Topo

NY e França inundadas: quais seriam os impactos globais do fim da Amazônia?

ChatGpt simula ruptura drástica do clima e fim da Amazônia em 50 anos - Rene Cardillo com Midjourney
ChatGpt simula ruptura drástica do clima e fim da Amazônia em 50 anos
Imagem: Rene Cardillo com Midjourney

Giacomo Vicenzo (texto) e Rene Cardillo com Midjourney (arte)

De Ecoa, em São Paulo(SP)

12/07/2023 06h00

O Brasil liderou o desmatamento em florestas tropicais em 2022, segundo levantamento da GFW, uma iniciativa da ONG World Resources Institute (WRI). No ano passado, quase dois milhões de hectares da Floresta Amazônica foram perdidos, o equivalente a quase 2 milhões de campos de futebol. Some-se a isso o fato de que o desmatamento na Floresta Amazônica pode ter efeitos colaterais para o clima em regiões distantes, como o Tibete, segundo artigo da respeitada revista Nature Climate Change.

Esses dados cruzados nos levam a pensar: o que acontecerá com o mundo caso o desmatamento não pare até o ponto do bioma amazônico se extinguir por completo?

Para responder a essa pergunta, surgida a partir dos dados da GFW e do artigo da Nature, Ecoa entrevistou um biólogo e usou o modelo de inteligência artificial ChatGPT para simular os impactos do fim da Floresta Amazônica no mundo e os danos causados pela chamada ruptura climática.

O dia do fim da Amazônia, segundo o ChatGPT

Considerando dados de desmatamento reunidos até 2021, base de informações contidas no ChatGPT, a inteligência artificial estimou que o fim da Floresta Amazônica se daria nas próximas décadas, entre 50 a 100 anos.

No entanto, a IA ressalta que qualquer estimativa de tempo para o fim da Floresta Amazônica é altamente especulativa e depende de diversos fatores, como políticas de conservação implementadas, atividades econômicas na região, avanço da consciência ambiental e esforços de preservação.

Mas é possível que a Floresta Amazônica possa enfrentar um colapso irrecuperável dentro desse tempo previsto caso o ritmo do desmatamento continue seguindo os mesmos padrões.

A partir do fim da floresta, uma série de acontecimentos em cascata, que fazem parte de uma ruptura climática poderiam se espalhar ao redor do globo.

7 - Rene Cardillo com Midjourney - Rene Cardillo com Midjourney
Distante 8.302 km de Manaus (AM), Paris sofreria o impacto do fim da floresta amazônica, de acordo com simulação do ChatGPT
Imagem: Rene Cardillo com Midjourney

Uma Paris inundada pelo Rio Sena

Em Paris, a inteligência artificial simulou a vida de Marie, uma residente que viu sua rotina mudar drasticamente após o aumento das inundações relacionadas ao fim da Floresta Amazônica.

Marie, que morava em uma área vulnerável próxima ao rio Sena, foi surpreendida por uma enchente devastadora. Sua casa foi completamente inundada, suas posses foram destruídas e ela precisou ser evacuada de sua residência.

Distante 8.302 km de Manaus (AM), Marie enfrentou dificuldades emocionais e financeiras, lutando para reconstruir sua vida enquanto lidava com os efeitos colaterais das inundações, como o aumento dos custos de seguro e a falta de moradia adequada.

8 - Rene Cardillo com Midjourney - Rene Cardillo com Midjourney
IA simula como ficaria o interior do estado de São Paulo, após uma possível devastação total da Amazônia
Imagem: Rene Cardillo com Midjourney

Medo e seca em São Paulo

Seguindo a simulação dos impactos do fim da Amazônia para outras regiões do mundo, o ChatGPT simula, no estado de São Paulo, a vida de Carlos, um agricultor cuja vida foi profundamente afetada pela intensificação das chuvas e deslizamentos de terra causados pelo desmatamento da Amazônia.

9 - Rene Cardillo com Midjourney - Rene Cardillo com Midjourney
Após chuvas intensas, o estado de São Paulo enfrentaria uma grande seca com o fim da Amazônia
Imagem: Rene Cardillo com Midjourney

Primeiro, Carlos viu suas plantações serem destruídas repetidamente por enchentes repentinas, resultando em perdas significativas em sua subsistência e no sustento de sua família. E, então, a escassez de água potável no estado devido à alteração no ciclo hidrológico o deixou em uma situação precária, tendo que enfrentar longas filas para obter água ou confiar em fontes de qualidade duvidosa.

