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Conheça Quinn: Atleta é a 1ª pessoa abertamente trans em uma Copa do Mundo

Quinn com a medalha de ouro nas Olimpíadas - Reprodução
Quinn com a medalha de ouro nas Olimpíadas Imagem: Reprodução

Caê Vasconcelos

Colaboração para Ecoa, em São Paulo (SP)

20/07/2023 06h00

Peça fundamental na seleção do Canadá, Quinn, 27, busca fazer história mais uma vez no mundo esportivo. Em 2021, Quinn se tornou a primeira pessoa trans não-binária a ganhar uma medalha olímpica de ouro durante os Jogos Olímpicos de Tóquio.

O amor pelo esporte vem de família. Sua mãe, Linda, jogava basquete na Universidade de Waterloo, enquanto seu pai, Bill, jogava rugby na Universidade de Western Ontario. Atleta desde os 6 anos de idade, Quinn também praticou natação, hockey e ski competitivamente.

O talento de Quinn foi notado pela Liga Nacional Feminina dos Estados Unidos quando jogava pela Universidade de Duke, na Carolina do Norte, nos EUA. Vestiu a camisa da seleção canadense pela primeira vez em 2012, ainda pelo sub-17. Em 2014, vestiu pela primeira vez a camisa da seleção profissional. Quinn fez parte do elenco que ganhou a medalha de bronze no Rio, em 2016.

Um ano antes de fazer história, Quinn havia contado para o mundo, em uma postagem em seu Instagram, que se identifica como uma pessoa trans não-binária.

Pessoas trans não-binárias são pessoas que não se reconhecem no gênero de nascimento e existem várias identidades fora do binarismo (feminino ou masculino).

Existem pessoas não-binárias, por exemplo, que se reconhecem com ambos os gêneros e podem usar todos os pronomes. Também existem pessoas que se reconhecem em um dos gêneros, mas não necessariamente como homens ou mulheres.

Já outras não se reconhecem em nenhum dos gêneros, como Quinn. Por isso, é importante sempre perguntar como as pessoas se identificam e quais pronomes elas usam.

Os pronomes usados por Quinn são os pronomes neutros (elu/delu em português e they/them em inglês). Ou seja, é errado usar os pronomes femininos ou masculinos para falar de Quinn.

Durante o jogo entre Japão e Canadá, a narradora Natália Lara, do SporTV, usou o pronome neutro "elu" para se referir a Quinn, mostrando como é possível respeitar a identidade de gênero e pronomes.

"Sair do armário é DIFÍCIL (e meio besteira). Eu sei que para mim é algo que farei novamente pelo resto da minha vida. Como vivi como uma pessoa abertamente trans com as pessoas que mais amo por muitos anos, sempre me perguntei quando me assumiria publicamente", escreveu Quinn na publicação de setembro de 2020.

Quinn, que joga no OL Reign de Seattle, na Liga Nacional Feminina dos Estados Unidos, não enfrentou questionamentos sobre sua presença nem no seu clube nem na seleção feminina canadense, pelo contrário, sempre recebeu apoio das colegas.

Quando chegou em Tóquio, em julho de 2021, antes de imaginar que faria história com a primeira medalha olímpica como atleta trans, Quinn lembrou, em suas redes, como pessoas trans ainda são excluídas dos esportes.

"Não sei como me sentir. Estou orgulhosa de ver 'Quinn' no elenco e no credenciamento. Mas me entristece saber que houve atletas olímpicos antes de mim incapazes de viver sua verdade em todo mundo", postou.

"Existem meninas trans que estão proibidas de praticar esportes, mulheres trans que enfrentam discriminação e preconceito, enquanto tentam realizar seus sonhos olímpicos. "A luta não acabou. Vou comemorar quando todos estiverem aqui", concluiu Quinn.

Ao entrar em campo contra a Nigéria nesta quinta, Quinn fará história mais uma vez: será a primeira pessoa trans abertamente declarada a jogar uma Copa do Mundo —e recebendo o respeito que atletas trans precisam.

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