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Por que a Colômbia enviará hipopótamos de Pablo Escobar para outros países?

Pablo Escobar levou 4 hipopótamos para sua fazenda na Colômbia - Reprodução
Pablo Escobar levou 4 hipopótamos para sua fazenda na Colômbia Imagem: Reprodução

Redação

de Ecoa, em São Paulo (SP)

04/08/2023 06h00

Uma grande novela na Colômbia parece estar próxima de chegar ao fim: o país decidiu enviar para outros países os 85 hipopótamos descendentes dos animais comprados pelo narcotraficante Pablo Escobar entre as décadas de 1980 e 1990.

Ao todo, serão 60 animais enviados para a Índia, 5 vão para as Filipinas e 10 para o México. O resto será esterilizado ou eutanasiado. A decisão foi do Executivo da capital colombiana Bogotá, que busca diminuir o número de exemplares da espécie africana, considerada invasora no país.

"Não repetiremos a história. Temos a obrigação de garantir que quem receberá os animais terá condições legais para garantir suas vidas, sem criar um problema ambiental em outro país", declarou a ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Susana Muhamad.

Os hipopótamos da antiga propriedade de Pablo Escobar são considerados o maior rebanho da espécie fora da África - Getty Images - Getty Images
Os hipopótamos da antiga propriedade de Pablo Escobar são considerados o maior rebanho da espécie fora da África
Imagem: Getty Images

Qual o problema com os hipopótamos de Escobar?

Espécies exóticas invasoras são organismos (plantas, animais e microrganismos) que não são naturais do espaço onde foram introduzidos. Os hipopótamos de Pablo Escobar, por exemplo, têm países africanos como habitat natural, não a Colômbia.

Esse verdadeiro processo tende a causar inestimável perda de biodiversidade - e é considerado pela União Internacional para Conservação da Natureza (The World Conservation Union - IUCN) como a segunda causa de extinção de diversidade biológica.

Animais, plantas ou microorganismos introduzidos num ecossistema do qual não fazem parte originalmente, mas onde se adaptam e passam a dominar, prejudicam os processos naturais e os organismos nativos.

Em entrevista à CNN, María Ángela Echeverry, professora de Biologia da Universidade Javeriana, explicou porque é necessário retirar os hipopótamos da Colômbia:

"Toda vez que movemos animais ou plantas de um lugar para outro, também movemos seus patógenos, suas bactérias e seus vírus. E poderíamos trazer novas doenças para a África, não apenas para os hipopótamos que estão na natureza, mas novas doenças para todo o ecossistema africano que não evoluiu com esse tipo de doença".

Apesar dos países para onde os animais de Escobar vão não serem também habitat natural da espécie, a decisão foi tomada, segundo o governador de Antioquia, Aníbal Gaviri, porque esses países têm mais condições de cuidar dos bichos, acolhendo o bando em santuários.

22.jun.2016 - Pablo Escobar comprou quatro hipopótamos de um zoológico na Califórnia e os levou para seu rancho no início dos anos 1980 - 22.jun.2016 - Raul Arboleda/AFP - 22.jun.2016 - Raul Arboleda/AFP
22.jun.2016 - Pablo Escobar comprou quatro hipopótamos de um zoológico na Califórnia e os levou para seu rancho no início dos anos 1980
Imagem: 22.jun.2016 - Raul Arboleda/AFP

Os hipopótamos de Pablo Escobar

Hoje, os hipopótamos da Hacienda Nápoles, antiga propriedade do narcotraficante mais famoso do mundo, são considerados o maior rebanho da espécie fora da África e somam aproximadamente 120 animais.

Em 1993, Pablo Escobar gastou cerca de R$ 26 milhões para comprar os animais — junto com zebras, elefantes, girafas e mais espécies.

Depois da morte do narcotraficante, a fazenda virou alvo de disputa judicial entre herdeiros e o governo, assim, ficou abandonada.

Alguns dos animais morreram de fome e outros foram vendidos ou doados a zoológicos, mas os hipopótamos ficaram e se adaptaram muito bem à região.

Após um longo processo, a gigantesca área da fazenda ficou para o governo, e a população de hipopótamos se reproduziu e cresceu descontroladamente, gerando um bando de mamíferos que são conhecidos pela agressividade, pesando duas toneladas cada.

Sem predadores naturais na América do Sul, eles passaram a tomar conta não só da área de 22 km² da propriedade, como também de uma das principais vias navegáveis da Colômbia, o rio Magdalena.

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