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Estação Ecológica no RS registra casos de gripe aviária pela primeira vez

Mais de 90 aves já foram encontradas mortas na Estação Ecológica do Taim, no RS - Estação Ecológica do Taim/ICMBio
Mais de 90 aves já foram encontradas mortas na Estação Ecológica do Taim, no RS Imagem: Estação Ecológica do Taim/ICMBio

Amanda Kuhn

Colaboração para Ecoa em Pelotas (RS)

21/06/2023 06h00

Uma das principais áreas ambientais do Brasil, a Estação Ecológica do Taim (ESEC Taim), localizada no sul do Rio Grande do Sul, registrou, pela primeira vez, casos de influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1) em aves silvestres. O primeiro caso foi identificado no dia 24 de maio. Quase um mês depois, 92 animais foram encontrados sem vida.

Em vigilância desde o dia 24 de maio, quando 36 cisnes da espécie Cygnus melancoryphus, conhecida como cisne-de-pescoço-preto, foram encontrados mortos, a unidade de conservação está interditada, sem previsão de retornar às visitações habituais, conforme o chefe da ESEC, Fernando Weber.

O enfrentamento à crise sanitária foi iniciado, de forma preventiva, desde que mortes devido ao vírus foram notificadas em países da América do Sul, como Uruguai, Chile e Argentina. Desde então, a vigilância no Taim começou a ser realizada, segundo Magnus Machado Severo, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) - responsável pela administração do Taim e vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.

Severo explica que devido aos sinais clínicos da doença apresentados nas aves, os animais manejados possuem "vínculo epidemiológico com o vírus do H5N1", portanto não há necessidade de testagem em massa, pois há foco de uma crise sanitária no local - neste caso, na Lagoa Mangueira, que possui parte de sua extensão situada na ESEC. Até o último domingo (18), foram contabilizadas 92 aves silvestres mortas, contaminadas pela doença.

"A estratégia de enfrentamento agora é voltada a identificar as carcaças e os animais doentes, e retirá-los do meio ambiente o mais rápido possível - para diminuir a virulência e evitar que o vírus seja transmitido para mamíferos, como ocorreu no Chile", esclarece Severo.

O acúmulo de carcaças na natureza também preocupa por outro fator - indireto ao H5N1 -, que é a propagação de outras doenças, como o botulismo. Caso surja uma suspeita da gripe aviária em outra espécie ou em área de foco diferente, análises serão feitas, para confirmar a presença da doença e descobrir se ela está se expandindo.

gripe aviária - Estação Ecológica do Taim/ICMBio - Estação Ecológica do Taim/ICMBio
Funcionários do Taim trabalham seguindo determinações de segurança e nenhum deles foi infectado
Imagem: Estação Ecológica do Taim/ICMBio

Primeiro caso foi registrado no ES

Antes do Rio Grande do Sul, o Brasil registrou os primeiros casos de influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1) em três exemplares de aves marinhas encontradas no Espírito Santo, esses casos foram reportados no mês de maio, segundo o Ministério da Agricultura.

No Taim, equipes da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) do Rio Grande do Sul e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), foram enviadas à unidade para atuar no contenção da crise.

Não há risco para a população

Apesar da contaminação de animais para humanos ser rara, ela é possível, pois a gripe aviária é uma zoonose. No entanto, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), de 2003 a 2023, apenas 874 pessoas foram infectadas no mundo todo.

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Trabalhadores recolhem carcaças de aves mortas pela gripe aviária para evitar surto da doença
Imagem: Estação Ecológica do Taim/ICMBio

Nas Américas, só há o registro de três pessoas infectadas (nos EUA, Equador e Chile). Segundo Severo, também não existe nenhum caso notificado de contaminação de um ser humano para outro.

Ele informa que nenhum trabalhador da Estação foi infectado e todos os testes realizados deram negativo. Socorristas estão trabalhando no local, diariamente, 24 horas por dia, para atender a equipe que atua direta e indiretamente no Taim, e o monitoramento diário seguirá enquanto a crise não for contida.

O cenário de surto permanece até o registro de um determinado período sem mortes, quando é possível determinar o fim da emergência sanitária. No entanto, esse momento ainda não chegou e não há como ter uma previsão de quanto tempo pode durar. Os óbitos apresentam estabilidade, de acordo com o chefe do Taim. "Elas não diminuem nem aumentam e a tendência é diminuir", destaca Weber.

Os procedimentos de prevenção, diagnóstico e combate seguem na Estação, até que seja estabelecido o fim da crise sanitária. As instituições, em esfera municipal, estadual e federal, encaminharam recursos humanos, estruturais e financeiros para ações de combate no Taim.

Estação Ecológica do Taim

A unidade de conservação, considerada um dos principais ecossistemas do país, é casa de pelo menos 50 espécies de mamíferos e 250 aves. Situada nos municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, no sul do RS, com área de mais de 10 mil hectares, a Estação Ecológica serve de estudos para muitos ambientalistas, pesquisadores e biólogos.

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