Era do gelo: ele viveu com os mamutes, quase foi extinto e hoje se recupera
Com narizes longos e trêmulos e os olhos grandes e expressivos, os saigas são antílopes que vagam pela Terra desde a era glacial, tendo sobrevivido a mamutes e tigres dente-de-sabre. Agora, contudo, só são encontrados em áreas menores no Cazaquistão, Mongólia, Rússia, Turcomenistão e Uzbequistão.
O antílope chegou a ser listado como "criticamente ameaçado" na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Isso porque o número de indivíduos da espécie saiu de um milhão no início da década de 1990 para apenas 6% desse número em 2005.
Em maio e início de junho de 2015, mais de 200 mil saigas no Cazaquistão morreram repentinamente devido a uma doença respiratória. Um gatilho desconhecido transformou um micróbio natural no nariz do animal em um patógeno virulento, levando à morte em massa.
A caça é outra causa do declínio da população de saigas. Seu chifre é vendido e usado na medicina tradicional chinesa. Além disso, a caça do saiga está atrelada à sobrevivência de certas comunidades nômades.
O destino do antílope esteve intimamente ligado à queda econômica da União Soviética. O colapso da URSS em 1991 resultou no colapso das economias rurais, no desemprego e na pobreza.
A caça do saiga, então, proporcionou uma fonte de renda e alimentos. A fronteira com a China foi reaberta no final da década de 1980 e a procura por chifres aumentou.
Semelhante à era soviética, o saiga tornou-se um componente-chave da economia do Cazaquistão. A carne era usada para consumo da população, enquanto os chifres eram vendidos para a China e países do Sudeste Asiático.
Mas com a queda vertiginosa da população do antílope, pessoas se juntaram para mudar esse cenário dentro e fora dos governos.
Uma colaboração internacional entre países onde os saigas circulam, que tradicionalmente consomem produtos de saiga, e outras nações interessadas, levou a um memorando de entendimento em 2006 para conservar a espécie, restaurar o seu habitat e restringir a caça.
O governo do Cazaquistão adotou medidas ainda mais fortes contra a caça do saiga, incluindo a criminalização da atividade. Além disso, agentes alfandegários também melhoraram a detecção de produtos como os chifres do antílope que saem do país como parte do comércio ilícito.
Por último, o Cazaquistão também designou mais de 48,5 mil quilômetros quadrados de área para o habitat dos antílopes. O resultado de todas essas medidas é nítido. Atualmente, existem 1,9 milhão de antílopes saiga pelo mundo, de acordo com as estimativas mais recentes divulgadas em 2023.
Esses novos dados fizeram com que a União Internacional para a Conservação da Natureza pensasse em elevar o estatuto da espécie na Lista Vermelha, de "criticamente ameaçada" para "quase ameaçada".