Arara colada em árvore? Traficantes usavam armadilha para roubar aves
Uma arara-azul "grita" em uma árvore no Pantanal sul-mato-grossense, aos poucos outras aves vêm ao seu encontro e pousam próximas uma das outras. Ao tentar alçar voo, novamente, nenhuma delas consegue, pois estão grudadas pelas patas, e mesmo se debatendo, não conseguem se desvencilhar da armadilha cruel montada por traficantes de animais.
A cena acima foi encontrada por Neiva Guedes, bióloga criadora do Instituto Arara Azul, logo quando iniciou sua empreitada de preservação da espécie em 1989, momento em que apenas 2.500 araras-azuis viviam no Brasil - sendo 1.500 delas no Pantanal.
"Quando comecei o projeto, estava no final do ciclo dessas caças. Os traficantes vinham de fora do Pantanal e traziam uma arara-azul mansa e passavam visgo, uma espécie de cola nos galhos secos e colavam essa arara. Como ela é um animal que vive em comunidade, quando elas gritam as outras veem", conta a bióloga em entrevista a Ecoa para a série Oeste - Heróis Improváveis.
Predadores humanos e silvestres
Se não bastasse o ataque de humanos à espécie pelo tráfico ilegal de animais silvestres, queimadas e destruição do bioma, a arara-azul é um ser "frágil" na natureza, que enfrenta diversos tipos predadores em seu habitat natural, como onças, gambás e tucanos - que comumente predam os ovos ou filhotes dessas araras, que tem em média apenas dois herdeiros por ninhada.
Além disso, uma arara-azul pode demorar até nove anos para entrar em seu período de maturidade sexual.
Mas mesmo com as intempéries naturais à vida selvagem, foram os humanos os principais vilões que aproximaram a arara-azul da extinção.
A captura de filhotes, adultos e ovos esteve foi um dos principais fatores que quase apagou a presença desses seres na natureza. O Instituto Arara Azul estima que mais de 10 mil dessas aves foram retiradas da natureza até meados de 1980.
Salvando a espécie do ninho ao rádio
Além de uma forte estratégia de conscientização ambiental em parceria com os pantaneiros e que contou com a ajuda de locutores de rádios locais, Neiva e sua equipe criaram ninhos artificiais, feitos de madeira, que foram espalhados pelas árvores do Pantanal, pois os animais enfrentavam um problema: queriam reproduzir, mas tinham dificuldade para encontrar onde.
Foram necessários cerca de 16 anos de atividades para que o instituto criado por Neiva conseguisse dobrar o número de araras-azuis na natureza. Em 2005, eram 5 mil dessas aves, somente em Mato Grosso do Sul, afastando o risco de extinção da espécie.
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