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OPINIÃO

Nobre: 3 milhões de brasileiros em áreas de risco têm que ser removidos

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/05/2024 12h59

Cerca de três milhões de brasileiros que moram em áreas de risco devem ser removidos destas regiões por conta dos riscos de tragédias provocadas por eventos climáticos extremos, alertou o colunista Carlos Nobre no UOL News desta terça (7). O climatologista afirmou que "muitas cidades brasileiras terão que ser desocupadas" ao longo dos próximos anos por conta de desastres naturais.

Tem que se pensar em como encontrar soluções. São milhões de pessoas vivendo nessas áreas de risco. Há muitas populações pobres morando em áreas de encostas, como na região serrana do Rio de Janeiro, nas serras do Mar e da Mantiqueira e em grandes cidades como Salvador e Rio de Janeiro.

A ciência vem trazendo a atenção da emergência climática há décadas. Com esse recorde de 1,5°C mais quente no planeta, todos esses eventos extremos explodiram. Quando baixar o nível dos rios no Rio Grande do Sul, não se pode reconstruir as casas onde elas foram destruídas. Isso não pode acontecer.

Deve haver um mega plano, de centenas de milhões de reais para remover essas pessoas, cujo número deve passar dos 3 milhões. Não tem jeito. Se não fizermos isso, continuaremos vivendo isso com enorme risco. Carlos Nobre, colunista do UOL

Nobre chamou a atenção para os problemas de saúde provocados pelas ondas de calor, algo cada vez mais comum em nosso país.

O que mais leva à morte nos eventos extremos não são deslizamentos ou inundações. São as ondas de calor, que estão explodindo no mundo e matam mais de um milhão de pessoas por ano. Não é retirar pessoas de áreas de risco, mas criar um clima dentro da residência de idosos e bebês, que não leve a essas inúmeras doenças cardiovasculares e pulmonares que têm levado a mortes.

Isso é muito mais uma adaptação do sistema de saúde brasileiro. Estamos muito lentos nesta área, mas também temos que aumentar muito a resiliência das pessoas. Todo ano teremos essas ondas de calor no Brasil. Carlos Nobre, colunista do UOL

Muitas cidades brasileiras terão que ser desocupadas, alerta Nobre

Nobre explicou que o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) está refazendo um estudo para monitorar em torno de 1,9 mil cidades com risco de inundações e deslizamentos. Ele alertou que muitos bairros e até mesmo municípios inteiros podem desaparecer do mapa nos próximos anos.

Muitas cidades [terão que ser desocupadas]. É praticamente impossível manter a população nesses locais, às margens dos rios que estão subindo nesses eventos extremos. É um enorme desafio, com um grande investimento de recursos públicos, em uma escala que o Brasil nunca viu antes. São centenas de milhares de pessoas vivendo nessas áreas de altíssimo risco no Rio Grande do Sul. Carlos Nobre, colunista do UOL

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