Quem é o artista que está colorindo as ruas de SP com símbolos sagrados
Desde 2020, quem vive na cidade de São Paulo vem se deparando com grandes painéis grafitados, principalmente em arranha-céus na área central da capital, que trazem como característica marcante as sete cores do arco-íris e desenhos inspirados na geometria sagrada, no xamanismo e em espiritualidades como a hinduísta e a egípcia.
Estudante das ciências esotéricas, o artista plástico paulistano Mena passou a colorir a cinza São Paulo com obras cheias de significados que ele garante terem o poder de transformar não só a estética, mas também a energia do lugar onde são feitas. E toda a evolução das obras do artista anda lado a lado com seu desenvolvimento espiritual.
"Eu trago para minha arte a consciência de transformar realmente os espaços públicos. Lugares, muitas vezes, esquecidos e abandonados ganham vida após a intervenção que eu faço, que não se trata só de pintar", diz o artista. "Teve um prédio que eu fiz um painel que tirei quatro caçambas de lixo por conta própria antes de começar."
Mena conta que quando terminou a arte do edifício Garagem da Luz, no centro de SP, toda a avenida foi reformada. Um shopping em que realizou uma exposição também decidiu revitalizar a fachada depois do seu trabalho.
Algumas coisas não têm explicação, mas acontecem. São muitas sincronicidades. Toco meu tambor, acendo minhas velas e faço meus rituais nesses lugares para elevar a vibração do local desde a matéria, através das artes e limpeza, até a espiritualidade através dos ritos.
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Sete cores, sete chacras
O propósito de Mena de elevar a vibração dos lugares onde manifesta sua arte tem sido cumprido a partir de escolhas cheias de significados, como o caso da das cores aplicadas em todas as obras.
As sete cores do arco-íris também representam as cores relativas aos sete chacras, centros energéticos que seguem a coluna vertebral, responsáveis por equilibrar o corpo físico, mental e espiritual das pessoas, de acordo com a cultura hinduísta.
"As sete cores sagradas são um portal. É uma ponte que conecta mundos. A arte é a semente do despertar para a consciência da Mãe Terra. Mesmo que as pessoas não saibam o significado dessa composição e das imagens que eu pinto, elas estão recebendo a força desses símbolos", explica.
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"Tem a flor da vida, que simboliza a unidade, o cubo de Metatron, que traz a força da criação primordial, o nome dos chacras escrito em sânscrito, que é uma língua sagrada, além disso tem os desenhos xamânicos, que representam elementos de poder, como o cocar, o filtro dos sonhos, a fumaça sagrada, e a representação de deuses e deusas como Ganesha e Ísis", continua o artista.
Eu tenho uma missão muito grande de transmitir esses símbolos da Nova Era, da união, na qual olhamos uns para os outros como irmãos, e não como adversários.
Arte, rosquinhas e espiritualidade
O primeiro contato de Mena com a espiritualidade foi quando, aos 16 anos, quando passou por uma experiência mediúnica durante um problema de saúde grave. O muralista conta que, em um centro espírita, sentiu uma forte presença de um espírito, mas não entendeu o que estava acontecendo.
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"Parecia uma obsessão. Fiquei dois meses de cama. Tive uma dor nas costas muito grave que os médicos não conseguiam entender o motivo. Por fim, a presença que eu senti no centro espírita, na verdade, era um anjo da guarda que me levou para as Sete Linhas da Umbanda, onde cheguei aos 18 anos e não sai mais."
A partir daí, ele conta, começou a estudar outros caminhos esotéricos e práticas de autoconhecimento e espiritualidade.
Foi neste momento que entendi que a arte seria uma ferramenta de transformação nas minhas mãos. Então comecei a colocar a espiritualidade dentro da arte e vice-versa.
Antes desse processo, o artista ficou conhecido por espalhar o desenho de rosquinhas por toda a cidade. Foi nesse período que ele ganhou o nome de Mena na arte de rua. Mas, ainda anterior os grafites nas paredes, ele tinha seus cartoons aclamados pelos colegas na faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Belas Artes de São Paulo, onde se formou.
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Em 2020, mais símbolos foram inseridos no universo de Mena quando ele passou a consagrar a medicina tradicional indígena da ayahuasca, o que o levou a se tornar confluente na causa dos povos originários, realizando trabalhos de arte em aldeias em parceria com os povos da floresta.
A última exposição de Mena, chamada União das Cores, foi realizada nos meses de novembro e dezembro de 2023, no Butantã Shopping, na capital paulista. Além de exposições no Brasil, o artista já teve a oportunidade de ter suas obras expostas em países como Alemanha, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Israel, Itália, Portugal e República Checa.
18 comentários
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Geraldo Iajuc do Amaral
Pra quem gosta... pra mim, tudo o que exagera nas quantidades de cores, de contrastes e de saturação (cores fortes, luminosas demais e acrílicas), não é de bom gosto. Fica carregado demais, cansa a vista e enjoa depois de algum tempo. Para envelhecer bem, os espaços públicos e fachadas de residências e comércios precisam ser mais sóbrios e se armonizarem com o seu entorno, o que não é o caso dos locais onde este artista fez intervenções. Um exagero aqui e outro ali até passa e ajuda a quebrar a monotonia, mas espalhar esse monte de cores acrílicas e fortes pra todo lado, não dá.
Adilson Felix Camargo
Mais que top... hors concours!
Célia de Fátima Estender
De fato as obras são incríveis e só de olhar já trás uma paz para quem passa por essas obras em SP, pena que há poucas obras, a prefeitura deveria contratar artistas, muralistas para deixar a cidade mais agradável.