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Era do gelo: ele viveu com os mamutes, quase foi extinto e hoje se recupera

O antílope saiga Imagem: Yerbolat Shadrakhov/Getty Images

De Ecoa, em São Paulo

20/01/2024 04h05

Com narizes longos e trêmulos e os olhos grandes e expressivos, os saigas são antílopes que vagam pela Terra desde a era glacial, tendo sobrevivido a mamutes e tigres dente-de-sabre. Agora, contudo, só são encontrados em áreas menores no Cazaquistão, Mongólia, Rússia, Turcomenistão e Uzbequistão.

Aproximadamente do tamanho de uma cabra, medindo cerca de 70 cm, os saigas se alimentam de gramíneas, ervas e arbustos. Imagem: Getty Images/iStockphoto

O antílope chegou a ser listado como "criticamente ameaçado" na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Isso porque o número de indivíduos da espécie saiu de um milhão no início da década de 1990 para apenas 6% desse número em 2005.

Seus predadores são lobos, raposas e águias. Além deles, normalmente os sagas são atacados por bezerros. Imagem: Getty Images

Em maio e início de junho de 2015, mais de 200 mil saigas no Cazaquistão morreram repentinamente devido a uma doença respiratória. Um gatilho desconhecido transformou um micróbio natural no nariz do animal em um patógeno virulento, levando à morte em massa.

As pernas dos sagas são surpreendentemente rápidas e sua melhor defesa. Eles podem correr até 80 km/h. Imagem: Ulytautour/Wikimedia Commons

A caça é outra causa do declínio da população de saigas. Seu chifre é vendido e usado na medicina tradicional chinesa. Além disso, a caça do saiga está atrelada à sobrevivência de certas comunidades nômades.

Seus grandes narizes filtram a poeira e aquecem o ar gelado antes de chegar aos pulmões nos invernos. Imagem: Getty Images/Yerbolat Shadrakhov

O destino do antílope esteve intimamente ligado à queda econômica da União Soviética. O colapso da URSS em 1991 resultou no colapso das economias rurais, no desemprego e na pobreza.

Ondas de doenças, em 2003, fizeram com que apenas 6% dos antílopes saiga sobrevivessem no Cazaquistão, na Mongólia, na Rússia e no Uzbequistão. Imagem: Getty Images

A caça do saiga, então, proporcionou uma fonte de renda e alimentos. A fronteira com a China foi reaberta no final da década de 1980 e a procura por chifres aumentou.

Em 2015, mais de metade da população mundial de antílopes saiga foi perdida devido a uma misteriosa doença sanguínea. Imagem: Getty Images/iStockphoto

Semelhante à era soviética, o saiga tornou-se um componente-chave da economia do Cazaquistão. A carne era usada para consumo da população, enquanto os chifres eram vendidos para a China e países do Sudeste Asiático.

Os machos saiga chegam a ter um harém de até 30 fêmeas. Imagem: Getty Images/iStockphoto

Mas com a queda vertiginosa da população do antílope, pessoas se juntaram para mudar esse cenário dentro e fora dos governos.

Uma colaboração internacional entre países onde os saigas circulam, que tradicionalmente consomem produtos de saiga, e outras nações interessadas, levou a um memorando de entendimento em 2006 para conservar a espécie, restaurar o seu habitat e restringir a caça.

Todos os estados de distribuição da saiga fizeram parte da União Soviética ou da China durante a maior parte do século passado. Imagem: Getty Images/iStockphoto

O governo do Cazaquistão adotou medidas ainda mais fortes contra a caça do saiga, incluindo a criminalização da atividade. Além disso, agentes alfandegários também melhoraram a detecção de produtos como os chifres do antílope que saem do país como parte do comércio ilícito.

A Saiga Conservation Alliance, uma rede de pesquisadores e conservacionistas que surgiu em 2006, forneceu financiamento para os guardas-florestais que atuam nas pastagens onde vivem os saigas para que eles consigam atuar na proteção dos animais. Imagem: Getty Images

Por último, o Cazaquistão também designou mais de 48,5 mil quilômetros quadrados de área para o habitat dos antílopes. O resultado de todas essas medidas é nítido. Atualmente, existem 1,9 milhão de antílopes saiga pelo mundo, de acordo com as estimativas mais recentes divulgadas em 2023.

Na China, por outro lado, a espécie do antílope saiga foi extinta na década de 1960. Imagem: Getty Images

Esses novos dados fizeram com que a União Internacional para a Conservação da Natureza pensasse em elevar o estatuto da espécie na Lista Vermelha, de "criticamente ameaçada" para "quase ameaçada".

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