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Sustentáveis e inovadoras: 3 iniciativas 'fora da caixa' na área de ESG

Imagem: iStock

Bárbara Therrie

Colaboração para Ecoa

24/10/2023 04h09

Com grande visibilidade no mercado e na sociedade, a agenda ESG vem sendo incorporada por várias organizações. Mas, quando o assunto é inovar nas práticas ambientais, sociais e de governança, algumas empresas avançam mais.

"Gosto de usar a frase 'coragem para liderar'. Inovar em ESG é assumir riscos e ter coragem de liderar as mudanças que são inevitáveis não só em nível institucional, mas também pela sustentabilidade do planeta. A busca pela transparência e confiança será a próxima onda do consumo. É um movimento necessário para o sucesso do futuro", afirma Flora Bitancourt, empreendedora social e especialista em ESG.

A seguir, mostramos algumas iniciativas nessa área que foram muito além do básico.

1. Facilitar venda online do que é sustentável

Laura Motta, gerente sênior de sustentabilidade do Mercado Livre no Brasil Imagem: Divulgação

Lançado em 2019, o "Biomas a um Clique" é um programa do Mercado Livre que impulsiona a comercialização de negócios da sociobiodiversidade, cujo objetivo é capacitar e gerar renda a empreendedores e comunidades locais, facilitando a venda online do que é produzido de maneira sustentável em quatro biomas brasileiros (Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica) —em 2021, a iniciativa se estendeu à Argentina e México.

"Fortalecer esses negócios é contribuir para a preservação desses territórios e de suas riquezas. Por isso, disponibilizamos o nosso ecossistema a serviço dessas organizações", afirma Laura Motta, gerente sênior de sustentabilidade do Mercado Livre no Brasil.

Por meio do programa, as empresas selecionadas recebem capacitação sobre venda online, estratégia multicanal, marketing digital, mentorias individuais, suporte logístico, créditos em publicidade e descontos nas taxas de vendas dentro da plataforma.

A iniciativa também possui uma página exclusiva que funciona como uma vitrine para os mais de 1.000 itens de gastronomia, moda e artesanato distribuídos em diversas categorias.

São produtos como molho de tucupi, caramelo da caatinga, shampoo feitos a partir de insumos da biodiversidade da Amazônia, bolsas produzidas em látex e grafismo indígenas etc. Para dar maior visibilidade, a companhia realiza campanhas e parcerias com influenciadores para tornar os itens conhecidos e gerar demanda.

Atualmente, o Mercado Livre apoia 83 empreendimentos, entre pequenos produtores, empresas, associações e cooperativas. Desde a sua criação, o "Biomas a um Clique" já capacitou 126 organizações, contribuiu para a venda de 50 mil produtos sustentáveis, movimentou cerca de R$ 2 milhões para os negócios da sociobiodiversidade e impactou indiretamente mais de 30 mil pessoas que trabalham e vivem dos recursos dos biomas brasileiros.

Ajudar quem procura por emprego e quem quer contratar

Carlos Pignatari, diretor de impacto social da Ambev Imagem: Divulgação

Com o propósito de combater a pobreza e incluir pessoas em situação de vulnerabilidade econômica no mercado de trabalho, a Ambev lançou o "Bora", projeto de inclusão produtiva que apoia numa ponta quem procura por emprego e, na outra, quem busca por mão de obra e deseja expandir os negócios.

Criado em 2022, o "Bora" é hoje o principal programa social de ESG da Ambev e possui diversas iniciativas, como o "Bora empreender com comida?", que impacta mulheres que trabalham com alimentação. O "Fundo Bora Cultura Preta" impulsiona ações voltadas a economia criativa lideradas por pessoas negras. O "Bora Zé" concede oportunidades para entregadores.

Atuando em três frentes —conhecimento, empoderamento financeiro e conexões—, o programa oferece capacitação, mentorias, cursos gratuitos de gestão, empreendedorismo, marketing digital, incentivos financeiros, bolsa de estudos e microcrédito.

Na parte de networking, dispõe de uma plataforma virtual com vagas de emprego que conecta quem quer trabalhar com quem quer contratar — nesse caso, os mais de 2,7 milhões de bares, restaurantes, fornecedores e outros clientes parceiros da empresa.

No primeiro ano do projeto, o "Bora" impactou mais de 51 mil pessoas gerando cerca de R$ 17 milhões na economia. Em 2023, a meta é chegar a 200 mil indivíduos. Até 2032, a Ambev tem a ambição de incluir produtivamente 5 milhões de brasileiros.

"O 'Bora' é mais do que uma programa que contribui para gerar renda e reduzir a exclusão social, ele dá dignidade e independência para as pessoas. Gosto da definição de um ativista que diz que o Bora é uma roda e a gente coloca a galera dentro para fazer a roda girar", comenta Carlos Pignatari, diretor de impacto social da Ambev.

Conectado com realidade brasileira

Segundo Pignatari, um dos requisitos para trabalhar com ESG na Ambev é conhecer a realidade do Brasil —atualmente a empresa conta com 20 colaboradores que atuam diretamente nessa área.

Para o diretor, o "Bora" é um exemplo de inovação em ESG porque usa o negócio para gerar impacto positivo para a sociedade.

"Inovação está conectado em conseguir usar o crescimento compartilhado do próprio negócio para ajudar o ecossistema, as redes e as comunidades a crescerem. A Ambev só vai crescer se o Brasil crescer também".

Governança transparente

Suelma Rosa, head de reputação e assuntos corporativos da Unilever Brasil Imagem: Divulgação

Com cerca de 400 marcas presentes em mais de 190 países, a Unilever adota a transparência como umas das práticas de governança do ESG. Um de seus maiores projetos internos é gerir os dados para permitir a rastreabilidade das informações que constam nos relatórios de sustentabilidade.

"Quanto maior e mais complexa uma operação como a da Unilever, que está presente em diversos países e tem cerca de 25 mil fornecedores, mais fontes de dados diferentes. Isso porque cada país e cada negócio compra os seus insumos e todos têm que cumprir as mesmas metas. Quem são os donos das informações, quem vai verificá-las e como isso será repassado? Entender a materialidade e fazer reports não são suficientes, só dizer os valores também fica fácil, é preciso ter verificabilidade", aponta Suelma Rosa, head de Reputação e Assuntos Corporativos da Unilever Brasil.

De acordo com Rosa, a rastreabilidade de dados é importante para que a companhia seja auditável, isto é, para que as auditorias externas da Unilever e autoridades públicas tenham acesso e encontrem as informações até a ponta de origem. Os dados da multinacional são publicados no relatório anual global junto com o relatório de resultados, disponível no site da Unilever.

Na avaliação de Suelma Rosa, a Unilever está na liderança e na vanguarda da pauta ESG há duas décadas. "Nós fomos a primeira marca de consumo global a ter um plano de sustentabilidade em uma época muito anterior à constituição da sigla ESG. Já são 20 anos de um DNA voluntário em ESG", afirma.

Ainda segundo a executiva, não existe um núcleo de ESG na companhia, ele é incorporado nos processos de todos os departamentos, incluindo as equipes de comunicação, marketing, finanças, jurídico, entre outros. O mesmo vale para os profissionais que atuam na empresa. Do estagiário ao diretor, todas as posições precisam ter algum elemento das práticas ambientais, sociais e de governança no portfólio.

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