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Milgrau leva Karol Conká para faxinar casas cheias de ratos e comida mofada

Karol Conká e Ellen Milgrau no primeiro episódio da série "Faxina Milgrau" - Reprodução/Instagram
Karol Conká e Ellen Milgrau no primeiro episódio da série "Faxina Milgrau" Imagem: Reprodução/Instagram

Bárbara Therrie

Colaboração para Ecoa, em São Bernardo do Campo (SP)

21/06/2023 06h00

Das passarelas e ensaios fotográficos para ambientes sujos, desorganizados e até insalubres, a modelo Ellen Milgrau, 30, tem viralizado nas redes sociais ao compartilhar vídeos fazendo faxinas na casa de pessoas com ansiedade, depressão, síndrome do pânico e, também, de acumuladores compulsivos. A iniciativa visa dar um empurrão na vida dessas pessoas e oferecer apoio e compreensão num cenário marcado pelo estigma, falta de acolhimento e medo do julgamento.

Criado em fevereiro de 2022, o "Faxina Milgrau" começou quando Ellen ajudou um amigo que sofre de depressão, não limpava a casa havia mais de seis meses e não recebia visitas por vergonha. O vídeo da limpeza bombou no TikTok e, desde então, o projeto já transformou 25 casas.

Neste ano, a modelo lançou uma nova temporada com oito episódios, o "Faxina Milgrau Celebrities", em que convida celebridades para participar das faxinas. O primeiro episódio com a cantora Karol Conká já está no ar, e outros nomes, como Linn da Quebrada, Marina Sena e Márcia Fernandes estão confirmados.

A ideia é furar a bolha para trazer visibilidade e conscientização de algo que é mais normal do que se imagina, que é ter pessoas com depressão ou passando por alguma questão psicológica e mental. O objetivo é também atingir a audiência dos artistas convidados e, ao mesmo tempo, trazer uma humanização em relação a eles, porque tem muita gente que pensa que eles nunca lavaram uma louça na vida. Ellen Milgrau

Primeira famosa a apoiar a iniciativa, Karol Conká ajudou a limpar o apartamento de uma jovem de 23 anos que tem um filho pequeno, mas que entrou numa depressão profunda após engravidar de um dos clientes quando trabalhava como prostituta e interromper a gestação.

Senti um aperto no peito e muita vontade de chorar. O que mais me impactou foi o acúmulo de lixo e alimentos mofados. Tive várias reflexões enquanto tirava os entulhos da casa. Karol Conká

Ainda segundo a ex-participante do BBB, o projeto ajuda a resgatar a autoestima de quem vive em estado depressivo. "Muitas vezes a depressão paralisa a rotina. Poder colaborar com o quadro é algo energizante", afirma Karol.

Quem pode participar do "Faxina Milgrau"

O projeto atende pessoas que moram em São Paulo com algum tipo de transtorno psicológico e psiquiátrico. Os interessados podem preencher um formulário que Ellen disponibiliza no perfil das suas redes sociais, com espaço para contar sua história, enviar fotos e vídeos. A partir daí, é feita uma seleção dos casos mais graves. A identidade dos participantes é preservada e só é revelada se eles desejarem. Com mais de 3 milhões de seguidores no TikTok, Instagram e YouTube, os vídeos são publicados nas três plataformas da influencer.

Para fazer a faxina e organização, a modelo conta com a ajuda fixa de dois voluntários. O trabalho geralmente começa às 10h e termina às 19h, mas já houve casos em que durou cinco dias. A depender da situação, a transformação pode incluir pequenos reparos, pintura, decoração que é viabilizado por uma influencer parceira de Ellen.

Durante a limpeza, a modelo já se deparou com lixo, comida estragada, ratos, baratas, mas garante que sente não nojo e que até prefere limpar a casa dos outros do que o seu próprio lar. Sem perder o estilo, a modelo diz que aproveita o momento de brilhar na faxina para brilhar nos looks. "Sempre trabalhei com moda, gosto de me vestir bem, não vou fazer a limpeza que nem uma doida: vou com uma roupa confortável e fashion."

3 - Reprodução / Instagram - Reprodução / Instagram
Ellen Milgrau posa na frente de uma caçamba
Imagem: Reprodução / Instagram

Quando começou o projeto, Ellen achou que ia ser boicotada pelo pessoal da moda e que receberia menos propostas de trabalho pelo fato de a faxina não ser um ofício valorizado.

Achei que a galera ia falar: 'Virou faxineira, foda-se', mas não, sinto até que ganhei mais carinho e respeito e ajudei a quebrar a imagem que muita gente tinha de mim, de uma modelo estruturada, reconhecida e que abriu mão dos luxos para fazer esse tipo de coisa. A faxina muda completamente o astral da casa e merece ser valorizada. Ellen Milgrau

Da acumuladora que vivia em estado insalubre havia anos a jovem enlutada com depressão, as histórias têm em comum pessoas que muitas vezes são julgadas como porcas e relaxadas, mas na realidade, se perderam e não sabem nem por onde começar. "Mesmo que seja de forma momentânea, a faxina dá um empurrão para a pessoa a reorganizar a mente e a vida dela. A casa arrumada já é uma coisa a menos para ela lidar. O lar é a nossa fortaleza, não tem como relaxar num ambiente crítico", opina.

"Faxina é minha terapia"

Diagnosticada com depressão há mais 10 anos, Ellen conta que no início sua família não a entendia e o pai dizia para ela lavar a louça e ir trabalhar, mas ela não conseguia nem levantar da cama para tomar banho. Em tratamento psiquiátrico e psicológico, a influencer afirma que a faxina é sua terapia extra e que a ajuda a lidar principalmente com a ansiedade. "Me desestressa, desligo do mundo, boto toda a minha energia naquele momento que é gostoso para mim".

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Modelo Ellen Milgrau criou projeto de faxina na casa de pessoas com depressão
Imagem: Divulgação

Mesmo tomando remédio, a influenciadora revela que às vezes tem seus altos e baixos e sabe como é ser recriminada por isso. "Quando ajudo as pessoas [no Faxina] estou levando um pouquinho de esperança para elas que se sentem no fundo do poço e me levanto junto com elas".

Impactada pelo seu próprio projeto, a modelo diz que olha para a vida com outros olhos e aprendeu a reclamar menos. "Conhecer histórias de pessoas que às vezes estão em situação pior que a minha me dá forças para não desistir. Hoje me vejo com uma mulher mais madura e humana".

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