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Eliminado do BBB, Luigi movimentou discussões sobre termo racista; entenda

Leidy Elin alerta Lucas Luigi sobre termo racista no BBB 2024. Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo (SP)

31/01/2024 12h37

O BBB 24 tem levantado muitas discussões, principalmente sobre questões raciais. Uma delas é sobre o uso de palavras racistas por pessoas negras, que por sinal é bem mais comum do que se pensa.

Uma destas discussões foi impulsionada pelo carioca Lucas Luigi, 28, sexto eliminado do reality, nesta terça (30), com 7,92% dos votos para ficar na casa. No início do programa, ele chamou a participante Leidy Helen, 26, de "macaca".

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Na ocasião, Leidy chamou o companheiro de confinamento para conversar e explicou o quanto ficou ofendida com a palavra. Luigi se desculpou e explicou que usá-la é algo já naturalizado em seu vocabulário, e que não disse de forma maldosa. Poucos dias depois, o "brother" voltou a usar o termo em outra situação.

Durante o Bate-Papo BBB desta quarta (31), Luigi se desculpou pelo uso da palavra e que a conversa com Leidy o fez refletir sobre este comportamento dentro do BBB 24." Não foi legal, estou arrependido e peço perdão", disse.

Destretando o vocabulário

Assunto complexo, o uso da palavra usada por Luigi é tema do Destretando desta semana. Arape Malik aborda o assunto explicando que o uso de tais termos é uma "treta" muito maior do que uso dele em si, e que isso diz muito sobre o nosso país.

Para explicar tudo isso, ele volta algumas casinhas: começa por Darwin, pontuando como sua Teoria da Evolução foi usada por muita gente para justificar, por meio da ciência, a escravidão de africanos. "Marcas dessa época sobreviveram em vários lugares, inclusive na nossa língua!", diz Arape.

Para ele, todos os preconceitos e opressões presentes na nossa sociedade têm um ponto em comum: desumanizar as pessoas. O uso do termo "macaco" ou "macaca" busca desumanizar as pessoas negras por meio da "animalização" delas.

E por que o Luigi, que é um cara negro, usou essa palavra? Tanto Arape quanto Gabriel Nascimento, linguista, autor de "Racismo linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo" e professor da Universidade Federal do Sul da Bahia, são enfáticos: "É o poder do racismo".

O termo "macaco" tanto reflete o grau de absurdo que é uma pessoa negra continuar a se ver ou ser vista como um animal, quanto refrata o seu principal significado social em comunidade
Gabriel Nascimento, linguista

Outros termos mudaram de sentido

Citando o linguista Gabriel Nascimento, que também abordou o assunto do BBB recentemente, Arape aborda que diversos grupos também ressignificaram os sentidos de alguns termos que antes eram pejorativos, como, por exemplo, o samba, que se apropriou da palavra malandro, e o rap, da palavra vagabundo.

No entanto, isso não aconteceu com a palavra macaco. "Não existe em nenhuma comunidade negra nenhum sentimento de orgulho associado a essa palavra!", diz Arape.

Para Arape, ações, situações e palavras violentas estão tão presentes no nosso cotidiano, que não é incomum a gente naturalizar essas violências. No entanto, diz, a violência de parte do racismo não pode ser normalizada, nem por pessoas brancas e principalmente por pessoas negras. "Geralmente a gente faz isso por falta de conhecimento. É por isso que espalhar essas informações é tão importante!", conta.

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