Você sabia que 20 de agosto é o Dia Mundial do Mosquito?
Colaboração para Ecoa, em São Paulo
20/08/2023 06h00
Pode até parecer estranho, mas os mosquitos, animais de dimensões tão pequenas, têm uma data dedicada a eles no mundo todo. O Dia Mundial do Mosquito, lembrado em 20 de agosto, não é exatamente uma data de celebração, mas de conscientização sobre os riscos que os insetos podem causar à saúde humana como transmissores de doenças como a malária, dengue e chikungunya.
A escolha do dia está atrelada a uma descoberta histórica. Foi em 20 de agosto de 1897 que o médico britânico Ronald Ross comprovou que o parasita causador da malária poderia ser transmitido para humanos por meio da picada de mosquitos fêmeas. A pesquisa rendeu a ele o Prêmio Nobel de Medicina em 1902, e se tornou um marco no estudo da transmissão de outras doenças por insetos.
Hoje, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a região das Américas tem sido afetada significativamente por infecções e mortes por doenças causadas por mosquitos, especialmente o Aedes aegypti, responsável pela transmissão de dengue, chikungunya e zika. No caso da dengue, somente neste ano, já foram registradas mais de 440 mil notificações e mais de 100 óbitos na região.
Ainda conforme a OMS, o incremento na proliferação do Aedes está ligado a condições precárias de tratamento e saneamento e a fenômenos climáticos que levam ao aumento da temperatura e da umidade.
Resistência a inseticidas
Se antes a aplicação de inseticidas era considerada uma alternativa para controlar o problema em regiões tropicais, hoje os produtos não são mais vistos como totalmente eficazes.
A própria OMS já alertou para a resistência que insetos como o Aedes têm desenvolvido aos químicos que estão no mercado. Neste ano, um estudo desenvolvido por cientistas do Departamento de Entomologia Médica do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão mostrou que, no Camboja, mais de 90% dos mosquitos Aedes apresentam mutações que impedem que esses produtos tenham a eficácia desejada.
De acordo com o engenheiro agrônomo Eduardo Funari, além de ineficazes, os inseticidas colocam em risco animais, plantas e a saúde humana. Inseticidas, observa ele, podem provocar intoxicações após inalação ou absorção pela pele.
No caso da natureza, a aplicação de inseticidas pode ainda comprometer todo um ecossistema. "O grande problema é que esses tratamentos matam também a fauna de insetos benéficos, como as abelhas. O conceito mais moderno e mais adequado, pensando na proteção do ser humano e do meio ambiente, no controle em grande escala, é trabalhar com bioinseticidas", recomenda.
Mas o que são os bioinseticidas?
Os bioinseticidas são produtos ecológicos produzidos a partir de microrganismos, como bactérias, vírus e fungos, e que atuam no combate de pragas, sendo inofensivos a outros seres vivos.
No caso do Aedes, um dos bioinseticidas mais utilizados é o Baculovírus thuringiensis, da variedade israelensis. De acordo com Funari, trata-se de uma bactéria desenvolvida em laboratório, que tem apresentado resultados de alta eficácia tanto no controle de larvas de mosquitos Aedes quanto do gênero Culex, também conhecido como pernilongo.
"Os bioinseticidas têm algumas especificações que precisam ser respeitadas, como temperatura e umidade, mas podem ser usados dentro de ambientes com pessoas, não fazem mal. Foram desenvolvidos para controlar as larvas dos insetos, desde a origem, evitando que se tornem adultos", completa o engenheiro.
Primeiro, a lição de casa
Funari recomenda que, antes de comprar um bioinseticida, o consumidor procure conhecer se aquele tipo de formulação tem comprovação científica. "Não temos apenas o baculovírus, outras empresas estão lançando produtos biocontroladores com resultados bons, inclusive para serem aplicados de forma aérea. É uma indústria que está crescendo muito. Esse é o futuro."
No âmbito doméstico, quando o assunto é o combate do mosquito transmissor da dengue, o engenheiro assinala que o caminho é seguir as recomendações básicas do Ministério da Saúde. "Fazer uma recomendação técnica com receitas caseiras é difícil. A primeira coisa a se fazer é a lição de casa: evitar água parada no entorno de onde a pessoa vive."
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