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Com ONGs e Minha Casa Minha Vida, energia solar chega a comunidades do Rio

Manutenção nas usinas de energia solar da Babilônia e Chapéu Mangueira, feita pelos próprios moradores da comunidade capacitados no programa de formação profissional da Revolusolar Imagem: Reprodução/Instagram

Luiza Souto

Colaboração para Ecoa, em São Paulo (SP)

04/10/2023 04h00

A luz do Sol nunca gerou tanta energia no Brasil. Um levantamento recente da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) mostra que as usinas de grande porte de energia fotovoltaica ultrapassaram a marca de 10 GW de potência operacional.

O valor é equivalente a mais de 70% da capacidade de produção da hidrelétrica de Itaipu, a maior do Brasil e terceira do mundo.

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Somados aos 22,5 GW da geração solar distribuída, que inclui telhados e pequenos terrenos, essa fonte agora totaliza 32,5 GW de capacidade instalada no Brasil, o que lhe garante o segundo lugar em geração de energia.

E o panorama tende a melhorar ainda mais com incentivos como a lei que estabelece novas diretrizes ao programa Minha Casa Minha Vida, promulgada pelo presidente Lula (PT) em julho último, que prevê o acesso a fontes de energias renováveis em suas unidades.

Entretanto, é importante destacar que é necessário um investimento significativo para aderir à energia solar.

Turma de alunos da Babilônia e Chapéu Mangueira certificados no curso de Comissionamento, Operação e Manutenção de usinas fotovoltaicas, promovido pela Revolusolar Imagem: Reprodução/Instagram

Para reduzir em 95% a conta de luz em uma casa com uma despesa mensal de R$ 300, a instalação de painéis custa R$ 20 mil.

Em comunidades como Chapéu Mangueira e Morro da Babilônia, ambas localizadas no Leme, zona sul do Rio de Janeiro, no entanto, essa realidade já é uma conquista para mais de 30 famílias.

A aposentada Emília Correa Vieira é um exemplo disso. Ela foi uma das primeiras moradoras a receber energia solar de usinas instaladas na Babilônia.

"Pagava R$ 300 de conta porque minha casa é grande e morávamos cinco pessoas. Hoje, pago R$ 150 de luz, e com essa economia, consigo comprar o botijão de gás, que atualmente custa R$ 135", relata.

Mais de 30 famílias beneficiadas

A ideia de introduzir a energia fotovoltaica na Babilônia surgiu em 2013, pelas mãos do belga Pol Dhuyvetter, que na época era dono de dois hostels na região.

Inicialmente, ele investiu em painéis solares para seus estabelecimentos, adquirindo-os por meio de financiamento da AgRio (Agência Estadual de Fomento).

Em seguida, ele convenceu a comunidade de que valia a pena expandir essa iniciativa, o que levou à fundação da Ong Revolusolar em 2015.

Oficina promovida pela Sakofa Sustentabilidade Imagem: Reprodução/Instagram

Além de fornecer módulos fotovoltaicos, a cooperativa oferece treinamento profissional em instalação solar para os moradores e educação ambiental para crianças e adolescentes da comunidade.

Em 2018, por meio de doações, a Ong instalou uma usina no teto da escola comunitária Tia Percília. Atualmente, o espaço é utilizado pela clínica da família e para aulas de violão, gerando uma economia de cerca de R$ 6 mil por ano em despesas de energia.

No início de 2021, a ONG criou uma cooperativa e recebeu 60 painéis solares doados, que foram instalados no telhado da Associação de Moradores da Babilônia.

Equipe da Sankofa instalando painel solar Imagem: Reprodução/Instagram

A energia gerada ali agora atende a 32 casas, e esse número continua a crescer.

Em fevereiro deste ano, o Chapéu Mangueira também recebeu uma usina no espaço de desenvolvimento infantil Dona Marcela, com o objetivo de beneficiar 12 famílias.

Até o final do ano, a quadra poliesportiva e o espaço de capoeira Ngoma, ambos na Babilônia, também receberão equipamentos, com a meta de beneficiar mais de 60 casas.

"Aluno conseguiu R$ 500 num único dia de trabalho"

A cerca de 32 quilômetros dali, no Complexo da Coruja, em São Gonçalo, na região metropolitana, o técnico em radiologia Raphael Ribeiro também está envolvido na capacitação de pessoas da comunidade para a instalação de painéis, por meio da Sankofa Sustentabilidade.

A empresa de engenharia periférica atua na construção civil e eficiência energética.

Quero falar de eficiência energética em forma de capacitação para o consumidor final, que é o pobre sem acesso à energia.

Raphael Ribeiro

Moradora de São Gonçalo, a pedagoga Juliana Garcia participou da primeira turma de capacitação, pois desejava instalar painéis em um espaço que alugou para trabalhar. Hoje, ela é consultora da empresa.

"Já aconteceu de um aluno nosso conseguir R$ 500 num único dia de trabalho".

Um desses alunos é André Luiz de Souza. Há dois anos, ele concluiu o curso promovido pela Sankofa e imediatamente começou a instalar painéis e quadros elétricos, com carteira assinada.

"Consegui fazer uma boa reforma na minha casa e viajei para lugares que nunca imaginaria ir", ele mora na Coruja com sua esposa.

"A energia solar é um símbolo do desenvolvimento sustentável"

Gabriele Oliveira, formada em logística, também aprendeu noções de instalação de painéis, além de habilidades comerciais.

Atualmente, ela é voluntária no projeto, trabalhando no relacionamento com as pessoas e na organização de eventos. "Hoje vejo outras oportunidades por meio da energia solar".

Marina Meloni é cofundadora da Mina Energia Solar e Sustentabilidade Imagem: Reprodução/Instagram

Esse conhecimento também é compartilhado pela geóloga Marina Meloni, por meio da Mina Energia Solar e Sustentabilidade, que fundou em Jacarepaguá, zona oeste, há dois anos.

Além de vender e instalar painéis solares, ela oferece palestras e cursos sobre sustentabilidade em periferias.

Atualmente, ela está desenvolvendo um projeto em uma comunidade quilombola em Búzios, na Região dos Lagos, para fornecer bombeamento de água para agricultura familiar com energia solar.

A energia solar é um símbolo do desenvolvimento sustentável, então quero que minha empresa aproxime a sociedade dessa pauta, para democratizar o acesso.

Marina Meloni

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