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Por que 28 de junho é considerado o Dia do Orgulho LGBTQIA+?

Cena do documentário Marsha P. Johnson, da Netflix  - Divulgação/Netflix
Cena do documentário Marsha P. Johnson, da Netflix Imagem: Divulgação/Netflix

Diana Carvalho

de Ecoa, em São Paulo (SP)

11/06/2023 04h00

Há 50 anos, Marsha P. Johnson enfrentava a opressão policial naquilo que ficou conhecido como a Rebelião de Stonewall Inn, uma revolta em prol dos direitos de homossexuais e transexuais que ocorreu em Nova York.

A presença da ativista foi tão marcante e o protesto tão reconhecido que junho passou a ser considerado o mês do Orgulho LGBTQI+.

A data exata do movimento foi 28 de junho de 1969, e tudo começou como uma revolta contra uma batida policial no bar Stonewall Inn. É claro que uma única abordagem não desencadearia toda a movimentação. Na época, a comunidade LGBT da cidade enfrentava discriminação e perseguição policial frequentes.

O resultado foi dias e noites de confrontos físicos que despertaram um movimento de ativismo LGBT+ em todo o mundo.

Quem foi Marsha P. Johnson

Marsha P. Johnson, foi uma importante ativista LGBTQIA+ - Divulgação / Netflix - Divulgação / Netflix
Marsha P. Johnson, foi uma importante ativista LGBTQIA+
Imagem: Divulgação / Netflix

Marsha nasceu Malcolm Michaels Jr. em 1945 e morou com seus pais e seus seis irmãos em Nova Jersey, até concluir o ensino médio.

Em 1963, decidiu ir para Nova York. Partiu com uma sacola de roupas e 15 dólares no bolso. Lá, trabalhou em um restaurante e depois foi viver em Greenwich Village, onde se identificou como drag queen, adotando o nome de Black Marsha.

Apesar do termo drag queen não ter associação com a questão de gênero, Marsha se identificava como mulher e usava elementos femininos durante todo o dia, não só em performances artísticas.

Seu sorriso era sua espada e escudo. Para ser quem era, Marsha precisava estar sempre armada e blindada. Foi o sorriso que a manteve viva.

Hugh Ryan, escritor

Seu papel como ativista foi fundamental não só durante a Rebelião de Stonewall. Ela e sua amiga Sylvia Rivera, também ativista, sentiam a necessidade de fazer algo mais por transgêneros, que eram discriminados dentro da própria comunidade LGBTQI+.

Marsha P. Johnson - Reprodução/MPJInstitute - Reprodução/MPJInstitute
Marsha P. Johnson
Imagem: Reprodução/MPJInstitute

Em 1970, Sylvia e Marsha conseguiram alugar uma casa. No local, fundaram a S.T.A.R - Street Transvestite Action Revolutionaries (Ação das Travestis de Rua Revolucionárias, em tradução livre).

A organização dava abrigo, comida e roupa para jovens trans e drag queens que viviam nas ruas de Greenwich Village.

Apesar de ser considerada ícone, Marsha enfrentou dificuldades durante toda a sua vida. Em artigo para a revista OUT, o escritor e especialista em cultura queer Hugh Ryan conta que a ativista viveu muito tempo nas ruas, e contou com a solidariedade das pessoas e o trabalho sexual para sobreviver.

Marsha P. Johnson - Reprodução/MPJInstitute - Reprodução/MPJInstitute
Marsha P. Johnson
Imagem: Reprodução/MPJInstitute

A ativista foi encontrada morta no dia 6 de julho de 1992, aos 46 anos. Seu corpo foi retirado do rio Hudson e a polícia de Nova York declarou o caso como suicídio.

Marsha P. Johnson - Reprodução/MPJInst - Reprodução/MPJInst
Marsha P. Johnson
Imagem: Reprodução/MPJInst

Amigos próximos contestaram a versão e saíram em protesto pelas ruas de Nova York. Para eles, Marsha poderia ter sido vítima de um assassinato.

Em 2017, o caso foi reaberto após a ativista trans Victoria Cruz começar a investigar, por conta própria, os desdobramentos da morte. O esforço de Cruz rendeu o documentário "A morte e vida de Marsha P Johnson", disponível na Netflix.

Estamos prontos para reconhecer a mulher por trás do ícone. Isso significa mais do que estampar o rosto de Johnson em cartazes na parada do Orgulho LGBTQI+. Significa ouvir mulheres negras trans, dar apoio financeiro e legislativo no enfrentamento aos problemas que as afetam.

Hugh Ryan, escritor

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