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'Ciclone não é protagonista': o que está por trás da chuva que devasta o RS

Imagem do município de Lajeado, registrada pelo Governo do Rio Grande do Sul nesta terça (5) Imagem: Divulgação/Governo do Rio Grande do Sul

De Ecoa, em São Paulo

07/09/2023 04h00

As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul deixaram mais de 30 mortos e dezenas de desalojados. Especialistas destacam que a tragédia foi causada pela soma de fenômenos diferentes.

Qual a explicação para as chuvas?

A culpa não é do ciclone extratropical, mas da união de diversos fenômenos, segundo especialistas. A chuva começou na região no domingo, antes da formação do ciclone, que logo atingiu a região do oceano, causando menos impacto.

A formação do ciclone extratropical ocorreu ao mesmo tempo da chegada da frente fria, na segunda —mais um elemento que intensificou a chuva na região, segundo Giovanni Dolif, meteorologista do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

O que aconteceu foi que a chuva começou no domingo, antes da formação do ciclone. Desta vez, ele não é o protagonista da história.
Giovanni Dolif, meteorologista do Cemaden

O El Niño fez com que as chuvas ficassem ainda mais intensas, segundo Dolif. Ele acredita que o fator que causou impacto tão devastador teria sido o El Niño. O fenômeno caracteriza-se pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico equatorial.

Moradores e trabalhadores trabalham na limpeza de ruas na cidade de Muçum (RS) Imagem: Diego Vara/Reuters

O aquecimento anormal das águas causa uma série de alterações — na circulação de ventos, distribuição de umidade e na forma como vai chover em diversas partes do mundo. Algumas regiões podem ficar mais úmidas do que o normal, outras muito secas, elevando o risco de catástrofes ambientais.

O El Niño tem uma grande contribuição para que um evento que é típico e comum cause impactos extraordinários. Ele contribui para esse contraste entre o ar quente e a frente fria, além de manter os ventos mais fortes. Toda vez que temos uma perturbação, ela vai ser mais intensa no ambiente por causa do fenômeno.
Giovanni Dolif, meteorologista

Vítimas são resgatadas de casa inundada após chuvas em Passo Fundo (RS) Imagem: Prefeitura de Passo Fundo/Facebook

Outro ponto é a alta umidade na atmosfera. Pedro Camarinha, pesquisador do Cemaden, lembra que, em julho deste ano, o planeta bateu o recorde de temperatura média mais alta já registrada devido ao aquecimento global.

Isso significa, de um modo geral, que tem mais energia na atmosfera, além de mais umidade durante esses eventos. Isso se manifesta em eventos com chuvas mais volumosas e que, às vezes, ocorrem em regiões muito grandes, como aconteceu no Rio Grande do Sul.
Pedro Camarinha

Por que tantas enchentes?

As inundações são consequência da saturação do solo ao longo dos dias, facilitando com que mais água chegue aos rios, explica Pedro Camarinha, pesquisador do Cemaden.

As inundações causaram o desastre. E elas se devem ao fato de boa parte do solo estar saturado devido à chuva ao longo dos dias em uma área muito grande, que se somou a uma chuva mais volumosa durante o domingo e segunda, juntamente com o ciclone.
Pedro Camarinha, pesquisador do Cemaden

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