Acusado falsamente por Bolsonaro, ele é único brasileiro na lista da Time
O jornalista e comunicador Rene Silva, 28, está na lista deste ano de "Líderes da Próxima Geração", da revista Time. Sendo o único brasileiro da lista, que só teve cinco brasileiros listados em mais de uma década.
O jovem carioca se destaca por seu trabalho no jornal comunitário Voz das Comunidades, que fundou aos 11 anos para cobrir notícias no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, e que até hoje, segue levando informações e realizando ações beneficentes na região, e que atualmente se tornou uma ONG.
"No governo anterior fomos associados de forma caluniosa a uma organização criminosa. Hoje, estar nessa lista internacional de liderança jovens do mundo só nos mostra que estamos no caminho certo. E prova que a favela é um lugar de potência e que precisa ter investimento de empresas aqui dentro para fazermos uma transformação social", diz Rene Silva para Ecoa.
Entre as mais recentes ações beneficentes e de grande destaque organizadas pelo jovem está: a "venda em campanha" do boné CPX, o qual a sigla estampada se refere a "complexo", mas foi associada por fake news à facção criminosa por apoiadores de Bolsonaro - e que foi presenteado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em visita ao complexo do alemão. À época Rene criou uma campanha que trocava os bonés por cestas básicas que foram distribuídas na comunidade.
Representatividade de dentro das favelas
A revista americana destacou Rene Silva como um dos jornalistas e ativistas negros mais influentes do Brasil, enfatizando seu papel na eleição de Lula no ano passado.
"Olhando para toda minha trajetória, vejo que não foi simplesmente pelos meus atos recentes, mas por toda a construção que venho fazendo ao longo desses 18 anos, que completaremos em agosto com o Voz das Comunidades", diz Silva.
Para o jovem, a atuação de sua ONG está focada em trazer um outro lado, e que existe dentro das favelas. "Estamos cansados de ser vistos pela ótica da grande mídia que sempre mostra tráfico de drogas, violência e mortes, e pelo Estado que só faz operações policiais na favela, em vez de investir em transformação do território e dos jovens com mais acesso à educação de qualidade", acredita.
"É uma honra muito grande estar nessa lista e ser o único brasileiro é uma honra ainda maior, principalmente para mostrar que um jovem, negro e favelado pode sim ser uma referência para o Brasil e para o mundo. Triste pensar que esse tipo de reconhecimento ainda vem muito mais de fora do que de dentro, mas há uma esperança de um futuro melhor para nossos jovens e adolescentes", diz Silva.
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