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Ferramenta usa IA para educar pessoas para combater as mudanças climáticas

Márcio Rodrigues, ecologista e fundador da Bion Imagem: Acervo pessoal/Divulgação

Rebecca Vettore

Colaboração para Ecoa

14/09/2023 04h03

Em pleno inverno, alguns estados brasileiros vivem ondas de calor e a palavra ventania, por exemplo, tem aparecido com frequência nos trending topics das redes sociais. Situações climáticas atípicas têm deixado de ser exceção para ser quase rotina na realidade do país e é preciso entender o que se está passando para poder saber como lidar com esses problemas.

Uma das soluções criadas para auxiliar nessa missão é brasileira e foi apresentada na reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) da agenda de Meio Ambiente orientada ao G20, que aconteceu de 17 a 19 de agosto, na Índia.

A cleantech Bion, uma empresa que desenvolve soluções para incentivar as pessoas que estão combatendo a crise climática no seu dia a dia, criou a primeira ferramenta de inteligência artificial do Brasil orientada à educação climática.

Chamada de ClimAI, a plataforma tem uma série de conteúdos sobre meio ambiente, ciências do clima, natureza, soluções baseadas em pessoas, mobilidade, reciclagem, ESG (sigla, em inglês, que significa ambiental, social e governança e tem norteado a política de sustentabilidade de todas as empresas), além de dicas sobre como consumir de forma consciente e viver com sustentabilidade.

Márcio Rodrigues, CEO, ecologista e Fundador da Bion, explica que a ferramenta usa a api (conjunto de códigos que permite transportar tecnologia para outra plataforma) do ChatGPT, que foi modulado para se comportar como um cientista, um professor.

"É bem acessível para auxiliar as pessoas. O ClimAI é especializado em temas como biologia, ecologia, ciências, meio ambiente, e ele faz parte de um contexto maior, que é o de plataforma de ação climática que estamos desenvolvendo", diz o CEO.

O modelo foi pensado para aproximar cientistas, educadores, terceiro setor e entidades públicas, convergindo para projetos para "pessoas comuns" que estão interessadas em aprender sobre como salvar o clima no planeta.

O executivo diz que, apesar de haver uso de inteligência artificial para tudo, não havia algo ainda acessível na área climática para atender a demanda global.

Há pesquisas dizendo que 90% das empresas do mundo são pequenas. E não havia, por exemplo, uma ferramenta para orientá-las na transição para a economia circular e a sustentabilidade. Criamos essa ferramenta para orientar.

Márcio Rodrigues, CEO da Bion

Impacto global

Márcio Rodrigues na reunião da ONU Imagem: Acervo pessoal/Divulgação

Nascido em Curitiba, Paraná, Márcio Rodrigues, de 49 anos, cresceu no Rio de Janeiro, trabalhou como repórter fotográfico durante 25 anos e sempre gostou de natureza. A migração para a tecnologia e desenvolvimento da plataforma com IA foi inspirada na família e nos acontecimentos recentes do mundo.

Com o nascimento do primeiro filho, há sete anos, o interesse pelas questões climáticas aumentou. Ele passou a acompanhar mais as discussões sobre ESG e reflexões para o futuro. O tema ficou mais sensível durante a pandemia e, junto com outros amigos em fases semelhantes na vida, começou a imaginar algo visando impacto global.

A ideia foi amadurecendo até que, em 2022, ele viu um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, que apontava a necessidade de envolver as pessoas para reverter os problemas. O material reforçava a importância da conscientização por hábitos mais sustentáveis e estimava, como resultado, um impacto de redução entre 40% e 70% das emissões globais de efeito estufa até 2025.

Com tudo isso em mente, nasceu a ideia da ClimAI, partindo do conceito justamente do people based solutions, ou solução baseada em pessoas, para incentivar mudanças nos padrões de comportamento, consumo e estilo de vida.

A educação é um dos caminhos para mudar o comportamento das pessoas. A gente tem que trabalhar para conscientizar as pessoas mostrando o que deve e o que não deve ser feito. Essa é a importância da educação climática, que vai além da educação ambiental, porque precisamos resolver um problema climático.

Márcio Rodrigues, CEO da Bion

Calculadora de carbono

Por enquanto, a ClimAI está em modo beta e com algumas limitações, como uma certa demora para terminar a pesquisa e não voltar automaticamente para a página inicial. Mas a expectativa é de que esses pontos sejam aperfeiçoados para a versão final, prevista para ser lançada no final do mês de setembro.

Márcio Rodrigues explica que essa segunda versão será liberada para utilização de todos os usuários e irá setorizar os assuntos, fornecendo, por exemplo, o cálculo sobre a pegada de carbono tanto para indivíduos quanto para empresas, seja para a organização de eventos, para projetos ambientais ou outras necessidades.

Você vai poder consultar o chat, por exemplo, para saber quanto de carbono você poderá emitir na realização de uma festa. A ferramenta vai calcular a pegada de acordo com o número de convidados, levando em conta o deslocamento de cada um, o gasto de energia dependendo do local escolhido, o tipo de alimentação servida e os resíduos que serão gerados, entre outros pontos. " E o mais importante: dará orientações personalizadas para melhorar as atitudes de cada um diante do planeta", diz o ecologista.

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