Câmeras especiais flagram onça com jacaré na boca e mais cliques raros
Animais silvestres ameaçados de extinção e inesperados para a região foram flagrados na Reserva Cisalpina, em Brasilândia (MS). O local foi criado como compensação parcial aos terrenos alagados pela CESP (Companhia Energética de São Paulo) e está localizada em uma área de transição entre Mata Atlântica e Cerrado.
As espécies foram registradas por meio de câmeras instaladas no local que buscavam monitorar a readequação à natureza dos mutum-de-penacho. A aparição de espécies ameaças de extinção, neste local específico, surpreendeu os pesquisadores.
"Quando houve o represamento do Rio Paraná para a hidrelétrica, houve a captura dessas aves e muitas delas foram para zoológicos, sobrevivendo e se reproduzindo nesses locais. Agora, estamos fazendo a soltura com todas as adequações necessárias para recuperar a população", explica o biólogo e professor da UFMS Sérgio Roberto Posso, que também é coordenador do Projeto.
"Ao instalar as câmeras próximo do local de soltura para monitorar a readaptação e também os prováveis predadores destes animais, a gente teve uma surpresa. Não esperávamos uma riqueza de biodiversidade tão grande naquele lugar, especialmente de mamíferos."
Segundo um levantamento divulgado pela CESP, desde a criação da reserva, foram identificadas 22 espécies de anfíbios, 12 de répteis, 310 de aves, 92 peixes e 54 espécies de mamíferos, além de 108 espécies de plantas.
Deste total, 21 espécies estão na lista de plantas e animais ameaçados de extinção de órgãos como o MMA (Ministério do Meio Ambiente) e a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza).
Entre as espécies estão a onça-parda, a onça-pintada, o cervo-do-pantanal, o lobo-guará, o tamanduá-bandeira e o jaguarundi.
"Como a diversidade é mais alta do que a gente imaginava, fica evidente que a importância da preservação do local é ainda maior", explica o biólogo. O Projeto de Soltura de Mutum-de-penacho termina neste mês.
Reserva Cisalpina
A Reserva Cisalpina tem 3,8 mil hectares e está em uma área de transição entre Mata Atlântica e Cerrado. "A parte de floresta é bem rara, o que chamamos de floresta estacional aluvial que se forma nos bancos de areia do rio. Ela está praticamente extinta. No Estado de São Paulo só existe apenas 1% dela", explica o biólogo.
Além disso, a reserva ainda apresenta outra particularidade: ela tem formação de paleocanais, uma formação geológica que hoje possibilita a passagem de água. "Isso fez com que a área ficasse muito parecida com o pantanal. Tem a vegetação, mas muita região alagada. Essas características fazem com que a reserva tenha uma grande riqueza de espécies, ainda que cercada por áreas desmatadas."
Segundo a Cesp, as mesmas diretrizes previstas no Plano de Manejo também serão aplicadas nos outros 17 mil hectares de APP (Área de Preservação Ambiental) da companhia que está no entorno da reserva.
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