Seleção feminina de futebol estreou nas copas usando uniformes dos homens
A seleção feminina de futebol do Brasil participa das copas do mundo desde que o torneio começou. Mas no início, as jogadoras não tinham nem equipamentos próprios para elas e, em 1991, entraram em campo com uniformes da seleção masculina. O treinamento não era planejado, não levava em conta a alimentação adequada nem o período menstrual das mulheres.
Outra questão que pouca gente sabe, é que a maioria da seleção era formada de mulheres negras, e foi por racismo e machismo que a seleção embranqueceu e jogadoras negras perderam espaço, segundo Mirian Soares, que era a goleira da seleção que disputou a primeira Copa do Mundo, que foi realizada na China.
Neste episódio do podcast Papo Preto, a ex-jogadora conta à apresentadora Stela Diogo como as primeiras jogadoras foram importantes para abrir caminho para uma seleção que hoje, finalmente, parece ser valorizada e ganha espaço nas mídias e nas transmissões esportivas.
"Nós quebramos paradigmas e fizemos coisas que, se não fôssemos nós a fazer, alguém teria que ter feito. Isso é muito pouco falado hoje em dia, naquele período a maioria das atletas era negra, nós perdemos muito espaço na elite do futebol feminino", diz.
Mirian diz que muitas comissões técnicas e diretores passaram pela seleção e tentaram colocar lá dentro um estereótipo de atletas de nível europeu. "As meninas tinham que ser bonitas, loiras, altas, lindas e com corpo maravilhoso, que era o padrão masculino. E eles não viam isso nas mulheres negras", diz a partir de 11:27 do arquivo acima.
Segundo a ex-goleira, dirigentes da seleção queriam mulheres que fossem cobiçadas pelos torcedores. "Os homens iriam no campo para ver as mulheres de shortinho curtinho mostrando o bumbum, e esse deveria ser o perfil das jogadoras do Brasil. Mas eles esquecem que o Brasil é um país predominantemente negro. E o Brasil deve muito para nós porque nós somos o pilar da criação e da formação esportiva brasileira."
Papo Preto é um podcast produzido pelo Alma Preta, uma agência de jornalismo com temáticas sociais, em parceria com o UOL Plural, um projeto colaborativo entre o UOL, coletivos e veículos independentes. Novos episódios vão ao ar todas as quartas-feiras.
Podcasts são programas de áudio que podem ser ouvidos a qualquer hora e lugar — no computador, smartphone ou em outro aparelho com conexão à internet. Você pode ouvir Papo Preto no canal do UOL no YouTube e nas plataformas de podcast Spotify, Google Podcast, Deezer, Apple Podcast e CastBox.
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