Manaus seca, com incêndios e conflitos entre humanos e animais

1 - Rene Cardillo com Midjourney - Rene Cardillo com Midjourney
Na simulação do entorno de Manaus, o abastecimento de água tornou-se escasso e de má qualidade, levando a problemas de saúde e escassez de alimentos.
Imagem: Rene Cardillo com Midjourney

Agora estamos próximos à Floresta Amazônica. Aqui encontramos Maria, uma moradora de Manaus. Com o aumento dos períodos de seca causados pelo desmatamento, Maria e sua comunidade enfrentaram uma crise hídrica severa.

O abastecimento de água tornou-se escasso e de má qualidade, levando a problemas de saúde e escassez de alimentos. Além disso, a propagação de incêndios florestais descontrolados na região ameaçou diretamente a vida de Maria e de outros moradores, forçando-os a abandonar suas casas e buscar abrigo em locais seguros. O conflito entre animais silvestres e humanos também é frequente.

Nova York Inundada e com desabrigados

3 - Rene Cardillo com Midjourney - Rene Cardillo com Midjourney
Nova York pode enfrentar alagamentos, se a Amazônia deixar de existir
Imagem: Rene Cardillo com Midjourney

Em Nova York, seguimos a história de James, um morador da área costeira da cidade. Com o aumento do nível do mar devido ao derretimento acelerado das calotas polares, James e sua família vivenciaram o impacto devastador de uma tempestade de inundação.

Sua casa foi destruída pelas águas revoltas, e eles perderam tudo o que possuíam. James e sua família enfrentaram a difícil tarefa de reconstruir suas vidas após a tragédia, lidando com o trauma emocional e os desafios de encontrar moradia segura em uma cidade cada vez mais vulnerável às mudanças climáticas.

4 - Rene Cardillo com Midjourney - Rene Cardillo com Midjourney
Inteligência artificial simula impacto do fim da Amazônia na vida de um morador de NY
Imagem: Rene Cardillo com Midjourney

Congo sofreria com plantações murchas

No Congo, acompanhamos a história de Latasha, uma habitante da região que experimenta os impactos da devastação da Floresta Amazônica de maneira indireta, mas igualmente preocupante.

Com a redução da umidade proveniente da Amazônia, o Congo enfrenta mudanças significativas em seu clima e ecossistema. Latasha vivencia uma grave seca prolongada, afetando a agricultura e a disponibilidade de alimentos na região. As plantações murcham, o gado sofre com a escassez de pastagens e a fome assola a população. Além disso, os incêndios florestais propagam-se rapidamente, ameaçando a vida de Latasha e de outros moradores.

6 - Rene Cardillo com Midjourney - Rene Cardillo com Midjourney
Com a redução da umidade proveniente da Amazônia, o Congo enfrentarua mudanças significativas em seu clima e ecossistema.
Imagem: Rene Cardillo com Midjourney

As histórias de Marie, Carlos, Maria, James e Latasha destacam os impactos reais e dramáticos que as projeções hipotéticas de eventos climáticos extremos podem ter sobre as pessoas.

Pesquisador confirma impactos e possível fim da Amazônia

Para o biólogo especialista em evolução e sistemática, Sandro de Faria, Membro do CPMAMA (Centro de Pesquisa e Monitoramento Ambiental da Mata Atlântica) do Instituto Terra Luminous, o desaparecimento de uma floresta como a Amazônia traria como principal ponto de ruptura climática o degelo dos polos.

Iríamos perder grandes quantidades de gelo em consequência dessa ausência de floresta. Além disso, haveria uma liberação enorme de Co2 na atmosfera que está no solo da floresta e nela em si.

Sandro de Faria, biólogo.

Faria ainda diz que as mudanças nos sistemas de chuvas, nos ventos e nas nas correntes marítimas levarão a uma desertificação severa na América do Sul.

"Existe um processo de evapotranspiração da Amazônia ligado à Cordilheira dos Andes, isso afetaria todo o continente com consequências e desequilíbrios drásticos", afirma o biólogo.

A floresta pode sim desaparecer caso não cumprirmos as metas de desmatamento e descarbonização, mas acredito que em 100 anos ainda teremos a Amazônia em pé.

Sandro de Faria, biólogo.

*

Siga Ecoa nas redes sociais e conheça mais histórias que inspiram e transformam o mundo:

https://www.instagram.com/ecoa_uol/

https://twitter.com/ecoa_uol

Ainda por aqui? Assista a OESTE, a nova série em vídeo de UOL Ecoa.