direitos sejam cumpridos.
Rodrigo "Kiko" Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania
"Se um cérebro saudável usa 20% da energia do corpo e essa energia vem dos alimentos, como uma criança com fome será capaz de aprender e ter bom rendimento escolar? Um corpo funciona em sua plenitude quando está nutrido. E o crescimento saudável só é possível com um Brasil Sem fome", ressalta o diretor-executivo da Ação da Cidadania.
Quem passa fome no Brasil?
Todos os dias, em média, 11 crianças menores de 5 anos são internadas por desnutrição no Brasil, a maior média desde 2012, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com base em dados obtidos através do Ministério da Saúde.
A fome dobrou nas famílias brasileiras com crianças menores de 10 anos, segundo pesquisa divulgada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, em parceria com a Ação da Cidadania.
Em 37,8% das casas brasileiras onde moram crianças menores de 10 anos, há insegurança alimentar grave ou moderada. Esse percentual é maior do que a média nacional, quando consideramos todos os domicílios.
A situação é ainda mais grave no Norte, onde 40% das casas com moradores nesta faixa de idade sofrem com a falta de comida, e no Nordeste, onde famílias de 7 dos 9 estados também passam por situações parecidas.
A falta de dinheiro para comprar alimentos e a diminuição da qualidade do que é consumido são fatores que confirmam a desigualdade social.
Rodrigo "Kiko" Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania
"Ainda que mães e pais deixem de comer ou tenham a alimentação reduzida para que os filhos sejam beneficiados, a associação entre desenvolvimento infantil e efeitos da nutrição irregular podem resultar em menor escolaridade e, consequentemente, menos oportunidades de trabalho, menor produtividade e salários mais baixos. Deixar que a fome impeça a realização de sonhos é uma violação da dignidade humana", reitera Kiko.
Há fome de comida de verdade
O consumo de alimentos ultraprocessados, com resíduos de agrotóxicos e pobres nutricionalmente, com excesso de açúcar e farinha, tem sido outro problema entre a população pediátrica, devido ao aumento de casos de sobrepeso/obesidade e a diminuição da proporção de crianças eutróficas.
Devido ao baixo custo e facilidade de acesso, esses itens têm substituído cada vez mais a chamada 'comida de verdade'. E as crianças, inevitavelmente, continuam sendo as mais prejudicadas.
Sendo o Brasil um dos maiores produtores de alimentos do mundo, é inaceitável que 33 milhões de pessoas passem fome, enquanto outras lucram com o agronegócio, por exemplo. A gente já mostrou uma vez que é possível sair do Mapa da Fome. Precisamos assumir novamente esse compromisso.
Rodrigo "Kiko" Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania
O Brasil sem Fome foi lançado pela primeira vez em 2002, retornando em 2021, durante a pandemia do Coronavírus, quando foram doadas mais de 20 mil toneladas de alimentos em todo o país.
As doações podem ser feitas no site www.brasilsemfome.org.br ou pelo PIX: doe@acaodacidadania.org.br
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