Biomesquita ensina sobre animais no TikTok e fez gente perder medo de cobra
Provavelmente você já se deparou com um vídeo de um educador reagindo a outros vídeos de animais se comportando de forma estranha. Quem está por trás desses comentários é o educador ambiental Matheus Silva Mesquita, 27, mais conhecido como Biomesquita. Ele acumula cerca de 10 milhões de seguidores no TikTok, Kwai, Facebook e Instagram.
"A internet está lotada de vídeos, comecei chegando num cara lá dos EUA, que faz um conteúdo muito bom reagindo a vídeos virais de animais. A diferença é que eu não estou fazendo apenas o chamado react, estou explicando o que está acontecendo e isso começou a viralizar muito", diz o carioca nascido em Nova Iguaçu, que começou a gravar em 2020.
"Foi mais de um ano para conseguir de fato conseguir tirar alguma coisa monetariamente dos vídeos. Em 2022, foram anos de muito sucesso nas redes sociais, consegui ter muito êxito e visualizações, hoje consigo tirar um dinheiro que nunca conseguiria tirar como professor de biologia, nem se fosse na faculdade", diz Mesquita.
O jovem já trabalhou como vendedor, tem cursos de educador ambiental e deu aulas em projetos complementares em escolas públicas do seu município. Ainda assim, passou por problemas financeiros e teve dificuldade de conciliar trabalho com as aulas, e chegou a trancar o curso na faculdade.
Agora, está no último semestre do curso de biologia na Unig (Universidade Iguaçu), mas teve uma guinada profissional um pouco diferente da que mirou inicialmente, que seria trabalhar como professor.
A vida de quem está ganhando dinheiro na internet é muito diferente de quem dá aula e ganha um salário mínimo e meio. Eu não acho justo, mas é uma oportunidade que apareceu e eu agarrei, minha família depende de mim e eu sempre fui pobre. Saímos de uma situação de pobreza, mas quero que vejam meus vídeos e entendam. Biomesquita
Didática para salvar vidas
Mesquita comenta vídeos de forma simples e clara e diz ter herdado a habilidade da mãe. Como em uma aula, nas publicações ele explica a importância de animais para o ecossistema, aponta quais fazem parte do topo da cadeia como predadores e a importância de não matar ou perturbar a vida desses seres.
As pessoas que acompanham meu trabalho comentam que perderam o medo de alguns animais. Acho isso muito legal, pois esse temor leva as pessoas a matarem seres que nem sempre são nocivos a nós Biomesquita
É o caso da cobra-d'água (Erythrolamprus miliaris), endêmica dos arredores de uma reserva próxima à casa de Mesquita. "Ela vive nos valões de rios que cortam a cidade, são animais extremamente inofensivos e se alimentam de ratos, que podem ser prejudiciais para nossa saúde", diz Mesquita.
"Os sapos, por exemplo, tenho mais de 100 vídeos falando da importância deles no meio urbano. São bichos controladores de pragas, comem insetos e aracnídeos. Mantê-los vivos reflete no ecossistema urbano e selvagem", continua.
O desmatamento e o aquecimento global também são temas abordados pelo educador ambiental.
Muita coisa pode estar em risco no dia a dia, seja pelo lixo desenfreado ou pela queima de combustível. Ainda há muita anticiência e nos últimos governos uma galera propagava que o aquecimento global era mentira e acreditava no terraplanismo. Biomesquita
Newsletter
NÓS NEGROS
O Núcleo de Diversidade do UOL traz reportagens e análises relacionadas à população negra. Toda terça.
Quero receberResgatando animais silvestres
Das telas para vida real, Mesquita ajuda no resgate de alguns animais nos arredores de sua casa. "Geralmente faço isso mais na casa de amigos, mas eventualmente alguns seguidores que moram próximo já pediram ajuda e fui até lá", diz Mesquita.
Entre os animais resgatados estão serpentes, lagartos teiú, tatus e aranhas. "Alguns são mais calmos, outros mais agressivos", diz sobre os lagartos. "Solto numa reserva de Mata Atlântica. Faço isso de graça e sei que se não fosse, em 100% dos casos esses animais seriam mortos, só pelo fato de estarem ali na casa de alguém", comenta.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.