'Xô, mosquitos!' Adolescente cria repelente natural com fruto da Amazônia
Um repelente natural feito à base de um fruto que há em abundância na Amazônia e no cerrado possibilitou reconhecimento internacional a um jovem cientista brasileiro, de apenas 17 anos. Observando as comunidades rurais utilizarem o tucum mirim, fruto de uma palmeira, como unguento, o maranhense Gustavo Botega Serra, hoje recém-formado no ensino médio, resolveu estudar a prática e transformar aquilo em um conhecimento científico.
O produto que ele desenvolveu integra um projeto de pesquisa com nome complicado, mas muito útil: "Potencial larvicida, inseticida e repelente dos princípios ativos do tucum mirim (Astrocaryum acaule) no controle de artrópodes transmissores de arboviroses". O projeto utiliza o fruto brasileiro para a criação de repelentes de baixo custo.
O trabalho rendeu a ele o Prêmio Weizmann (bolsa de estudos em Israel) e a credencial para Regeneron ISEF, maior feira de ciências do mundo, que, neste ano, acontecerá no Texas, Estados Unidos.
Gustavo é participante do Programa Cientista Aprendiz, da Uemasul (Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão), localizada em Imperatriz. E, embora ainda não tenha ingressado na universidade, diz que pretende continuar na área de pesquisa. "Tenho como opções biotecnologia, medicina, biomedicina e áreas afins", disse o jovem a Ecoa.
Segundo pesquisador, o tucum mirim é abundante e acessível. "Ele é uma fusão do álcool, óleo, polpa e extrato. É um fármaco de baixo custo e sustentável, por não ser preciso colocar nenhum reagente adicional para maximização, além de toda a matéria-prima utilizada ser proveniente do fruto", disse.
Hora do teste em humanos
Quando deu início à pesquisa, Gustavo identificou os princípios ativos do vegetal, nos quais foram encontrados agentes responsáveis pela repelência: dilapiol, icaridina e fietiltoluamida. Além disso, registrou o responsável pelos teores de inseticida, nesse caso o cipermetrina.
A partir daí, a fase de testes foi iniciada. As análises precisavam comprovar e eficácia do repelente. Para isso, foi utilizado tecido de porco. De acordo com o jovem cientista, todos os resultados foram excelentes, acima de 90% de eficácia, inclusive quando comparado a repelentes industrializados.
"Além disso, nos testes como inseticida, percebeu-se a morte de 1 a cada 2 insetos. Com isso, conseguimos diminuir os índices de arboviroses como dengue, chikungunya, zika, e várias outras por meio do controle dos insetos vetores que as transmitem", disse.
Agora, o teste em pele humana é fundamental para a confirmação da eficácia e, após isso, Gustavo diz que já seria possível, com as devidas aprovações, torná-lo vendável.
"Para mim é um sentimento único. Tive a honra de ser agraciado com o 2° Lugar Geral na Regeneron ISEF e sinto que esses resultados podem mostrar para todos os jovens que é possível fazer ciência no nosso país. Quem sabe inspirar uma nova geração de jovens cientistas?", comemora.
O cientista diz que ainda vê muito potencial do tucum mirim a ser explorado, como ação cicatrizante, antifúngica, antimicrobiana, e várias outras.
Cientista aprendiz
O "Cientista Aprendiz" é um programa de pré-iniciação científica para alunos do 8º ano do Ensino Fundamental até a 3ª série do Ensino Médio. De acordo com a Uemasul, o programa faz parte das atividades de extensão e nasceu do interesse dos alunos por atividades de laboratório e pelas diferentes áreas da pesquisa científica.
Zilmar Timóteo, pró-reitor de Extensão e Assistência Estudantil na universidade, foi o professor orientador do projeto que criou o repelente. Para ele, o programa gera oportunidade a jovens pesquisadores, tanto da rede pública quanto particular, de terem acesso a laboratórios e orientações especializados.
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