Branqueamento dos corais coloca em risco comunidades e oceanos, diz WWF
A WWF (Fundo Mundial para a Natureza) disse nesta segunda-feira (15) que o evento global de branqueamento de corais, anunciado hoje pela NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos), terá graves consequências negativas para as comunidades costeiras e para a saúde dos oceanos.
O episódio, abrangendo os oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, significa que vastas extensões de recifes tropicais estão sob estresse severo, com consequências potencialmente devastadoras para populações costeiras e ecossistemas marinhos.
O evento atual de branqueamento de corais, agora em sua quarta ocorrência e segunda na última década, é atribuído a temperaturas oceânicas recordes, uma consequência direta das mudanças climáticas alimentadas por emissões de gases de efeito estufa. O oceano absorve 90% do calor excessivo causado pela queima de combustíveis fósseis.
"Se precisávamos de um caso específico, visual e atual do que está em jogo com cada fração de grau de aquecimento, este é o caso. A escala e a gravidade do branqueamento em massa dos corais são evidências claras do dano que a mudança climática está causando agora. Devemos agir urgentemente para parar de queimar combustíveis fósseis ou perderemos os recifes de coral em todo o mundo, com consequências devastadoras para as comunidades costeiras e a vida marinha", diz Pepe Clarke, Líder da Prática de Oceanos da WWF.
Aproximadamente 850 milhões de pessoas em todo o mundo dependem de recifes de coral para alimentação, emprego e proteção costeira contra tempestades. Eles também fornecem habitat para mais de 25% de todas as espécies marinhas.
Metade de todos os recifes tropicais desapareceu no último século e estamos no caminho para perder até 90% até 2050 de todos os recifes de coral até o final do século, diz a instituição.
Um recife de coral branqueado não está morto, mas está severamente estressado. A recuperação é possível, contanto que se reduzam estressores adicionais, como a pesca excessiva e a poluição terrestre.
Mais importante ainda, eles precisam que as temperaturas oceânicas diminuam. "A crise dos corais é uma crise climática, e a maneira mais importante de lidar com ondas de calor marinhas é parar de queimar combustíveis fósseis", diz Clarke.
A Grande Barreira de Corais, um Patrimônio Mundial da Unesco, está entre as áreas afetadas, enfrentando seu quinto evento de branqueamento em massa desde 2016. Richard Leck, Chefe de Oceanos da WWF Austrália, enfatizou a natureza global da crise, ressaltando que nenhum recife está imune aos impactos das mudanças climáticas.
"O branqueamento de corais acontecendo agora na Grande Barreira de Corais é resultado da onda de calor subaquática global que começou no ano passado no hemisfério Norte. Os recifes de coral na Flórida e no Caribe foram devastados como resultado do branqueamento em 2023. O destino dos corais na Grande Barreira de Corais está no limite - é necessária uma significativa redução da temperatura da água para evitar um resultado semelhante ao do hemisfério Norte", diz Leck.
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