Após criar torneio mirim de surfe, Filipe Toledo lança prancha sustentável
O atleta e surfista brasileiro Filipe Toledo, 28, ganhou as ondas do mundo e detém os troféus do WSL (World Surf League) de 2022 e 2023. Mas é nas águas de Ubatuba, litoral de São Paulo, onde nasceu, que desde 2021 incentiva o esporte e ajuda novos atletas.
Toledo criou o Kids on Fire, campeonato mirim de surfe na região onde cresceu, como uma espécie de gratidão ao lugar que no passado o formou atleta.
"É um circuito que fazemos para as crianças dos 10 aos 16. A cidade me deu muito através do surfe e hoje em dia temos atletas amadores, e já tivemos atletas internacionais", diz.
Crianças no pódio e preservando o mar
Kalani Robles, 14, foi campeão da terceira etapa do evento Kids on Fire, nas categorias sub-16 e sub-14. No ranking geral, o jovem foi o vice-campeão da categoria sub-16 e ficou em terceiro lugar geral na sub-14. Ele pensa em seguir os passos do ídolo, que promove o evento.
"É muito emocionante participar desse evento, pois sabemos que tem muita gente assistindo e dá muita audiência. E claro, queremos representar da melhor forma possível um evento promovido pelo atual campeão mundial", diz Robles para Ecoa.
Para Matheus Jhones, 10, que também participou do campeonato, Toledo também é uma inspiração. "Eu fico muito feliz quando as pessoas falam que tenho o estilo parecido com o dele. Sempre que ele vem competir no Brasil, faço o possível para ir. Ele é muito legal, muito humilde e trata as crianças superbem", diz o pequeno surfista.
Toledo também é embaixador do Pacto Trinacional da Mata Atlântica, projeto que pretende restaurar 15 milhões de hectares de florestas na Argentina, Brasil e Paraguai e uma iniciativa reconhecida pela ONU. O atleta inclui um pouco do que vem aprendendo sobre a preservação da natureza na competição em Ubatuba. As provas levam um museu itinerante dos oceanos, para contribuir com a conscientização ambiental dos participantes e do público.
Tem carcaça de bicho, a parte óssea de tartaruga. É algo bem didático e divertido. Cresci sem essa conscientização que existe hoje para essas crianças, mas aprendi o básico, como recolher lixo da praia. Estamos lidando com natureza e ela faz total diferença na prática do surfe. Filipe Toledo
O pai de Kalani, Eduardo Robles, 52, vê essa preocupação com a natureza desde cedo em seu filho.
"Kaka [Kalani] sempre esteve muito ligado à vida marinha. Quando pequeno, chorava para visitarmos o Projeto Tamar e sempre estava muito preocupado com a limpeza dos oceanos e praias. Quando está surfando, se ele encontra alguma sujeira boiando, traz no bolso da bermuda."
Prancha sustentável
Toledo também lançou, no começo de 2024, a prancha Ecoboard FT77, que usa um material 100% reciclável, feita com EPS resistente —uma espécie de isopor.
O material, que já vinha ganhando espaço na engenharia civil, na construção de casas, agora ganha as ondas. "É sustentável, sem resina ou fibra de vidro na composição, cola ou nada que possa poluir", diz Toledo.
As pranchas podem ser adquiridas por cerca de R$ 600. "É uma prancha um pouco menor, mas comporta um surfista de até 90 kg. É ideal para quem está começando a surfar ou quer curtir um dia de ondas com a família", diz o idealizador.
Para Toledo, essa é uma oportunidade de devolver um pouco do recebido para comunidade do surfe, para a cidade e para as novas gerações, e criar atletas ligados ao meio ambiente. Ele afirma que essa preocupação é como cuidar do seu segundo lar.
O mar é a minha segunda casa, tenho mais horas na água do que em qualquer outro lugar. Filipe Toledo