Experimento: fungos do solo aceleram a decomposição de sacolas plásticas
A decomposição de sacolas plásticas pode variar de acordo com as condições do ambiente onde são depositadas. Uma pesquisa da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) mostra que fungos e outros microrganismos aceleram a deterioração de sacolas plásticas enterradas no solo.
Em três anos na terra, elas têm um nível de decomposição maior do que se fossem imersas em água limpa ou poluída. Os resultados do estudo estão publicados na edição desta sexta-feira (26) da revista científica Matéria.
Como o experimento foi feito
Os pesquisadores testaram a degradação de sacolas plásticas submetendo amostras de plástico, num período de três anos, a condições ambientais em que elas normalmente são descartadas:
- Em imersão em água limpa;
- Água poluída;
- Enterradas no solo;
- Expostas na superfície do solo;
- Em contato com o ar.
Para cada condição ambiental, foram testadas duas amostras de polietileno de baixa densidade de diferentes tamanhos. O termoplástico à base de petróleo é a primeira categoria de plástico produzida pela indústria.
Os pesquisadores analisaram a composição química da água limpa e poluída e do solo e, posteriormente, realizaram testes de tração dos materiais para medir a sua perda de resistência.
O experimento controlado permitiu observar o processo de degradação sem a interferência de agentes externos.
"Nós usamos tecido em forma de tela para proteger as amostras expostas ao ar, regamos aquelas imersas em água. As amostras expostas ao solo receberam terra, e as enterradas no solo também foram submetidas a uma terra sempre recolhida no mesmo ponto", explica o pesquisador da UFMG e coautor do estudo Warlen Librelon.
Após o experimento, as sacolas plásticas enterradas no solo estavam mais flexíveis do que as expostas a outras condições, o que indica um processo de degradação mais acelerado.
Segundo o trabalho, isso pode ser efeito da ação de microrganismos presentes no solo responsáveis por degradar o material e, assim, tornar a estrutura do plástico mais maleável.
Os pesquisadores observaram, também, que os microrganismos e químicos presentes na água poluída não aceleraram o processo de degradação do plástico, com base na resistência à tração.
Para Librelon, os resultados do estudo podem auxiliar na criação de políticas públicas que indiquem as melhores formas de descarte das sacolas plásticas, produzidas e consumidas amplamente desde a década de 1970.
Agora, os cientistas pretendem expandir os estudos a partir da análise das amostras ainda não degradadas. Para Librelon, esse avanço nas análises pode trazer informações sobre a exposição das sacolas em períodos mais longos.
"Teremos dados ainda mais relevantes e que podem ajudar a construir soluções para o descarte e a destinação final das sacolas plásticas", conclui.
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