Após abater urso polar, fazendeiro o manteve empalhado em apartamento no RJ
João Borges Neto era um dos fazendeiros mais influentes do Brasil na década de 1980. Nos jornais, jantares que ele e a esposa davam viravam notícia. Mas não eram só as pequenas anedotas de Borges Neto que iam parar no noticiário.
Além de possuir mais de 15 mil cabeças de gado em suas quatro fazendas, João Borges Neto mantinha 35 animais empalhados em seu luxuoso apartamento na na Avenida Vieira Souto, em Ipanema, bairro nobre do Rio de Janeiro.
Em todas as propriedades, ele somava 120 animais mumificados conseguidos em dez viagens à África, Europa, Argentina e Alasca.
Entre eles, um chamava mais atenção: um urso polar de cerca de dois metros e meio.
"Joãozinho Borges, o guerreiro anfíbio"
Apesar de ser arquiteto de formação, Borges Neto não exercia a profissão e, além de fazendeiro, era caçador.
Na época, a prática era proibida no país (com exceção do estado do Rio Grande do Sul), mas Borges Neto ostentava o título de um dos maiores caçadores do país. Ele costumava viajar o mundo para exercer sua "paixão". Na década de 1950, chegou a ser chamado de 'Joãozinho Borges, o guerreiro anfíbio' por ter sido seis vezes campeão brasileiro de caça submarina.
E foi por meio da prática que ele conseguiu levar um urso polar para o Rio de Janeiro.
Como um urso polar veio parar no Brasil?
Em 1985, Borges Neto fez uma viagem para o Polo Norte onde enfrentou uma temperatura de - 25°C. Foram cinco dias rastreando o urso polar na companhia de dois esquimós e montado em um trenó movido por 16 cães.
No último dia, depois de percorrer 150 km na neve, ele viu o urso e com um tiro matou o animal. Para trazer um urso polar de mais de dois metros, o fazendeiro teve que desembolsar 20 mil dólares. A chegada do urso demorou um ano.
Pode parecer contraditório, mas João Borges Neto acreditava que a caça era uma forma de proteger a natureza. Ele definia o caçador como um "amante da natureza, o mais interessado em preservá-la". Junto dele, outros caçadores compartilhavam o mesmo pensamento.
Um dos "colegas - caçadores" do nosso guerreiro anfíbio, o gaúcho Trajano Silva de Lima e Silva dizia ter descoberto essa relação entre caça e preservação na África. Segundo o leiloeiro rural (de quem você pode acompanhar a história na série "Oeste: histórias incríveis de heróis improváveis") que faleceu em 2016, a caça poderia ser uma das formas de preservação da natureza, se os caçadores matassem apenas um animal de cada espécie, se ele fosse macho e velho, e se respeitassem as fronteiras das reservas.
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Um fazendeiro excêntrico cria um safári africano, uma cidade famosa por seus caixões? Em 'OESTE', nova série em vídeos do UOL, você descobre estas e outras histórias inacreditáveis que transformam o centro-oeste brasileiro. Assista:
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Reportagem Camilla Freitas | Edição Fred Di Giacomo |
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