Além do Titanic: plástico é encontrado em ponto mais profundo do oceano
A Fossa das Marianas é o lugar mais profundo do oceano, mas a profundidade de quase 11 mil metros não a protegeu do plástico. Um estudo recente identificou que uma sacola plástica é o item "mais profundo do planeta Terra" feito com o material que demora séculos para se decompor.
Em expedições a recantos profundos feitas anteriormente, mergulhadores encontraram plástico onde sequer existem condições para a fauna marinha, como na Fossa das Marianas. Em 2019, o experiente explorador americano Victor Vescovo encontrou plástico no local que foi visitado pelos seres humanos apenas três vezes na história.
A curiosidade pelas profundezas cresceu após a morte dos cinco passageiros a bordo do Titan, um submersível que colapsou rumo aos destroços do Titanic, na costa do Canadá, a cerca de 3.800 metros de profundidade. Neste "andar" do oceano, não há luz solar, a pressão é 376 vezes maior do que na superfície e onde só peixes raríssimos - com dentes afiados, gelatinosos e aparências exóticas - resistem às condições.
A Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico, é ainda mais inóspita, onde só crustáceos e microrganismos habitam. Se invertido, o ponto mais profundo de lá é 2 mil metros mais alto do que o cume do Everest, o maior monte do mundo. Mesmo assim, Vescovo encontrou uma sacola convencional, como aquelas oferecidas em supermercados.
Para precisar o tamanho desse impacto, cientistas da agência marítima do Japão analisaram 36 mil fotografias capturadas em 3 décadas de mergulhos profundos pelo mundo e concluíram que a sacola plástica da Fossa das Marianas é, de fato, o mais fundo que um material plástico já foi encontrado.
É incerto dizer se a sacola é a mesma encontrada por Vescovo. Segundo o estudo, 89% de todo o lixo das profundezas é de plástico descartável, como sacolas, embalagens de doces e garrafas d'água.
As correntes marítimas podem levar um plástico a rumos imprevisíveis: um saco plástico da África do Sul pode ir parar em Fernando de Noronha meses ou anos depois de descartada.
E o que fazer?
Desde a descoberta do mergulhador, cientistas estudam o impacto dos microplásticos em áreas profundas do oceano. De acordo com estudos, cerca de 170 trilhões de pedaços de plástico e microplásticos estão nos oceanos.
A busca por solução fez a indústria de alimentos, uma das maiores produtores de lixo plástico, a fugir de restrições governamentais e a produzir materiais biodegradáveis que vão de cápsulas de café até o bioplástico, um material feito com material renovável que se decompõe mais rapidamente do que o plástico.
No Brasil, cientistas estão estudando até o uso de bactérias capazes de "comer" materiais plásticos e tentar acelerar o processo de limpeza dos oceanos no futuro.
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